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07/02/2012 - 11:07

Soberania – a chave para o brasil tornar-se uma potência econômica

De acordo com Jean Bodin, jurista francês, considerado pai da Ciência Política, soberania é um poder perpétuo e ilimitado, que tem como únicas limitações as leis divina e natural. Apesar de ser um conceito extremo, adequado ao cenário sócio, religioso, político e cultural do momento em que foi desenvolvido, pode-se considerar que a soberania requer um estado forte, com capacidade de manter legítimos alicerces, defendendo preceitos ideológicos e econômicos de agentes externos e internos.

Taiwan era uma ilha no leste do continente asiático administrada pela República da China. Em 1988, acelerou a abertura de seu regime, independente da autorização do partido comunista chinês, e apressou a democratização com eleições presidenciais. Apreensiva, a China sugeriu a unificação sob a fórmula "um país, dois sistemas" (comunismo e capitalismo), recusada pelo governo de Formosa. Em 1996, às vésperas da primeira eleição presidencial direta no país, a China realizou manobras militares no estreito de Formosa e os Estados Unidos deslocaram dois porta-aviões para a região para proteger o país.

A economia formosina cresceu rapidamente, atraindo novos investimentos internacionais e a atenção do governo chinês. Mesmo não reconhecendo oficialmente o regime taiwanês, os Estados Unidos passaram a suprir Taiwan de poderio militar, buscando protegê-la de uma possível invasão chinesa. Ao aumentar seu poderio militar, Taiwan passou a inibir tentativas de invasão chinesa e, ao buscar a soberania através de crescimento econômico e militar, mesmo não sendo uma nação reconhecida pela ONU, vem conseguindo ganhar força no cenário geopolítico.

Mesmo com o rearmamento das forças armadas, Taiwan ainda é extremamente frágil diante da potência militar chinesa, e para inibir possíveis invasões, passou a depender do apoio militar dos Estados Unidos e da França, seus fornecedores de armamento bélico. Países como Kuwait e Taiwan ao tornarem-se dependentes militarmente, visando garantir a soberania, passam a tê-la, porém restrita às regras de sua potência militar defensora. O poder militar não tem como premissa única a realização de guerras. Ser poderoso militarmente é garantir a soberania plena de um povo, de uma nação. Ser forte permite a um país garantir seus interesses junto à comunidade econômica mundial e no cenário geopolítico.

O Brasil encontra-se em uma zona onde há poucos conflitos. Isso gera na população dúvidas em relação à real necessidade de investimentos nas forças armadas. Alguns países estão realizando grandes compras militares e aumentando o potencial bélico. Um exemplo são os investimentos em forças armadas previstos pela Venezuela, na ordem de US$ 60 bilhões até 2020, o que a tornará a mais poderosa potência militar latino-americana, gerando uma corrida armamentista e uma nova realidade político-militar na América do Sul.

Ao escolher, por exemplo, a Rússia como fornecedora de material bélico, a Venezuela já direcionou sua posição geopolítica. Ao estabelecer laços militares com os Estados Unidos, Kuwait e Taiwan pré-estabeleceram quais suas doutrinas comerciais, políticas e ideológicas. Tais procedimentos podem instituir uma série de restrições de um país em seu comércio internacional, portanto ao mostrar-se neutro, uma nação pode manter mais portas abertas, semeando relacionamento e dotando a economia do país de mais prosperidade.

O Brasil vive um momento crucial que poderá definir sua neutralidade no contexto geopolítico, pois está para fazer aquisição de caças para a força aérea. Três nações – Estados Unidos, França e Suécia – disputam a concorrência. O país mais alinhado com a doutrina de neutralidade é a Suécia, que mantém um equilíbrio histórico nas relações com diversas outras nações. Além de ter um dos melhores equipamentos do mercado, a Suécia vem oferecendo transferência de tecnologia sem restrição. Portanto quais as vantagens em se aproximar deste país pela compra deste modelo de aeronave?

Certamente, o primeiro benefício é a percepção de neutralidade. Outro ponto crucial é a aquisição de tecnologia de ponta pela indústria aeronáutica, que poderá usar tais tecnologias para implementação de outros produtos. Este último ponto poderá permitir ao país aumentar seu leque de exportação de produtos de alta tecnologia, melhorando a balança comercial, gerando empregos e ajudando a qualificar a indústria brasileira para que ela esteja entre as mais avançadas do planeta.

O Brasil necessita fortalecer as forças armadas para garantir a soberania e eliminar quaisquer ameaças no crescimento econômico. Ser uma nação militarmente poderosa é um dos quesitos para ser uma economia de primeiro mundo, como mostra a história. Portanto, está nas mãos do governo brasileiro uma decisão que poderá ajudar o país a cunhar seu nome na história da humanidade como uma grande nação.

.Por: Fernando Arbache ,Presidente da Arbache Consultoria, Fernando é Doutor em Sistemas de Informação (COPPE/UFRJ), pesquisador em simulação, jogos de negócios e Inteligência de Mercado; responsável pelo desenvolvimento de sistemas de novas tecnologias em CRM, ERP, e-learning e Business Intelligence. Além disso, é autor do livro Logística empresarial, da editora Petrobras, e Gestão de Logística, Distribuição e Trade Marketing, da Editora FGV. [www.arbache.com.br e www.arbache.blogspot.com].

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