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09/02/2012 - 14:15

Gravidez depois dos 40 anos

Novos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstra que o Brasil possui uma média de envelhecimento da fecundidade próxima aos índices europeus. O número de mães com idade entre 35 e 44 anos cresceu na última década. Semelhante fenômeno está sendo observado com relação à idade das mulheres que buscam tratamento para gravidez com as técnicas de reprodução assistida. Conhecidas como fertilização in vitro (bebê de proveta), representam a forma mais avançada e com as taxas de gravidez mais altas para casais com indicação médica para o tratamento. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), infertilidade é a capacidade de conceber após pelo menos um ano de tentativas sem o uso de métodos contraceptivos.

Por meio de seus registros, a Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (Rede) recebe, a cada ano, os dados dos centros acreditados desde 1990, ano em que a frequência de mulheres com idade superior a 40 anos que se submeteram ao tratamento foi de 8,7%. Essa porcentagem se manteve estável até 1992. A partir daí, ficou em torno de 13% a 14% até 1999. Em 2000, observamos um aumento de 15%, 16% dos ciclos realizados até 2004. Acima de 2005 a proporção tem ficado acima dos 18%. Isso significa que, em um período de 15 anos, a frequência de mulheres que buscaram o tratamento mais que dobrou.

Esse achado pode ser explicado pelo atraso no desejo da maternidade, provavelmente causado pela entrada da mulher no mercado de trabalho. Esse fato, entretanto, pode trazer conseqüências nem sempre fáceis para mulher nessa faixa etária, pois a taxa de gravidez sofre uma queda significativa quando comparada com a observada em mulheres mais jovens. Quando o tratamento foi feito com mulheres até 35 anos, a taxa de gravidez, em 2009, foi aproximadamente de 40%, enquanto que, para mulheres com mais de 40 anos, foi de cerca de 15%.

Essa queda é causada pela redução no número de óvulos e na mudança na sua qualidade. Ambos os fatores são determinados pela idade, uma vez que a mulher nasce com todos os óvulos que vai utilizar durante a vida, sem que haja produção de novas unidades. Assim, muitas vezes, nós, médicos, somos obrigados a indicar outro tratamento: a fertilização in vitro com óvulos doados. Esse tratamento aumenta a taxa de gravidez para valores semelhantes ou maiores do os observados por mulheres com menos de 35 anos. De acordo com os dados da Rede, a taxa de gravidez em 2009 para ciclos de tratamentos com óvulos doados foi de aproximadamente 45%.

Outro dado importante é o aumento significativo no número de ciclos realizados com doação de óvulos. Em 1999, dos 93 centros que reportavam os resultados para a Rede, foram feitos 1.250 ciclos com óvulos doados, 43 centros eram do Brasil. Em 2004, esse número passou para 3.000 ciclos em 117 centros da América Latina, sendo 48 no Brasil. Na última publicação do registro, relativa a 2009, foram feitos 6.000 ciclos com doação de óvulos, em 135 centros, sendo 54 no Brasil.

É fundamental que as mulheres que desejam retardar a maternidade saibam das possíveis consequências nas chances de gravidez. É preciso conhecer as opções e limitações dos tratamentos disponíveis, para não se criar uma falsa ideia de tratamento, que posteriormente não vai preencher as expectativas, levando a novas frustrações. O ideal é que as mulheres com desejo de maternidade evitem adiar a gravidez. Uma alternativa que vem sendo utilizada com sucesso nos últimos anos é a preservação da capacidade reprodutiva com o congelamento de óvulos, para posterior uso, se necessário. O mais importante é usar as informações para uma melhor conscientização das mulheres.

.Por: Dr. Selmo Geber – Diretor Regional da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (Rede) e Professor Associado do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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