Trabalho científico traça perfil social do motociclista e propõe ações para reduzir acidentes nas rodovias

Premiado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, estudo mostra que as condições sociais dos motociclistas são causadoras de falhas humanas.

Obter informações sobre o perfil social dos motociclistas e propor ações para a redução de acidentes nas rodovias. Este é o objetivo do trabalho científico “Diante do perfil social do motociclistas que utiliza rotineiramente um trecho de rodovia, o que podemos fazer para reduzir o número de acidentes motociclísticos?” premiado pela ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), durante o VII Congresso Brasileiro e V Latino-Americano sobre acidentes e medicina de tráfego, realizado de 5 a 8 de setembro, em Porto Seguro-BA.

“O acidente motociclístico representa 17,4% do total de acidentes com vítimas nas rodovias estaduais paulistas entre os anos de 2000 e 2003. Acredita-se que a redução de acidentes está relacionada com a responsabilidade humana e não às boas condições das rodovias”, destaca a médica Josiene Germano, autora do trabalho junto a outros seis profissionais.

Para a elaboração do trabalho, foi feita uma pesquisa com 220 motociclistas durante a campanha Viva Motociclista realizada pela concessionária Intervias – OHL Brasil na Rodovia Anhangüera, no município de Leme, em julho de 2006. Também foram entregues adesivos refletivos para motos e capacetes, além da revisão e troca de lâmpadas e correias dos veículos quando necessário.

Os resultados obtidos mostram que 45,9% dos motociclistas utilizam o veículo com a finalidade de condução ao trabalho e 58,6% das motos são de 125 cilindradas. A maioria dos condutores utiliza os equipamentos de proteção individual, porém não possuem o elemento refletivo. “Todos os motociclistas abordados utilizavam capacete, mas nenhum possuía o adesivo refletivo na traseira da moto e 57,73% também não tinham o elemento refletivo no capacete. Das jaquetas inspecionadas, apenas 13,64% contavam com o refletivo”, afirma Dalton Guerra Lage, um dos autores do trabalho e gerente de tráfego da Intervias.

Após a análise dos dados obtidos, os autores chegaram à conclusão de que as condições sociais verificadas entre os motociclistas são causadoras de falhas humanas e as campanhas de conscientização são medidas eficazes na prevenção e redução de acidentes envolvendo motos nas rodovias. De acordo com as informações levantadas, nos seis meses após a campanha Viva Motociclista houve uma redução de 27% no número de acidentes com moto em um trecho de 82 quilômetros da Via Anhangüera, em comparação com os seis meses anteriores à campanha.

O professor de medicina legal e bioética do CEMEL (Centro de Medicina Legal) da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, Marco Aurélio Guimarães, fala sobre a importância de um trabalho científico como este: “A obtenção de dados detalhados pode permitir a elaboração de medidas preventivas efetivas e evitar novos acidentes”, diz Marco Aurélio, também autor e orientador do trabalho.

Trabalho científico em formato de pôster, com título: “Diante do Perfil Social do Motociclista que utiliza rotineiramente um trecho de rodovia, o que podemos fazer para reduzir o número de acidentes motociclísticos?”

Autores:Josiene Germano – Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto; Médica credenciada do Detran de Ribeirão Preto e Coordenadora Médica da Intervias.Leandro Germano – Médico da Intervias. Gustavo Germano – Médico credenciado do Detran de Ribeirão Preto. Elvis Ricardi Granzotti – Coordenador do Centro de Controle Operacional da Intervias. Aida Diléa Stringuetti – Enfermeira responsável técnica da Intervias. Dalton Guerra Lage – Gerente de tráfego da Intervias. Marco Aurélio Guimarães – Professor do CEMEL (Centro de Medicina Legal) da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e orientador do trabalho.

Foto: O médico Fábio F.F. Racy, presidente da Abramet, discursa durante a cerimônia de premiação dos trabalhos