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Turismo e indústria cinematográfica Utilizar o cinema como poderoso meio de promoção de um destino turístico

Participaram da mesa alguns dos principais produtores e agentes do mercado cinematográfico do mundo. "Além de fazer a promoção dos destinos turísticos, o cinema proporciona a afirmação da identidade nacional, tão fundamental para qualquer país", defendeu Pedro Wandler, moderador do debate e diretor de Relações Internacionais do Turismo do Ministério do Turismo.

Lindsay Shelton, membro da Film Comission da Nova Zelândia, afirmou que o país sempre teve vocação para o turismo, mas nada que se compare ao fluxo de visitantes após o sucesso da trilogia de "O senhor dos anéis" e "King Kong". "Em 1983, recebemos cerca de 500 mil turistas. Esse número atualmente passa de 2,5 milhões e nossa previsão é chegar a 3 milhões de visitantes daqui a seis anos", afirmou.

Shelton ressaltou que o relevante crescimento de turistas na Nova Zelândia não é uma tendência passageira de mercado, mas sim resultado de um planejamento a longo prazo, fruto de parcerias com o setor audiovisual. "Durante 75 anos os neozelandeses só viram filmes de Hollywood nos cinemas. Não tínhamos opções. Nas décadas de 40 e 50 apenas cinco filmes se passavam na Nova Zelândia, enquanto que hoje esse número passa de 40", argumentou ele.

A busca neozelandesa por novos turistas nas salas de cinema ganhou um empurrão definitivo com o filme "O Senhor dos Anéis", do cineasta Peter Jackson, um dos dez filmes de maior sucesso da história do cinema. "Investimos cerca de 5 milhões de dólares nessas produções e o retorno estimado é de 1 bilhão de dólares. Esse é, seguramente, o melhor negócio da história do audiovisual", comemorou Shelton.

No ano em que "O Senhor dos Anéis" foi lançado, 2001, a Nova Zelândia recebeu 1,9 milhão de turistas. Três anos depois, esse número já era de 2,5 milhões. "De 2003 a 2005, recebemos pouco mais de 4 milhões de turistas. Destes, 3,8 milhões ouviram falar do filme e 2,6 milhões assistiram o filme de Peter Jackson. E o mais impressionante: 240 mil visitantes afirmaram que foram à Nova Zelândia estimulados por "O Senhor dos Anéis" , enumerou. A estratégia neozelandesa estimula não só a produção, como também o marketing e a exibição do filme. "No ano em que o filme participou de todos os festivais cinematográficos coreanos, tivemos um aumento de turistas provenientes da Coréia de 29 mil para 107 mil", exemplificou Shelton.

Apenas nos três primeiros meses de exibição, "O Senhor dos Anéis" teve mais de 50 milhões de espectadores nos Estados Unidos e Canadá e 5,5 milhões nos 10 primeiros dias de lançamento no Japão. "Nenhuma campanha de marketing poderia fazer melhor", comparou Shelton. A principal conseqüência do fomento à indústria cinematográfica na Nova Zelândia são dois indicadores econômicos: 9% da força de trabalho do país estão ligadas ao turismo e 7,4 bilhões de dólares são arrecadados anualmente, fruto da indústria do cinema.

Michael Cleweley, membro do Visit Britain, órgão de promoção do turismo britânico, afirmou que 40% dos turistas que visitam a Grã-Bretanha o fazem após assistir alguma produção cinematográfica cuja locação se passa no país. "Isso significa 130 milhões de pessoas anualmente, o que acarreta uma arrecadação de 3,3 bilhões de dólares", afirmou Cleweley, completando que a Grã-Bretanha responde por 14,3% da participação do mercado mundial.

O membro do Visit Britain citou dois casos exemplares para a indústria turística inglesa: os filmes "Orgulho e Preconceito" (2005) e "Harry Potter" (2001). "Com "Orgulho e Preconceito", tivemos um incremento de 76% de turistas em Basildon Park, uma das locações do filme. Além disso, foram publicadas cerca de 70 matérias sobre as locações em países estrangeiros, o equivalente a 7 milhões de dólares em mídia espontânea", contabilizou Cleweley. As locações de Harry Potter tiveram um incremento de turistas de cerca de 20%.

Cleweley definiu as filmagens e o lançamento de "O Código Da Vinci" como a maior campanha de turismo cinematográfico do mundo. "Cerca 90% das pessoas tinham conhecimento do filme antes mesmo de ele ser lançado. Isso é um feito inédito", apontou. Segundo ele, a Inglaterra se beneficiou do filme porque houve um desdobramento regional do turismo. "Outras cidades, perto de Londres, passaram a ser procuradas e entraram no roteiro dos turistas", explicou.

A estratégia de divulgação das cidades que serviram de locação para "O Código Da Vinci" (o que incluiu a visita de 200 jornalistas estrangeiros) surtiu efeito: o Museu do Louvre, em Paris, bateu seu recorde de visitação com 7,3 milhões de pessoas em 2005, e a Temple Church, em Londres, teve sua freqüência de turistas quintuplicada.

Bill Lindstrom, diretor-executivo da Associação Internacional de Film Comission, fez uma apresentação intitulada "Como atrair filmes que atraem turistas para a sua região". Ele afirmou que o papel da Associação que dirige é transferir conhecimento aos realizadores de cinema e identificar os incentivos de cada país ou região. "Não vendemos produtos tangíveis, apenas trocamos informações", resumiu ele. Lindstrom anunciou a realização da próxima edição da feira Locations Trade Show, a principal do setor. O evento será sediado na Califórnia, em abril de 2007.

"Este painel nos deixa a lição de que não basta fazer a prospecção de filmagens. É preciso dar apoio em toda a produção; de sua elaboração ao lançamento. É graças a esse trabalho que África do Sul, Tailândia e França arrecadam anualmente mais de 300 milhões de dólares com o turismo proveniente do cinema. O Brasil está no caminho certo para se inserir nesse cenário mundial e atingir os bons resultados da Inglaterra e Nova Zelândia", afirmou Pedro Wandler. Completando a mesa, o cineasta Cícero Aragon e a secretária de turismo de Porto Alegre, Ângela Baldino, que atuou como presidente do debate. | Por AE

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