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29/02/2012 - 10:18

A volta do atendimento Psiquiátrico


A demanda é enorme e a desassistência é flagrante. Por isso, a criação de serviços especializados de cuidados intensivos podem ajudar a minorar problemas.

Na tentativa de desinstitucionalizar os doentes mentais, o Brasil foi mais uma das vítimas de um experimento social malsucedido do século XX. Para fazer isso, os responsáveis pelas políticas públicas de saúde mental do país nos últimos 25 anos fecharam mais de 80% dos leitos psiquiátricos tradicionais e nada, ou quase nada, fizeram para substituí-los por Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais - o que poderia ser a grande saída para resgatar a população com doenças mentais, como os transtornos de humor do tipo da depressão.

Algum espanto? Sim, a depressão é uma patologia psiquiátrica que faz parte da classificação internacional das doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) e preocupa a Organização já que está em constante ascensão e deve assumir o segundo lugar de incidência entre todas as doenças que acometem o ser humano.

As entidades se comprometeram em desospitalizar, substituindo o leito psiquiátrico por outras modalidades de atendimento e, nos casos realmente necessários, substituir os leitos dos grandes hospitais por leitos em hospital geral e em pequenos hospitais psiquiátricos. Era a autodenominada Reforma Psiquiátrica. O resultado foi lastimável.

Destruíram os grandes hospitais. Diminuíram drasticamente o número de leitos psiquiátricos, e, ao que me consta, não se criaram os tais leitos em hospitais gerais no Brasil. Enquanto isso, a população em geral cresceu e não menos cresceu o número de pacientes necessitados de atendimento, inclusive hospitalar. É claro: só não cresceu a oferta de tratamento. Como costuma acontecer, uma revolução a custo zero!!!!

Também nada foi decidido no que diz respeito a outros equipamentos que pudessem dar conta da demanda por atendimento dos pacientes com várias modalidades de distúrbios mentais, como por exemplo, esquizofrenia; alcoolismo; dependências químicas (crack e outras drogas) ou transtornos do comportamento alimentar, entre outros, que também poderiam ser atendidos nessas unidades de internação, em ambulatórios, pronto socorros ou centros de reabilitação de Hospitais Gerais. Ouvimos que uma primeira unidade está em fase de criação na capital paranaense. Esperemos que em boa hora se materialize!!!!!!

Quem salva os nossos pacientes? Pode até não parecer, mas eles, mesmos doentes, não estão interessados em ser salvos. Esperam apenas que os tratem, lhes devolvam um estado o mais próximo do anterior, para que possam decidir o que querem e o que precisam, ou o que não querem e o que não precisam. Enfim a um estado que os salvem dos "salvadores".

A demanda é enorme e a desassistência é flagrante. Por isso, a criação de serviços especializados de cuidados intensivos como as unidades em Hospital Geral, sejam estatais ou privados, e de pequenas, mas essenciais, clínicas como a UNIICA – Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida, de Curitiba (PR) - podem ajudar a minorar esses problemas.

A UNIICA é uma unidade de cuidados intensivos para pacientes com transtornos mentais agudos. Ela difere dos simples leitos dedicados (mas sem estrutura de Unidade psiquiátrica) em hospitais gerais e nos hospitais psiquiátricos tradicionais, pois tem ambientes e recursos humanos e técnicos especialmente dedicados ao manejo desses estados agudos. Atende pacientes particulares, como se encontra em países desenvolvidos, para estadas de curta duração, não se confundindo com serviços dedicados a pacientes com necessidades de internação de longa duração. É, entendemos, um serviço especialmente útil para o manejo de crises e ajustes terapêuticos que não possam ser realizados em ambulatório/consultório.

Dr. Elio Luiz Mauer, é médico psiquiatra, diretor técnico da UNIICA – Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida, de Curitiba (PR).

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