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01/03/2012 - 09:23

Mundo em crise – A libertação e o abandono de uma sociedade

Livro trata do agigantamento do mercado financeiro na economia contemporânea.

O mercado financeiro se tornou algo mais expressivo economicamente do que um elemento de intermediação entre depósitos e investimentos, passando a exercer papel importante na determinação dos níveis de crescimento e na composição da renda.

A riqueza agregada de um país e o seu desenvolvimento não estariam apenas circunscritos ao ambiente produtivo onde se encontra alocado o trabalho, mas passariam a contar com outros elementos relacionados ao mercado financeiro.

Assim sendo, o trabalho pode ter se adequado, em certa medida, às formas tradicionalmente apresentadas pelos sistemas financeiros, perdendo a característica de mercadoria e assumindo a forma de um título negociado no mercado aberto: fragmentado, flexível e volátil.

Embora a relação entre o dinamismo da economia e as estruturas financeiras seja um problema analítico negligenciado após a Segunda Guerra Mundial, recentes avanços e transformações assumidos pela sociedade ao final do século XX, contribuíram para o ressurgimento do tema.

Os temas relacionados à ampliação das variáveis financeiras e participações nos níveis de crescimento econômico têm levantado, de forma acentuada, o interesse de autores contemporâneos.

O período analisado, no livro Mundo em crise, entre 1970 e 2000, se encerra a menos de uma década. No entanto, a conjugação de fatos históricos relevantes levou a uma vasta literatura sobre mudanças estruturais inauguradas nessa ocasião.

Tal periodização se justifica na medida em que a história dos trinta anos após 1970 marcou o fim da “Era de Ouro”, regida pelas políticas econômicas keynesianas, e o ressurgimento de movimentos próximos ao liberalismo clássico. O referido período corresponde à transição de um tempo de crise, de um sistema baseado em vastas estruturas industriais, com a intervenção do Estado na economia, para um sistema desregulamentado, apoiado em estruturas de produção compactas e inovadoras.

Mundo em crise foi dividido em cinco partes, para permitir ao leitor uma visão progressiva das transformações econômicas ocorridas desde a década de 1970 e das estratégias utilizadas pelas nações desenvolvidas, a fim de recuperar os volumes disponibilizados pelo mercado de trabalho e os níveis de crescimento econômico.

De início, são apresentados os antecedentes históricos relevantes ocorridos entre os anos de 1970 e 2000, essenciais para o desenvolvimento de uma nova organização social que iria se configurar neste início de século XXI: as crises do petróleo, a queda do Bloco Soviético, o advento da política neoliberal, uma nova arquitetura de produção e o processo transformação das relações de trabalho.

Na sequência, é analisado o comportamento e o nível de endividamento assumido das economias mais desenvolvidas à época, por meio da separação em dois conjuntos, um com escolha de medidas econômicas liberalizantes, e outro baseado na manutenção das práticas empregadas pelos “welfare regimes”, essas duas categorias são comparadas em seus respectivos desempenhos econômicos e nos reflexos sobre a produção e o trabalho.

A pesquisa apresentada na obra analisa, ainda, minuciosamente, a evolução econômica ocorrida nos Estados Unidos, ao final do século XX, as estratégias e instrumentos utilizados para a recuperação nos processos de crise e a manutenção dos níveis de crescimento econômico para a consolidação de um status de liderança.

Por fim, é examinada a possibilidade de que a importância assumida pelos métodos de intermediação financeira no processo de composição dos níveis de renda e de riqueza agregada na economia contemporânea sejam definitivos e não uma escolha política, cabendo a sociedade buscar mecanismos de acomodação e de proteção dentro deste novo contexto.

As considerações finais indicam que as inovações financeiras impostas ao final do século XX alteraram significativamente a liquidez e a velocidade do sistema financeiro. Determinaram novas técnicas de pagamento e outras formas de poupança e investimento, alterando a elasticidade da demanda, e tornaram o papel-moeda algo acessório em transações de pequeno porte.

Sob essa velocidade e liquidez, organizações políticas e burocráticas não possuem acesso ou o controle requerido devido a questões estruturais. Estarão sempre vulneráveis a procedimentos ilícitos ou se mostrando surpresas diante da irracionalidade dos processos econômicos.

De outra forma, as mudanças na economia ao final do século XX, baseadas em boa parte na ênfase em sistemas de alta tecnologia e melhores fluxos de comunicação, podem indicar como utópica a possibilidade de que sistemas políticos e institucionais burocratizados, como governos e sindicatos, tenham a capacidade de exercer qualquer controle real e duradouro sobre a nova dinâmica do mercado.

Nenhuma das estruturas citadas é capaz de suportar os custos e a agilidade dos atuais processos econômicos, se não através de formas lentas, corrompidas e obscuras.

O final do século XX propôs, novamente, à sociedade, o desafio de viver sob formas econômicas liberais, cabendo ao mercado, dentro do novo cenário, impor as restrições necessárias para a sua própria sobrevivência.

Com alguma esperança e um pouco de sorte, pode-se imaginar que as formas atuais de liberalismo econômico, embora tenham sido deixadas a cargo de saqueadores, em um primeiro momento, têm evoluído ao ponto de nos libertar de estruturas que impõem uma subordinação política e corporativa, e que não só imobilizam o distanciamento entre classes, como também perpetuam formas ultrapassadas de relacionamento entre líderes e comandados.

Capítulo I: aborda as principais transformações históricas ocorridas, dando ênfase as variações nos volumes de riqueza gerados pelas economias e as mudanças ocorridas no mercado de trabalho, ao final do século XX.

Capítulo II: Aprofunda o estudo das transformações ocorridas ao final do século XX, observando especificamente a amostra dos sete países capitalistas mais desenvolvidos do mundo ao final do século XX, denominados Grupo dos Sete (G7).

Capítulo III: Está voltado à análise de um único elemento dentro da amostra representada pelo Grupo dos Sete Países Mais Desenvolvidos do Mundo (G7), entre os anos de 1970 e 2000. A escolha não se faz pela sua magnitude e representatividade econômica, mas pelo seu comportamento diferenciado no período.

O destaque se concentra na agilidade de seus indicadores econômicos e na capacidade de adaptação do mercado de trabalho a uma nova estrutura e contexto, cujos resultados, aparentemente exitosos, reforçaram, por um lado, sua condição de liderança, e, por outro, tornaram usual o emprego de terminologias relacionadas à irracionalidade e exuberância, como forma de interpretação daquilo que era observado, mas que não poderia ser explicado de maneira lógica e estrutural. As informações disponibilizadas neste capítulo demonstram variações ocorridas nos níveis de produção e trabalho junto ao mercado norte-americano, suas principais características e as ocorrências históricas relacionadas a cada movimento.

Capítulo IV: Está focado na revelação das formas e instrumentos utilizados pelo mercado norte-americano para suportar repetidos movimentos de crise e recessão ocorridos desde 1970.

Em meio à amplitude e à velocidade dos movimentos ocorridos a partir de ambientes desregulamentados e liberais, em que medida o interesse econômico esteve voltado à superação da crise e à alavancagem consecutiva dos resultados?

Assim como na mágica, as relações desenvolvidas ao final do século XX parecem se dividir entre o encantamento e a agilidade da transformação, ou a alternativa de revelar o truque, desfazendo o ciclo de entusiasmo crescente e coletivo.

Capítulo V: O capítulo segue com o aprofundamento das informações e análises relativas ao processo de alavancagem dos fluxos financeiros no mercado, agora especialmente relacionadas à determinação dos valores mobiliários, expressos através das ações de companhias abertas negociadas no mercado de capitais.

Consequentemente, há, no transcorrer desta abordagem, pesquisas relacionadas ao nível e à confiabilidade das informações disponibilizadas aos investidores.

Entre outras avaliações, o leitor pode analisar o nível de capitalização bursátil, assim entendido como a relação entre os valores considerados no mercado aberto e aqueles obtidos através da economia real.

Em complemento, são apresentadas as variações ocorridas no orçamento público norte-americano, entre os anos de 1970 e 2000, destacada a mobilidade dos volumes entre períodos de déficits históricos e superávits vigorosos, dentro de um perfil de volatidade próximo daqueles níveis permitidos apenas em fluxos líquidos de baixo comprometimento com o longo prazo.

Por fim, são apresentados os argumentos que buscam sustentar a hipótese defendida na obra, fundamentalmente relacionada à necessidade e à irreversibilidade do processo de aprofundamento dos mecanismos financeiros na promoção do desenvolvimento econômico ao moldes dos desafios propostos ao final do século XX, resguardados os padrões éticos de intermediação dos interesses.

A autora -Claudia Kodja é formada pela Fundação Getúlio Vargas e doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Possui mais de 20 anos de experiência profissional na gestão de investimentos no mercado brasileiro e internacional e atua profissionalmente como sócia da Kodja & Company, uma gestora independente focada no desenvolvimento de estratégias no mercado de capitais. Como pesquisadora, se dedica ao estudo do desenvolvimento dos serviços financeiros na economia contemporânea e suas implicações na relação entre Estado e Sociedade.

.[Mundo em crise – A libertação e o abandono de uma sociedade | Editora: Almedina |Autora: Claudia Kodja |212 Páginas | Preço:R$ 47,00].

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