Os desafios do sistema financeiro nacional para 2012

O ano de 2012 marcará o sistema financeiro nacional pela inadimplência elevada e menor crescimento de seus ativos. Renda e emprego crescerão mais lentamente. As empresas terão necessidades crescentes de capital de giro para financiar estoques mais altos e vendas mais baixas. Portanto, investidores e bancos deverão construir seus ativos de modo cauteloso em relação a setores ligados ao consumo: alimentos, construção civil, imóveis, indústria, entre outros. Flutuações econômicas e ambientes de crescimento moderado costumam penalizar, no curto prazo, empresas desses setores.

Mesmo no restritivo ambiente internacional, o setor de commodities deve permanecer ativo, porém, amargando níveis de preços mais baixos que os do ano anterior. Convém ter em conta que o Brasil tem registrado uma nova geografia de seu desenvolvimento. Norte, centro-oeste e o próprio nordeste têm inspirado o crescimento dos canais de distribuição de algumas empresas. A expansão geográfica das atividades empresariais pode desconcentrar riscos, reduzindo a dependência dos mercados tradicionais do sudeste e do sul.

Períodos de menor crescimento podem ser apropriados para novos movimentos de fusões e aquisições. Sobretudo, porque o crescimento orgânico no Brasil dependeria de uma expansão econômica mais forte e de políticas mais agressivas de distribuição da renda. Empresas capitalizadas vão se deparar com boas oportunidades no mercado nacional.

Agora em 2012, toda indústria financeira terá que acentuar esforços de redução de seus custos operacionais, e promover expansões de seus respectivos shares para garantir os regimes alcançados no passado de economias de escala. Os custos estruturais dos bancos brasileiros ainda são altos, se comparado aos custos de bancos no exterior. Todos os grandes players estarão empenhados na preservação ou melhoria dos índices de qualidade de seus respectivos ativos.

Novos bancos asiáticos entrarão no Brasil nesses próximos momentos. Coreanos e chineses já satisfizeram os requerimentos do Banco Central. Inicialmente, disputarão as operações ativas e de comércio exterior nos clientes asiáticos instalados no Brasil. Em prazos mais longos, esses bancos oferecerão com maior ênfase os produtos de wealth management, dirigindo-os a executivos e empresários pertencentes à colônia de suas respectivas nacionalidades. A arma fundamental para essa expansão será o crédito, cuja remuneração parece a eles muito atraente.

Os bancos médios e pequenos terão agravadas suas condições para obtenção de fundings. As fontes são mais escassas e os preços voltarão a subir. Fusões nesse segmento podem aliviar essas pressões. Sem dúvida, o Banco Central será chamado a socorrê-los por meio de medidas que lhes forneça maior liquidez. Por outro lado, alguns desses bancos podem revelar-se interessantes para aquisições por bancos de maior porte. Subtraídos das economias de escala, a sobrevivência desses bancos ficará dependente de esforços bem sucedidos de segmentação de mercado e de especialização de sua atuação em segmentos eleitos.

. Por: Celso Grisi, diretor presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, empresa especializada em pesquisas financeiras. | Perfil: Fractal – Forma, Acaso e Dimensão: Empresa 100% nacional, com mais de 20 anos de atuação no mercado brasileiro, figura entre as melhores empresas de pesquisa e consultoria de negócios do Brasil. A Fractal é especialista em pesquisas de mercado, tratamento de informações, treinamento (transferência de know-how) e desenvolve anualmente os Painéis da Indústria Financeira – P.I.F., que analisam a movimentação do setor no Brasil. Tradicionais, os painéis apuram dados que vão desde a imagem institucional dos bancos pesquisados até a avaliação dos produtos oferecidos/lançados, a seus clientes “Pessoa Jurídica” e “Pessoa Física”, comparando resultados de diferentes instituições em todo território nacional, ao longo do tempo.