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18/09/2007 - 11:15

Centro de Bioequivalência atesta qualidade de genéricos

A dúvida, às vezes, bate no balcão das farmácias e, até mesmo, na hora das prescrições médicas: Qual deles terá o melhor custo-benefício, o medicamento de referência ou um genérico? O Ministério da Saúde adverte que os genéricos podem substituir os medicamentos de referência, sem problema algum, visto que, os rigorosos testes realizados pelos Centros de Bioequivalência, habilitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), garantem o registro apenas de genéricos que apresentem a mesma eficácia e segurança dos originais.

Programa de Biofarmácia e Farmacometria (PBF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Mas como são realizados estes testes? O IVFRJ On Line convidou o professor José Carlos Saraiva Gonçalves, coordenador do Laboratório de Farmacometria (LabFarma) - uma das unidades do Programa de Biofarmácia e Farmacometria (PBF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - para explicar as etapas que englobam os estudos de bioequivalência de genéricos.

"A Política de Medicamentos do Ministério da Saúde teve um impacto positivo significativo, no ensino da Farmácia, muito mais do que qualquer projeto do Ministério da Educação. Valorizou disciplinas com a Biofarmácia e proporcionou ainda uma ampliação para o mercado de trabalho dos farmacêuticos na indústria", avalia o professor Saraiva.

Centro de Bioequivalência Universitário -Para garantir a implementação do Programa de Medicamentos Genéricos, o Ministério da Saúde precisou ampliar a capacidade analítica do país na área de bioequivalência e decidiu investir nos Centros Universitários. O Programa de Biofarmácia e Farmacometria (PBF) faz parte deste projeto e, desde 2003, é autorizado pela Anvisa a realizar testes para fins de registro dos genéricos. O PBF é composto por quatro unidades que, de forma colaborativa, realizam a cadeia completa de testes necessários para se comprovar a bioequivalência de um medicamento genérico.

O Laboratório de Controle e Qualidade de Fármacos e Medicamentos (LabCQ) realiza a etapa de Equivalência Farmacêutica. O Laboratório de Farmacologia Bioquímica e Molecular faz o Planejamento Farmacocinético. O Laboratório de Patologia Clínica e a enfermaria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) são responsáveis pela parte da Clínica Médica do confinamento. O Laboratório de Farmacometria (LabFarma) conclui os estudos realizando as quantificações do plasma.

Como são realizados os testes? Após a indústria desenvolver um candidato a genérico, ela precisa contratar um Centro de Bioequivalência para realizar os testes no fármaco a fim de obter o seu registro como genérico na Anvisa. Esses estudos, que sempre são realizados de forma comparativa com o medicamento de referência, compreendem a Equivalência Farmacêutica e a Bioequivalência. Além de possuir o mesmo teor químico, o candidato a genérico também precisa ser absorvido de modo idêntico no organismo.

Espectômetro de Massas da unidade bioanalítica (LabFarma) realiza a quantificação dos fármacos no plasma em estudos de bioequivalência.

Comprimidos em geral, emulsões e soluções precisam passar pelas duas etapas. Já os medicamentos injetáveis são dispensados dos estudos de bioequivalência, visto que são administrados diretamente na corrente sanguínea. Os aerossóis e os transdérmicos, por enquanto, também estão liberados da segunda fase. "É possível que em breve isto mude, pois está em Consulta pública a obrigatoriedade dos testes de bioequivalência para estes dois tipos de formas farmacêuticas", alerta o professor Gaúcho, como é popularmente conhecido entre os alunos.

Equivalência Farmacêutica - Nesta primeira etapa são realizados os testes farmacopéicos, onde se vê o teor do fármaco. No caso dos comprimidos a sua dureza, velocidade de dissolução; dos injetáveis o pH, a molaridade, entre outras aferições. Somente os candidatos a genéricos que passam na equivalência farmacêutica é que serão submetidos aos testes clínicos de bioequivalência.

Bioequivalência - Para dar início a esta segunda fase é necessário realizar um Planejamento Farmacocinético, que irá fornecer o padrão da "janela de absorção" do fármaco no organismo, ou seja, dizer qual é a concentração adequada do princípio ativo, no plasma, que deve estar presente em cada fase do teste. Este padrão será comparado com as amostras de sangue dos voluntários coletadas nos estudos clínicos.

Estudos Clínicos com voluntários - Para realizar os estudos clínicos são selecionados normalmente de 24 a 36 voluntários sadios, do sexo masculino, que tomam as duas formulações. Metade do grupo ingere o medicamento de referência e a outra, o de teste (candidato a genérico), depois inverte. É necessário que todos os voluntários tomem os dois medicamentos para eliminar a variabilidade interindividual. "Algumas formulações sofrem interferência dependendo forma em que você as administra (em jejum ou não). Nesse caso se faz os dois estudos, com o voluntário em jejum e alimentado, para as duas formulações", explica Dr. Saraiva.

Os voluntários ficam confinados no Hospital Universitário por 24 horas ou mais, dependendo da meia-vida do fármaco. O sangue de cada um é coletado periodicamente e depois é enviado para o laboratório, que vai comparar estatisticamente as curvas de concentração plasmática. Se os parâmetros farmacocinéticos destas curvas forem iguais, pode-se dizer que as formulações possuem bioequivalência e o medicamento pode ser registrado como genérico.

Quem são os voluntários? "Recrutamos os voluntários do meio acadêmico, geralmente alunos e funcionários da Universidade, pois são pessoas que tem um mínimo de orientação. Para facilitar o estudo, a nossa amostragem é sempre realizada com homens. As mulheres têm os ciclos hormonais que podem influenciar nos parâmetros de comparação".

"Antes do voluntário ser selecionado ele faz toda a bateria de exames bioquímicos e clínicos. Existe um critério para a seleção: os voluntários não precisam ser atletas, mas precisam estar sadios, fumar até 10 cigarros por dia, não estar fora da faixa de peso. Eles recebem um seguro de vida, não só por causa da ingestão do medicamento, mas também por motivo de eventuais acidentes que possam ocorrer durante o confinamento. Vale a pena ressaltar que os estudos clínicos de bioequivalência de genéricos são de menor risco que o de um fármaco novo, pois os efeitos adversos já estão previstos"

Os voluntários são remunerados? -"Os voluntários são ressarcidos pelo tempo despendido com os testes. Cada voluntário só pode participar de um novo teste com um intervalo de 6 meses. Devido à crise do desemprego, a Anvisa passou a controlar as pessoas que participam dos estudos. Criou um banco de voluntários para impedir que os mesmos sejam agenciados e façam testes em Centros diferentes, mesmo que em outros Estados".

Porque selecionar voluntários sadios? - "Os voluntários precisam estar sadios, com fígado e rim funcionando bem, pois como sabemos que o fármaco tem atividade, não queremos comparar a sua ação farmacodinâmica, e sim as suas propriedades farmacocinéticas. Só no indivíduo perfeito podemos comparar a absorção da formulação".

Então não são realizados testes com voluntários doentes? - Somente em alguns casos, nos estudos com a clozapina, por exemplo, são necessários pacientes esquizofrênicos, pois devido aos seus efeitos adversos, não seria eticamente correto ser administrado em um voluntário são. Os testes com os antiretrovirais também precisam ser realizados com pacientes. Aqui no Programa de Biofarmácia e Farmacometria nós não realizamos testes que necessitem de pacientes".

Quanto tempo leva em média um estudo? - "No nosso Centro, a duração é de três meses, desde os primeiros testes até o relatório final. Mas em Centros particulares os estudos podem ser concluídos em até um mês. Aqui é mais demorado, pois é um Centro de Bioequivalência Universitário, além da prestação de serviço temos a vocação e o compromisso com o ensino. Parte dos recursos obtidos pelo pagamento dos testes são revertidos aos alunos através de bolsas de estudo".

Os genéricos aprovados nos testes são garantidos? - "A aprovação do genérico nos testes representa que o laboratório fabricante demonstrou que sabe fazer aquele medicamento com eficácia e segurança.

Cabe a Anvisa manter a fiscalização nas indústrias, assim como faz periodicamente em nossos laboratórios, para averiguar se os lotes posteriores continuam sendo produzidos com a mesma qualidade demonstrada nos testes". | Por: Lucia Beatriz/IVFRJ

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