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06/03/2012 - 12:03

Responsabilidade com o futuro - uma presidente com o poder de decidir

Os últimos dois anos representaram um duelo desigual entre os que procuram impor flexibilizações às leis ambientais brasileiras e os que consideram que essas devem ser mantidas. Mesmo com grande parte da população brasileira à favor da manutenção do que rege o Código Florestal Brasileiro, conforme apontaram várias pesquisas de opinião, a minoria envolvida na arquitetura política que visa a executar à força essas mudanças, mostrou-se, até o momento, mais capaz de articular e financiar apoios, nos caminhos nem sempre lógicos ou sensatos do Legislativo Federal.

É impossível não notar a capacidade de imposição da vontade do setor ruralista. Além da manipulação sem dificuldades frente aos deputados federais e senadores, que se comportaram no geral sem intimidade nem preocupação com o assunto, conseguiram até agora driblar evidências técnicas e científicas tão claras que só a demagogia extrema somada à falta de conhecimento de boa parte da sociedade sobre o que está em jogo, podem justificar tamanho disparate.

Uma das formas de explicar a ambição ruralista pelo uso indiscriminado do território brasileiro é evidentemente econômica. Há ganhos para o agronegócio para os próximos anos que, na visão dos que se definem porta-vozes desta atividade, não podem ser atrapalhados pelas enormes dívidas acumuladas pela má agricultura dos anos passados e pela presente. Não obstante, bilhões de dólares em empréstimos para garantir a restauração ambiental em propriedades rurais foram impostos à população brasileira nas últimas décadas, com o próprio governo sustentando a demanda de tentar, sem sucesso, segurar a maior parte dos grandes processos de degradação existentes, e que não param de crescer.

E se temos que corrigir a intensa degradação dos solos causada pelo avanço desta atividade, que não respeita beiras de rios, encostas e topos de morro, nem a manutenção de reservas legais, é mais do que certo que faltam e faltarão recursos para a saúde, educação, segurança, infraestrutura e tantos outros benefícios reclamados pela população, e não atendidos. Será que ainda assim restam dúvidas de que todos nós saímos perdendo nesta verdadeira maracutaia travestida de desenvolvimento? Nós realmente não temos nada a ver com isto e devemos continuar a não ter preocupações sobre esse problema?

O poder político dos ruralistas está no seu auge. É algo assustador que a própria atividade agrícola esteja apostando em um modelo suicida, inviável em longo prazo. Como explicar esse comportamento sem perspectiva lógica de futuro? Aqui só cabe uma explicação: o uso em excesso dos recursos naturais para a agricultura, no curto prazo, gerará imensos lucros para estes poucos beneficiados que estão conseguindo nos manipular com muita facilidade, tamanho o desastre anunciado que defendem.

Nós brasileiros, não agricultores, desejamos um futuro promissor para essa atividade tão relevante para o país. E é por causa disso que devemos considerar áreas naturais privadas um ativo que gera rendimentos a seus proprietários, com as terras conservadas a partir do cumprimento do Código Florestal atual. Hoje já há espaço para a sociedade assumir o óbvio - a conservação da natureza e a decorrente geração dos serviços ambientais têm que ter um preço.

O caminho não escolhido pelos ruralistas pode ser, no entanto, o escolhido pela Nação brasileira. E estará nas mãos da atual Presidente da República a condição histórica e sem precedentes de dizer NÃO ao passado e aos interesses econômicos de minorias. E SIM à manutenção integral do atual Código Florestal Brasileiro, abrindo uma agenda construtiva e crescente de reconhecimento dos serviços ambientais gerados pelas áreas naturais de cada proprietário de terra neste país. Isso permitirá a geração de uma nova condição de equilíbrio para a atividade do campo, tratada como uma questão de interesse nacional mas que precisa achar um caminho mais nobre e honesto do que o apontado por seus líderes atuais.

Nas mãos do executivo está a opção de fazer do Brasil um verdadeiro grande País: VETA TUDO PRESIDENTE!

. Por: Clóvis Ricardo Schrappe Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

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