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15/03/2012 - 09:24

Mentiras sinceras

Faltar com a verdade em uma consulta médica pode dificultar o diagnóstico de doenças.

Quem mente diante do médico com receio de levar um pequeno sermão pode estar prejudicando bem mais que a relação de confiança com o profissional de saúde. Segundo especialistas, esse comportamento é o responsável direto, na maioria dos casos, por diagnósticos tardios ou equivocados e pelo uso indevido de medicamentos. “O paciente, muitas vezes, acha que os exames são capazes de diagnosticar 100% dos casos, mas não é bem assim...”, alerta o cirurgião Gustavo Menelau, do Hospital Jayme da Fonte. “Poderíamos pensar que esta pessoa se defende de alguma expectativa negativa. Por medo do que possa ter, ela às vezes não consegue dizer nem para si própria”, afirma a psicóloga Maria Helena de Barros, do CPPL.

“A mentira é algo que todo ser humano usa em determinadas situações, para se defender, preservar algo que seja só seu, por medo, etc. Muitas vezes, é preciso ocultar algo, principalmente que possa ferir o outro”, explica Helena. Conforme afirma a profissional, a mentira passa a ser algo preocupante quando se torna um padrão de comportamento permanente: “No sentido de significar algum problema subjetivo, que precisará ser cuidado”. Para o médico Gustavo Menelau, muitos pacientes tendem a esconder alguns sintomas ou dados de sua história por constrangimento ou mesmo para obter algum lucro secundário com a doença. “Os dados fornecidos pelo paciente, uma história clínica bem colhida, assim como um bom exame físico, são muito importantes para o diagnóstico. É imprescindível a colaboração do paciente no seu diagnóstico e tratamento, pois o médico não trabalha sozinho nesse processo”, afirma.

O médico explica que o mais comum é os pacientes faltarem com a verdade em consultas nas quais o diagnóstico pode trazer algum lucro secundário, principalmente no que diz respeito à aquisição de atestados médicos. “Mas também contempla o ganho de atenção da família, aposentadoria, benefícios do INSS, etc. Já vi pacientes manipularem a dose de suas medicações, a ponto de induzir efeitos colaterais graves, para serem internados e conseguirem a atenção de que careciam”, revela. O contrário também costuma ocorrer, conforme explica o médico. Neste caso, pacientes que omitem sintomas para não serem internados ou submetidos a exames, ou até para não se exporem em sua vida social.

Segundo o médico, o profissional deve deixar claro quando tiver dúvidas sobre a saúde do paciente. “A melhor forma de agir é mostrar, de maneira educada e sem julgamentos, que não está muito seguro da veracidade dos sintomas relatados pelo paciente e expor os riscos que esta situação pode trazer, individualizando cada caso”, diz. “O médico deve registrar tudo em prontuário, inclusive suas percepções acerca dos relatos do paciente. Caso haja interferência judicial ou por parte do conselho de medicina, o prontuário é sempre a principal defesa do médico”, completa Gustavo. Para a psicóloga Maria Helena, o profissional deve ter tato para lidar com a situação, uma vez que a tensão do paciente deve ser grande para motivar que ele oculte dados sobre o problema de saúde. “Deve-se criar um clima de confiança para que ele possa se abrir”, afirma. [www.jaymedafonte.com.br ].

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