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20/03/2012 - 10:14

América Latina e Caribe seguem resistentes a choques externos, aponta o BID

De acordo com novo relatório, a região sofreria recessão relativamente moderada se a crise da dívida europeia piorasse e a economia chinesa desacelerasse.

A América Latina e o Caribe continuam fortalecidos para enfrentar uma possível desaceleração do crescimento econômico mundial resultante de um aprofundamento da crise da dívida na Europa e de uma desaceleração da China, segundo o Relatório Macroeconômico 2012 do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O relatório, apresentado hoje durante a reunião anual do BID, destaca dois grandes riscos que a região poderia enfrentar este ano: uma desaceleração da economia chinesa mais rápida que o esperado e um aprofundamento dos problemas econômicos na Europa. A partir de um modelo econômico global, o estudo conclui que ainda que se cumpram estes cenários, América Latina e Caribe sofreriam uma recessão relativamente moderada.

O estudo apresentado à Assembleia de Governadores do BID, "O mundo de caminhos que se bifurcam", oferece uma análise integral dos riscos a curto e médio prazo para a região e uma avaliação de suas principais vulnerabilidade e fortalezas macroeconômicas, assim como recomendações de políticas.

"Somos cautelosamente otimistas sobre a América Latina e o Caribe. A região cresceu muito nos últimos anos e tem mostrado que é resistente a choques'', disse Santiago Levy, vice-presidente de Setores e Conhecimento do BID. "O mais importante é que a região desenvolveu um conjunto de ferramentas de políticas que provaram ser efetivas durante períodos de recessão econômica."

O relatório desataca que vários países, especialmente exportadores de commodities, tem acumulado reservas internacionais que lhes ajudariam a proteger-se da turbulência financeira internacional. Rompendo com o passado, a maioria dos países foram capazes de implementar pacotes eficazes de estímulo fiscal para atenuar a última recessão e adquiriram uma experiência valiosa na gestão de políticas anticíclicas.

A maioria das grandes economias da região adotou regimes cambiais flexíveis, o que permitiu moderar as flutuações. Além disso, nos últimos anos, vários países implementaram políticas monetárias mais sofisticadas e ferramentas macro prudenciais, como o uso ativo de requisitos de liquidez para os bancos e medidas para frear a apreciação cambial, medidas que fortaleceram a resistência da região frente a outra possível crise financeira internacional.

Vulnerabilidades e testes de estresse -"Mesmo que os cenários econômicos atuais não antecipem uma grave crise na Europa ou uma forte desaceleração na China, o mundo é muito incerto neste momento; realmente estamos falando de caminhos que se bifurcam'', sustenta Andrew Powell, Assessor Principal do Departamento de Pesquisa do BID, e coordenador do relatório. "Nosso relatório demonstra que aumentou a resistência da região, mas permanecem certas vulnerabilidades, que poderiam limitar o alcance das políticas anticíclicas, caso se agrave a crise na Europa," explica Powell.

Segundo o relatório, a dependência da América Latina e do Caribe das exportações de commodities segue sendo elevada, e um aumento no ingresso de capitais incrementou os passivos em moeda estrangeira do setor privado. Além disso, a presença de um grande número de bancos europeus poderia fazer com que o setor financeiro da região fique vulnerável a uma restrição creditícia.

Os cenários de risco descritos no estudo, chega-se às seguintes conclusões: • As contas externas da América Latina e do Caribe continuam resistentes a choques externos; havendo necessidade, a região deve continuar tendo acesso a empréstimos externos e de fontes oficiais. Desde 2008, a dívida externa do setor público tem diminuído e as reservas internacionais aumentaram nas economias exportadoras de commodities. Os níveis de dívida estrangeira e as reservas internacionais dos países importadores de matérias primas se mantiveram praticamente estáveis. A composição da dívida pública para a região melhorou, com mais dívida local e com prazos mais longos. Os importadores de commodities perceberam um aumento nos passivos externos do setor privado, principalmente na forma de investimento direto estrangeiro.

• Uma série de regulações micro e macro-prudenciais reduziram os riscos latentes de problemas no setor financeiro decorrente de fortes ingressos de capitais e expansão do crédito nos anos recentes. As medidas macro-prudenciais implementadas pelos países da região nos últimos anos incluíram maiores reservas bancárias e provisionamento dinâmico para empréstimos. O relatório recomenda que as autoridades monitorem atentamente as carteiras bancárias, desenvolvam regras de governança corporativa para os bancos internacionais, e proporcionem uma supervisão rigorosa.

• Um aspecto relativamente preocupante é que a maioria dos países da região hoje possuem menos margem para implementar pacotes de estímulo do que no despertar da crise de Lehman Brothers. Nos vários países que implementaram pacotes de estímulo fiscal em 2008, uma parte desse maior gasto parece ter se tornado permanente. De 23 países, apenas quatro contam com margens amplas para implementar uma política fiscal anticíclica diante de outra crise financeira internacional. Em seus pacotes de estímulo, os países com margem fiscal limitada devem desenhar medidas temporárias que podem ser suspensas tão logo o choque negativo se dissipe.

• Diferentemente do passado, e com uma variedade de regimes cambiais, a maioria dos países conseguiram conter o crescimento monetários e a inflação apesar dos choques externos. No caso de outra grande crise financeira, é provável que os países que usam metas de inflação não tenham tanta flexibilidade como para reduzir as taxas de juros, mas se contam com ampla margem para empregar ferramentas não convencionais como a diminuição de fundos de reserva bancários ou leilões de moedas para aumentar a liquidez doméstica. As metas de inflação se baseiam em comunicação efetiva, e os países com este regime poderiam explicar mais claramente em que circunstâncias empregariam as distintas ferramentas e como estas se relacionam com os objetivos das autoridades monetárias. Os países com câmbio fixos ou administrados provavelmente desejem buscar novas maneiras de aumentar sua flexibilidade diante dos impactos externos, permitindo maiores movimentos de salários e preços domésticos.

• Um agravamento da crise na Europa poderia levar os principais bancos europeus presentes na região a acelerarem a sua venda de ativos e a reduzirem os empréstimos. Reguladores bancários devem monitorar o comportamento de todos os bancos e desenvolver regras para fortalecer a governança corporativa das subsidiárias locais. As autoridades poderão buscar controlar a liquidez bancária a fim de garantir que não haja turbulências nos mercados financeiros domésticos no caso de um choque externo negativo, e devem trabalhar com as instituições europeias para assegurar-se de que podem vender ativos latino-americanos sem dificuldade em caso de necessidade.

• Havendo desaceleração da economia chinesa, se espera que os exportadores de metais sejam mais afetados que os produtores agrícolas da região. A demanda chinesa por metais seria afetada não apenas por uma redução do crescimento econômico da China, mas também por uma mudança antecipada na composição do PIB, o que implica uma menor taxa de investimento. Os preços dos grãos seriam menos afetados porque sua demanda é ligada a mudanças de longo prazo nos padrões de consumo de alimentos, que tem pouca probabilidade de reverter-se. O estudo diz que países e empresas devem considerar investir em mecanismos de hedge. Os riscos não cobertos por terceiros podem ser administrados internamente mediante fundos de estabilização e outros instrumentos.| BID.

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