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20/03/2012 - 10:58

Como a mobilidade conectada pode impactar a indústria automotiva brasileira

Cada setor tem suas tendências e modas, assim como a indústria automotiva tem as suas. Esses modismos são frequentemente afetados por megatendências globais, uma das quais, sem dúvida, é a conectividade - estar ligado ao mundo onde quer que se esteja, em todos os momentos. Até hoje, ainda há um lugar onde isso é quase impossível: seu próprio carro. Claro que o avanço dos smartphones tem permitido o acesso ao e-mail e à internet no carro, incluindo a navegação via Google Maps ou aplicativos similares. Mas, além das questões óbvias de segurança decorrentes da manipulação de um smartphone durante a condução, raramente esta conexão é o que podemos chamar de conectividade real, com alta velocidade e acesso ilimitado a quase tudo.

Então, o que é mobilidade conectada e o que ela pode fazer por você? A mobilidade conectada permite a troca de dados de maneira fácil e confortável a partir de seu veículo - também chamada de comunicação "car-to-x". Esta troca pode ser "on demand" ou uma emissão contínua de dados. Pode ser ativada pelo motorista ou via monitoramento remoto. As aplicações são inúmeras. Elas podem variar de navegação com atualizações de trânsito (possivelmente com dados enviados por outros veículos) e funções de busca (para postos de gasolina ou restaurantes, por exemplo) até controle remoto de utensílios domésticos. Podem existir ainda dispositivos de monitoramento e de chamadas de emergência, bem como análises remotas e atualizações de softwares do veículo pela montadora, ajudando também a programar a próxima revisão e reduzindo o tempo e o dinheiro gastos na concessionária.

Estes recursos só serão efetivamente utilizados e impulsionados com o desenvolvimento de novas tecnologias e mudanças na legislação. Com a introdução da LTE (Long Term Evolution) como sucessora da atual tecnologia 3G, velocidades de download de até 100 Mbps permitirão a troca de quantidades ainda maiores de dados. Outro ingrediente importante é a computação em nuvem que já está em testes para aplicações automotivas, por exemplo, por meio de uma cooperação entre a Microsoft e a Toyota. O objetivo da cooperação é montar uma rede social, conectando "proprietários, distribuidores, oficinas e serviço de atendimento ao consumidor", com o objetivo final de fidelizar o cliente.

Tudo isso pode soar como utopia, especialmente considerando o valor médio de um veículo brasileiro. Computação em nuvem nos novos Gol ou Palio? No entanto, esta tecnologia não está tão longe quanto parece. A nova regulamentação do Denatran exige que todos os veículos brasileiros sejam equipados com um sistema de rastreamento até 2013. Este sistema de rastreamento é nada mais do que um GPS embarcado além de um módulo de telefone celular. Dessa forma, todos os carros novos no Brasil, independentemente do preço, terão todo o equipamento necessário para a troca de dados já incorporados ao veículo. De fato, algumas montadoras esperam que por causa dessa regulação, o Brasil passe a ser um dos maiores mercados de conectividade do mundo.

Então o que falta para tornar essa nova tecnologia disponível para o consumidor? Em primeiro lugar, é claro que esforço de desenvolvimento ainda é necessário por parte dos fabricantes. Telas de "infotainment" embutidas no painel associadas à indispensável rede de conexão do veículo permitirão o lançamento de plataformas de hardware e software dirigidas ao consumidor. E uma observação dos veículos recentemente lançados e você encontra estas telas em carros com valor de 40 mil reais. Aplicações relevantes já apareceram nos mercados internacionais e, sem dúvida, serão rapidamente introduzidas no mercado brasileiro. Sobre a aceitação do consumidor, não tenho nenhuma dúvida de que esses novos recursos serão rapidamente aceitos e adotados pelos brasileiros. Afinal, o Brasil é um dos mercados mais avançados quando se trata de conectividade móvel.

Em resumo, a mobilidade conectada pode ser mais um slogan, mais um modismo ou tendência. Mas de toda forma, irá com certeza impactar os veículos em um futuro próximo em todo o mundo, inclusive no Brasil. O século 21 está chegando aos carros e há muito o que esperar para ver.

.Por: Stephan Keese ,sócio responsável para o segmento automotivo da Roland Berger Strategy Consultants. Fonte: Car and Driver Brasil – edição 50.

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