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27/03/2012 - 11:03

Em defesa da indústria nacional

Na próxima terça-feira [27/03] será lançada, no salão nobre da Câmara dos Deputados, a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Nacional. Passei os últimos dias arregimentando apoios a essa iniciativa, seja em encontros com empresários da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e do Movimento Empresarial da Inovação (MEI), seja com líderes das principais centrais sindicais do País. Posso dizer que tanto empresários como trabalhadores encamparam entusiasticamente essa ideia e estão se juntando a essa frente ampla, interclassista e suprapartidária.

A iniciativa, que já conta com o apoio de cerca de 300 parlamentares de vários partidos políticos, faz-se necessária para enfrentar o enorme recuo da participação da indústria nacional no Produto Interno Bruto (PIB), particularmente da indústria de transformação, aquela que produz mercadorias de alto valor agregado. O fenômeno vem se acentuando em razão da crise econômica mundial, que acelerou a valorização do real e acirrou a concorrência internacional. Em função disso, passamos a enfrentar uma grande ofensiva dos países asiáticos, com a China à frente, cujo crescimento espantoso aumentou o preço das commodities, incentivando a exportação desses produtos, mas também inundou nosso mercado com produtos de alto valor agregado importados dessas nações.

Atendendo à reivindicação de empresários e sindicalistas, algumas medidas já vêm sendo adotadas pelo Governo Federal para enfrentar esse desafio, como a desoneração de setores sensíveis – têxteis, móveis, couro e informática, por exemplo –, e a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aliviar a pressão cambial. São medidas importantes, mas elas respondem a questões pontuais. Se nos limitarmos a essas medidas, estaremos adotando meros paliativos.

O ponto fundamental para revertermos o que muitos já chamam de processo de desindustrialização do país é investir pesadamente em educação, ciência, tecnologia e inovação, como fizeram os chamados “tigres asiáticos” que, no espaço de três décadas, tornaram-se a vanguarda da produtividade mundial. Hoje, o investimento do Brasil em Pesquisa e Desenvolvimento é pouco mais que 1,19% do PIB. Ao lado disso, devemos adotar medidas para qualificar e capacitar nossa mão de obra, ainda largamente destreinada. E, para que isso não fique apenas no papel, é necessário encontrar fontes permanentes de financiamento, como uma porcentagem de royalties sobre exploração do petróleo e recursos minerais.

A Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Nacional nasce, portanto, com esse objetivo de buscar meios de aumentar a competitividade da nossa indústria, não apenas para que ela possa exportar produtos de alto valor agregado – como aviões e softwares – como também competir em termos de igualdade no mercado interno. Em tempos de globalização, temos que encontrar novas formas de manter a soberania nacional. A alternativa é deixar aos outros países a iniciativa de definir nosso lugar no mundo.

. Por: Newton Lima , Deputado federal (PT-SP), presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, foi prefeito de São Carlos e reitor da UFSCar.

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