Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

31/03/2012 - 14:40

Hora de botar os dedos na tomada

Há muitos anos, pode-se ler a respeito de um fenômeno que sempre aconteceu no mundo: a ascensão e a decadência de alguns povos. Muitos já dominaram o mundo e depois decaíram. O que os faz não conseguirem se manter no topo?

Recentemente, ocorreu uma web conference com alguns professores de Wharton, considerada uma das mais importantes universidades do mundo. Gente dos quatro cantos do planeta estava conectada para ouvir esses superespecialistas. O conceituado grupo falava do impacto global de inovações sociais e ambientais desenvolvidas por Israel, nas áreas de água, energia, tecnologia, alimentos, segurança e saúde. A discussão, certamente, era uma tentativa de criar uma agenda positiva para aquele pequeno país, encravado no deserto e cheio de inimigos por todos os lados, que só aparece nos noticiários em função de conflitos com palestinos ou iranianos. Neste contexto, alguns pontos chamam a atenção: Israel é o país com mais investimentos per capita do mundo em pesquisa e desenvolvimento. Também tem se destacado pelas tecnologias do futuro, como biotecnologia, nanotecnologia, ótica, softwares, medicina, entre outras. Outro ponto forte a ser salientado consiste no empreendedorismo, que é incentivado desde os primeiros anos da escola.

Durante a web conference, perguntei aos professores sobre a maneira como despertar o espírito de inovação em governos, universidades, empresas privadas e sociedade. A resposta: incentivando a colaboração entre tais agentes, buscando criar uma cultura de inovação. Mas o aspecto que mais impressiona, no caso de Israel, é que os colocou à frente de muitos países do mundo em inovação foi a NECESSIDADE!

No mesmo dia, uma entrevista com o historiador alemão Walter Laqueur constatou que a crise da Europa é a mais grave desde a Segunda Guerra. Para ele, somente uma crise de sobrevivência conseguirá tirar aquele continente do estado de abulia em que se encontra. A conclusão do historiador é de que os países europeus perderam o ímpeto de empreender... Não sonham... Pensam em se fechar para o mundo... Querem ser deixados em paz... As grandes mudanças ocorrem quando há ascensão de uma nova geração, otimista e ambiciosa... Mas na Europa isso não está acontecendo... A sociedade está envelhecendo e os jovens europeus não têm ambição e nem estão preocupados em criar riqueza. Querem curtir a vida e esperam que o estado os sustente.

Voltando para o Brasil, vejo com preocupação alguns comportamentos que acontecem no nosso Estado. Não adianta termos um governo preocupado em mudar a agenda, em se importar com o futuro, se nos falta cooperação e as corporações só estão preocupadas em manter e ampliar suas conquistas e privilégios, mesmo que isso implique em que fiquemos para trás. Lembro que já tivemos o melhor ensino do país, que já fomos o celeiro do Brasil, que representamos 10% do PIB nacional.

O que é preciso? Que apostemos numa agenda de futuro. É claro que a economia tradicional tem que ser apoiada. Mas precisamos apostar em tecnologia e criatividade, para que não fiquemos, a cada ano, a cada governo, discutindo a mesma pauta- a repartição dos minguados retornos da nossa economia, ainda muito sujeita a fatores climáticos e às oscilações das cotações dos grãos no mercado internacional.

Precisamos que aquele antigo espírito desbravador, inovador, arrojado dos imigrantes volte a circular nas nossas veias, sem ficarmos nos apegando às corriqueiras conquistas do passado.

.Por: Alfredo Fedrizzi, sócio-diretor da Escala.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira