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18/04/2012 - 08:53

É possível medir o sucesso?

Vivemos em tempos superlativos. Ser criança ou jovem nos dias de hoje é lidar com grandes expectativas e grandes exigências por grandes resultados. Ter a agenda de atividades extracurriculares desde cedo é mandatório para, no futuro, estar preparado para a selvageria do mercado de trabalho. É preciso se esforçar ao máximo, se empenhar ao máximo, e só o máximo é que vale.

Este grande foco em resultados gera uma distorção e uma pressão enormes em cima de pessoas em processo de formação. Ainda na tenra infância, as crianças são expostas a um clima de competição atroz e a pesadas cargas horárias de cursos e aulas. E, apesar do modelo, para muitos pais, ser a receita para o sucesso profissional do filho, é preciso repensá-lo.

O mundo do trabalho, de fato, é um ambiente de altas exigências e demandas, e os mais bem-preparados certamente ocuparão os melhores postos. É preciso refletir, no entanto, sobre a definição do que seria esta boa preparação. O senso comum aponta que o preparo do aluno é referenciado em notas altas, portanto aqueles com melhor desempenho são os que obtêm maior índice de aproveitamento nas avaliações escolares. E, assim, todo o aparato da escola, como se vê por aí espalhados em outdoors e propagandas por todos os lugares, exaltam as maiores notas como grandes resultados.

Não se pode culpar os pais pela sedução que este tipo de abordagem causa. Mas faz-se necessário salientar que, no âmbito da pedagogia, a função social da escola é oferecer um ambiente fértil para o desenvolvimento pessoal de seus alunos, cujos atores envolvidos no processo – professores, gestores e familiares – trabalham juntos na construção de um aprendizado dinâmico, cujo fruto será a formação de indivíduos alfabetizados, capazes de refletir sobre o mundo a sua volta e de exercerem sua cidadania, conhecendo seus direitos e seus deveres.

Neste contexto, o objetivo apenas será alcançado a partir do momento em que educadores, coordenadores e pais tenham a compreensão de que a formação deste futuro cidadão, ciente de seu potencial e das possibilidades que o mundo oferece, passa por um profundo respeito às diferenças e por uma dinâmica de ensino que privilegie a heterogeneidade. Isso significa que um processo de ensino bem realizado é aquele que desenvolve ferramentas de avaliação e observação para seus alunos, sem deixar de lado uma abordagem individualizada.

O sucesso, portanto, não é medido apenas por resultados em provas e testes, que claro, são muito importantes; mas é alcançado quando se observa não somente este aspecto, e sim se ele está sendo incentivado a buscar aquilo que considera correto para a sua vida, sempre dentro de limites éticos e morais. Notas altas são a ambição de muitos pais, mas deveriam ser encaradas como apenas uma parte de um processo bem mais abrangente. Afinal, se a preocupação é com o futuro no mercado de trabalho da criança ou do jovem, é preciso dizer que não há uma relação objetiva entre ter as melhores notas da escola e o sucesso na vida profissional. O que garante o chamado sucesso – a obsessão dos dias de hoje – é se esses jovens serão capazes de, mais à frente, se transformarem em adultos conscientes de suas escolhas, obtendo prazer e realização naquilo que escolheram como caminho.

.Por: Izabel de Almeida e Silva, diretora pedagógica do Colégio Padre Antonio Vieira

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