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20/04/2012 - 11:20

Sete em cada 10 hemofílicos têm Hepatite C

A Federação Mundial da Hemofilia (FMH) estima que a nível mundial, uma em cada mil pessoas têm um distúrbio hemorrágico hereditário, popularmente conhecido como hemofilia. No entanto, 75% desta população ainda não recebe tratamento.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, atualmente 15 mil portadores da doença são assistidos pela rede pública de saúde (recebem medicamentos pelo SUS, incluindo aqueles que possuem convênios e planos de saúde ou que recorrem ao sistema privado de saúde). Deste total de pacientes, 10.464 mil são cadastrados como hemofílicos A e B.

Quase todos os pacientes com hemofilia que, até meados da década de 80, receberam tratamento com concentrados de fatores de coagulação (transfusão de sangue) foram contaminados pelo HCV, vírus causador da hepatite C, doença que em 80% evolui para fibrose e cirrose.

Vale ressaltar que o risco de cirrose é mais elevado em pacientes de meia idade (a partir dos 40 anos) e expostos a um maior tempo de infecção (de 10 a 30 anos). Outro fator agravante e específico da hemofilia é a coinfecção pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana), o qual contribui consideravelmente para o risco de progressão da cirrose e evolução para a descompensação da doença hepática.

É bem verdade que as taxas de aparecimento de novos casos de hemofílicos coinfectados com hepatite C apresentaram uma drástica redução a partir da década de 90, quando os bancos de sangue do país implantaram um protocolo de testagem para o HCV. Porém, isto não impediu a progressão da doença e, consequentemente, da cirrose nos hemofílicos que já haviam sido contaminados. Ao contrário, a prevalência dos casos de cirrose entre estes pacientes segue em crescimento.

Realizamos recentemente em Salvador (BA), um estudo feito com 339 pacientes hemofílicos. Das 268 pessoas que fizeram o teste para detecção do HCV, 113 (42,2%) delas tinham hepatite C, sendo 74% portadoras do genótipo tipo 1 da doença.

Ao contrário do que muitos apregoam, verificou-se que os pacientes hemofílicos apresentaram a mesma tolerância que não hemofílicos ao tratamento com a terapia padrão (peguinterferona e ribavirina) para a hepatite C. Inclusive, sem qualquer relato de interação medicamentosa com os fatores de coagulação utilizado habitualmente por esta população.

Portanto, acreditamos que é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para garantir a qualidade de vida destes pacientes. E com introdução dos inibidores de protease, como o boceprevir, que aumentam em até 70% as chances de cura da hepatite C, passamos a contar com mais uma ferramenta de auxílio a estes pacientes. Afinal, hemofilia e Aids tem tratamento, mas hepatite C tem cura.

.Por: Nelma Pereira de Santana, Gastroenterologista, endoscopista e pesquisadora do Núcleo de Hepatologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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