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24/04/2012 - 11:13

Fusões e aquisições seguem fortes no Brasil

Apesar do crescente clima de incerteza que vem do exterior, a atividade de fusões e aquisições continua forte no Brasil. As empresas têm adiado alguns de seus planos de investimento enquanto esperam o desenrolar dos acontecimentos, mas, ainda assim, segue sendo um mercado razoavelmente positivo. Há negociações sendo feitas e setores do mercado de consumo, como os de alimentos, bebidas, supermercados e shopping centers, estão bastante ativos.

É certo que o Brasil e a América do Sul ainda demonstram uma forte dinâmica de crescimento. Com raras exceções, toda a região continua a avançar, e o panorama geral continua positivo, com o crescimento de 2,7% do PIB em 2011 e a previsão, pelo Banco Central Brasileiro, de 3,5% em 2012.

Diante do cenário em geral, houve, sem dúvidas, algum impacto no mercado de fusões e aquisições decorrente da crise financeira mundial aprofundada a partir do terceiro trimestre de 2011. Obviamente, percebe-se um ambiente de maior incerteza, uma vez que várias empresas — algumas internacionais, e outras locais — estão aguardando alguns desdobramentos antes de prosseguir com seus planos de aquisição.

Em 2011, a maior parte das negociações ficou entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões, e observou-se uma concentração maior nos mercados de pequeno e médio porte. Em transações maiores, a Brasil Ecodiesel anunciou sua fusão com a Vanguarda, produtora de soja, algodão e milho, por US$ 75 milhões; a norte-americana Cargill Inc. adquiriu os negócios da Unilever Braz relacionados à produção de tomates no Brasil por cerca de US$ 370 milhões; e a J&F adquiriu a divisão de cosméticos do Grupo Bertin, uma holding localizada em São Paulo, por aproximadamente US$ 180 milhões.

Um dos atuais desafios do mercado brasileiro é o financiamento de aquisições, que, por uma série de razões, não é disponibilizado tão fácil e abertamente como ocorre em muitas partes do mundo. As taxas de juros brasileiras ainda são altas — uma empresa de médio porte interessada em obter financiamento provavelmente pagará cerca de 20% ao ano de juros nominais ou 14% ao ano de juros reais por um financiamento sem garantias reais, o que representa um custo significativo.

No Brasil, ainda há um mercado pequeno em termos de financiamento de aquisições. Os fundos de private equity (PE) que atuam no país geralmente fazem negócios meramente com recursos próprios, o que difere muito do modelo comumente praticado por eles na América do Norte e Europa.

De certa forma, essa prática limita a capacidade de atuação das empresas de PE brasileiras. Além disso, é necessário um alto nível de confiança de que receberão o lucro de que precisam dessa atividade exclusivamente com recursos próprios, em oposição a atividades alavancadas. Aqui, é comum para os fundos de PE analisar 50 ou até 100 transações para cada uma que eles realmente executam.

De acordo com a Latin American Venture Capital Association, no primeiro semestre de 2010, foram realizadas 61 negociações com private equity na região, com valor total de US$ 3,8 bilhões. No primeiro semestre do ano passado, foram mais 65 negociações, que, no entanto, somaram apenas US$ 2,6 bilhões.

Além disso, com os compradores tendo uma atitude mais estratégica no ano passado, temos observado a ocorrência de mais ou menos a mesma quantidade de negociações, mas com a redução do valor médio.

A confiança das empresas continua forte, mas sofreu uma queda no segundo semestre de 2011. As pessoas estão preocupadas com a volatilidade dos mercados internacionais. Já a confiança dos consumidores continua relativamente alta, apesar do aumento da inflação, para 6,5% em 2011. Na verdade, o Índice de Confiança do Consumidor aumentou mais pontos em 2011 — de 95 para 112 — no Brasil do que em qualquer um dos 23 países cobertos por nosso recente relatório sobre aquisições e fusões no mercado de consumo.

Com fortes perspectivas de crescimento, o Brasil está na mira de vários grupos internacionais. Há, ainda, alguns grupos no ramo de consumo que consideraram seriamente o Brasil, mas ainda precisam tomar uma atitude. Com base no que temos visto e no trabalho em que estamos envolvidos, acreditamos que os grupos estrangeiros no segmento retomarão investimentos no país ao longo dos próximos dois anos.

. Por: David Bunce, chairman da KPMG na América do Sul e também lidera a prática de Aquisições e Fusões (M&A Advisory)

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