Qual o segredo do Twitter?

Muito se tem falado do Twitter, serviço norte-americano que permite postagens de, no máximo, 140 caracteres e que vem ganhando adeptos no mundo inteiro, o chamado "microblogging". O conceito é muito simples, mas o efeito é incrível. O resultado é uma mistura de blog com serviço de mensagem instantânea (MSN), no qual os posts são enviados sem a necessidade ou expectativa de uma resposta. Fala-se para o mundo, com a velocidade de uma mensagem instantânea.

Se pararmos para pensar, a limitação de tamanho das mensagens é uma implementação simples que traz diversas conseqüências positivas, como a alta velocidade em que a informação se espalha, a ausência de uma linguagem formal, a necessidade de síntese. Tudo isso vem para preencher uma demanda de publicação ainda mais rápida e sintética do que os blogs estavam acostumados a oferecer. Uma pequena implementação com conseqüências que se encaixam perfeitamente nas demandas de um novo mercado de usuários.

As postagens dos usuários são baseadas em uma pergunta inicial proposta pelo Twitter: “O que você está fazendo?”. E realmente é um prato cheio aos adolescentes, ansiosos por novos meios de se comunicar, socializar e criar uma identidade própria. Um jovem que acaba de assistir um filme no cinema pode fazer seu comentário em tempo real e ser ouvido por toda sua rede de amigos. Isso tem um poder incrível quando se fala de relacionamento entre adolescentes e nesse sentido o sucesso do Twitter já era de se esperar. O que não se esperava era outro uso da ferramenta, voltado para assuntos mais “sérios”, entre o público mais adulto e a indústria da mídia.

A razão de tal utilização é obvia, se pensarmos na ferramenta como forma de comunicação rápida. Usuários em busca de informações em tempo real, principalmente jornalistas, se favorecem muito da utilização da ferramenta. As notícias aparecem antes no Twitter e aí então são replicadas em blogs, de forma mais aprofundada. Só depois então são publicadas em matérias da mídia tradicional, de forma mais didática e trabalhada para o usuário comum. É uma vantagem competitiva para quem trabalha com informações quentes e ideal para as pessoas ávidas por novidades.

No Brasil, o serviço foi adotado de forma rápida entre blogueiros, jornalistas e caçadores de tendências, os chamados "early adopters", que estão visualizando a ferramenta como forma obrigatória de se informar e relacionar. Além disso, tais early adopters também têm utilizado a ferramenta como meio de socialização. O Twitter é capaz de estabelecer relações através de sua ferramenta de assinatura, na qual um usuário pode "assinar" o perfil de outro e acompanhar as postagens dele. E isso é muito interessante, pois permite uma aproximação que poderia ser bem mais difícil, ou até mesmo impossível, com outras ferramentas, como o e-mail. Torna-se mais fácil estabelecer relações com pessoas que você admira ou compartilhar pensamentos de modo natural, sem a necessidade de uma apresentação formal.

Como a maioria dos serviços da Internet, por estar em uma fase inicial, o serviço não tem um público cativo definido. A tendência natural é que seja utilizado em massa por algum grupo, possivelmente os jovens, assim como o Orkut, e deixe espaço para o crescimento de novos serviços mais focados. Mas isso deve demorar ainda um ano, ou dois. Não se sabe se o Twitter veio mesmo para ficar. Pessoalmente acredito que deva ganhar um espaço, mas fora das proporções das grandes redes sociais.

. Por: Renato Shirakashi, um dos criadores da Via6 - (Via6 – Criada em 2005, a Via6 é uma rede social na web focada em conteúdo. Seus usuários são representantes das mais diferentes áreas profissionais, que podem trocar e compartilhar conhecimento e informações nos formatos de vídeo, apresentações, notícias, documentos e discussões, além de aprimorar o networking online para conseguir emprego e/ou gerar negócios. A comunidade é complementada pelo Rec6, um serviço de notícias colaborativas e pelo blog Via6 (http://blog.via6.com), onde os usuários têm acesso a notícias atualizadas das comunidades e dicas de networking).

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