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A Campanha Anticorrupção em Xangai e a estratégia de consolidação de poder de Hu Jintao

Empregados com freqüência durante o período maoísta, os expurgos políticos sempre foram instrumentos notórios de disputas internas de poder no Partido Comunista Chinês (PCC). Cada vez menos freqüentes a partir da década de 90, eles voltaram à cena política chinesa no início de 2006, com a seqüência de acusações de corrupção contra autoridades de médio escalão de Pequim, Tianjin, Fujian e Hunan. E atingiram o ápice em setembro último, com a prisão de Chen Liangyu, secretário do Partido em Xangai e um dos 24 membros do Politburo, o comitê político central do Partido.

Chen é o mais importante líder político chinês preso nos últimos onze anos. Além de enriquecimento ilícito, nepotismo e participação em atividades comerciais ilegais, ele é acusado de ter desviado US$ 400 milhões de fundos de pensão de Xangai. Zhu Junyi, chefe do escritório de pensões, e Qin Yu, assessor pessoal de Chen, foram presos também sob acusação de envolvimento no caso dos fundos de pensão.

A prisão de Chen está causando grande repercussão, não tanto por conta da aparente determinação do governo em combater a corrupção, mas fundamentalmente por evidenciar as disputas pela consolidação do poder do presidente Hu Jintao em torno das elites políticas de Pequim, em detrimento da chamada “gangue de Xangai” predominante na gestão de seu antecessor, o ex-presidente Jiang Zemin.

Não houve, entre os observadores internacionais, quem questionasse o envolvimento de Chen em atividades ilícitas. Mas o que se coloca em questão é o ímpeto do governo atual em afastar lideranças políticas vinculadas a Jiang Zemin e que têm se projetado nacionalmente em função do bom desempenho econômico das regiões que administram. Sob este prisma, Chen é um exemplo clássico de político cuja carreira sempre esteve ligada ao ex-presidente e, mais recentemente, de administrador não-alinhado com as políticas econômicas determinadas pelo governo central, especialmente no que diz respeito à redução no ritmo de investimentos em ativos fixos e combate à especulação imobiliária.

Também mais recentemente, Chen começou a ficar conhecido nacional e internacionalmente em função da criação de alguns slogans populares, como a promessa de consolidar Xangai com um grande “centro econômico internacional, moderno e socialista”, o que contrasta com os slogans do presidente Hu relativos à “sociedade harmoniosa”.

O episódio repete, com papéis trocados, o último expurgo importante do PCC. Em 1995, o então líder do Partido em Pequim, Chen Xitong (que, por coincidência, tem o mesmo sobrenome do líder expurgado em setembro último, mas não é parente), era considerado um rival político importante do ex-presidente Jiang Zemin, e foi igualmente preso sob acusação de corrupção.

Preparações para o 17o Congresso – Além de sugerir uma intensificação das disputas políticas no eixo Xangai-Pequim, ou entre facções favoráveis a Hu Jintao e a Jiang Zemin, as acusações contra Chen Liangyu chamaram a atenção em função da data em que foram divulgadas: cerca de quinze dias antes da sessão anual do Comitê Central do Partido, que ocorreu entre 8 e 11 de outubro. As reuniões são fundamentais na elaboração da agenda da 17ª sessão do Congresso Nacional do Povo, que será realizada em março de 2007. O Congresso, que se reúne a cada cinco anos, definirá as principais orientações políticas para o próximo qüinqüênio e nomeará um número relevante de novos líderes locais e nacionais em substituição às lideranças que encerrarão seus mandatos. Esse será um momento crucial para que Hu Jintao amplie o número de aliados nos governos provinciais e, assim, fortaleça seu poder nas esferas locais de decisão.

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