Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

26/09/2007 - 08:38

Tamanho Não é Documento


Perfil: Belmiro Valverde Jobim Castor, professor do corpo permanente do Doutorado em Administração da PUC do Paraná e Professor Colaborador do Mestrado em Organizações e Desenvolvimento da FAE Business School; membro da Academia Paranaense de Letras, consultor, diretor do Instituto Ciência e Fé, autor de "O Brasil não é para Amadores" acaba de lançar o livro Tamanho Não é Documento: Estratégias para a pequena e a microempresa brasileira

Fator Brasil.: Senhor Belmiro, o senhor já transitou pela administração pública e privada, qual é a saída que vê para que as micro e pequenas empresas cresçam definitivamente no Brasil, pois o brasileiro é um povo criativo, mas na hora de administrar, e fazer o marketing começam os atropelos.

Belmiro.: A saída é continuar a facilitar a criação, a existência e a sobrevivência delas e a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e o Supersimples são passos importantes nessa direção. No entanto, ainda há muito a fazer especialmente no aspecto da burocracia para criar uma empresa e no campo gerencial. Contrariamente ao que se pensa, as principais razões para a alta taxa de mortalidade infantil das pequenas e microempresas não é falta de financiamento e sim falta de capacidade gerencial de seus proprietários .

FB.: Nos corrija se a observação estiver incorreta: No Brasil de hoje existem as grandes Companhias, que conseguem créditos, garantias, etc.,juntos as instituições bancárias,  mas existem as médias e pequenas que amargam na fila para conseguir comprar tecnologia por exemplo, que aliás, as grandes possuem os consultores, e as médias e pequenas não sabem por onde começar.

B.: A observação está correta. Para a pequena e microempresa, o crédito é escasso e caro. Na realidade, o banco não estará emprestando para a empresa e sim para o empresário, baseado no seu retrospecto de crédito e sua capacidade de gerar negócios lucrativos. Quanto à tecnologia, essa é uma das dificuldades gerenciais mais importantes do pequeno e microempresário: saber onde buscar a tecnologia de que se tem necessidade. Hoje em dia com a Internet existe uma enorme oferta de tecnologias das mais variadas origens e tipos no Brasil e no exterior , mas é preciso saber procura-las.

Posso ilustrar com o próprio livro tamanho não é documento; eu estava procurando idéias para a capa e consultei vários ilustradores mas confesso que não gostei das idéias nem dos preços que me ofereceram. Comprei a ilustração da capa, que tem sido um sucesso pela Internet em um banco de ilustrações na Inglaterra por um preço muito atraente.

FB.: O senhor acredita que o Sebrae no Brasil ajuda até onde? E onde não está cumprindo o papel, ou está?

B.: Acho que o Sebrae cumpre um papel importantíssimo ao familiarizar os candidatos a empresário com as técnicas báscicas de gestão, etc. Mas ele não pode monitorar permanentemente as empresas que assiste. Cabe ao empresário desenvolver sua capacidade de observar o que está se passando no mercado, quais as tendências, quais as novidades no Brasil e no mundo e como tirar proveito dessas coisas. A isso se chama capacitação estratégica sobre o que há pouquíssima coisa estudada especificamente para as empresas de pequeno porte. foi pensando em suprir essa lacuna que escrevi o livro.

FB.: E o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, age como verdadeiros bancos públicos, ou poderia ser melhores com tratamento às micro, pequenas e médias empresas por exemplo.

B.: Tanto o Banco do Brasil como a Caixa têm alguns programas voltados para a pequena e microempresa mas acho que ainda se poderia avançar muito especialmente no apoio financeiro e gerencial aos chamados Arranjos Produtivos Locais, os APLs que são a versão brasileira dos clusters. Acredito que, mesmo que involuntariamente, o sistema bancário ainda acredita que investir na pequena empresa seja uma espécie de atividade de apoio social e não é absolutamente o caso.

FB.: Na sua ótica, quais são as estratégias fundamentais para uma empresa de fundo de quintal ou de uma home office se tornar uma empresa produtiva e rentável.

B.: O grande erro inicial dos pequenos empresários é que eles, por assim dizer, se enamoram de algumas idéias em vez de analisar as oportunidades reais que estão continuamente aparecendo no mercado. Vejo muitos candidatos a empresário raciocinarem assim: “ah, meu sonho é ter uma floricultura...” ou “meu sonho é abrir uma padaria”. E daí ele descobre que o sonho dele é igual ao sonho de muitos outros e que o mercado está repleto de floriculturas e de padarias. O raciocínio do candidato a empresário deveria ser diverso: mesmo que ele quisesse abrir uma floricultura ou uma padaria, ele deveria se perguntar: em que a minha floricultura será diferente de todas as outras para que as pessoas passem a preferi-la? O mesmo com a padaria. Que é que posso fazer que os outros não fazem? Esse é o primeiríssimo ponto e é o início de uma forma de pensar estrategicamente.

FB.: As micro, pequenas e médias empresas devem fazer marketing como as grandes?

B.: Elas devem fazer marketing mas de maneira compatível com seus recursos. Afinal, marketing não é só publicidade, promoção; é também o desenvolvimento de produtos, de sistemas de atendimento, de formas de distribuição, de estratégias de preço... O pequeno empresário pode desenvolver sua própria forma de fazer marketing. Vejo o meu próprio caso: editar e vender livros no Brasil é uma aventura difícil pois há poucas livrarias e menos ainda redes de distribuição que cubram o território todo. Além disso, os custos de distribuição são enormes o que onera tremendamente o escritor ou editor de um livro.

Decidi então montar um sistema muito simples de vendas via Internet. Os interessados entram no meu site (www.belmirovalverde.com.br) , podem ler gratuitamente um capítulo do livro para ver se é aquele tipo de informação e treinamento que estão procurando, preenchem um formulário de compra, clicam no sistema de emissão do boleto bancário e podem pagar o livro via Internet. Imediatamente após o recebimento da confirmação do pagamento – que o banco faz diariamente – o livro é expedido. Com isso, tenho vendido livros para vários outros estados como Amazonas, Bahia e Rio de Janeiro e no interior do Paraná e as margens que obtivemos são muito maiores. Já que eu estava me propondo a ensinar estratégia aos pequenos empresários, resolvi eu mesmo agir como um deles e estou muitíssimo satisfeito com os resultados.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira