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28/04/2012 - 11:48

IAC apresenta pela primeira vez na Agrishow trigo com o dobro de produtividade e redução de 30% na aplicação de defensivos agrícolas

Os pães com miolo branquinho são os preferidos pelos consumidores. Na base da cadeia produtiva do trigo está a pesquisa científica, realizada pelo Instituto Agronômico (IAC) de Campinas, que trabalha no desenvolvimento de variedades do cereal de coloração branca e alto teor de glúten, que determina a qualidade. O IAC apresenta pela primeira vez na Agrishow a IAC 385 Mojave, variedade de trigo lançada em setembro de 2011, com o dobro de produtividade quando comparada aos outros materiais paulistas, moderada resistência às principais doenças da cultura, reduzindo em 30% a aplicação de defensivos agrícolas, e ideal para a colheita mecanizada, utilizada em quase 100% dos trigais brasileiros.

A variedade IAC do tipo melhorador tem potencial produtivo em torno de seis mil quilos por hectare, enquanto as outras em uso no Estado de São Paulo produzem cerca de três mil, exceto a IAC 370 que tem rendimento idêntico ao Mojave, segundo o pesquisador do IAC, João Carlos Felício. “Esses resultados podem variar de acordo com a região e as condições de clima e solo, mas em condições ideais o produtor consegue atingir esses valores”, explica. A variedade IAC possui espigas grandes e alto potencial de inflorescência – responsável pela geração dos grãos.

A aplicação de defensivos agrícolas nas lavoras da IAC 385 Mojave pode ser reduzida em pelo menos 30%, pois a variedade tem moderada resistência à ferrugem da folha, às manchas foliares causadas por helmintosporiose e à brusone. As três são consideradas as principais doenças do trigo. “Geralmente o produtor faz de duas a três aplicações de defensivos agrícolas nas lavouras. Com essa moderada resistência, são necessárias apenas duas pulverizações, em condições propícias de clima e solo”, explica Felício.

A IAC 385 Mojave tem características de trigo melhorador e é utilizada para fabricação de pães especiais — como pão de forma e panetone — e para melhorar outras farinhas de qualidade inferior. De acordo com Felício, são três os tipos de farinhas existentes: tipo melhorador, tipo pão e outros usos – estes para consumo doméstico. “O que determina a qualidade da farinha é a quantidade de glúten, ou seja, a proteína expressa no teor de glúten úmido, e a força de estabilidade da massa (W). A IAC 385 Mojave contém 31% de glúten úmido, o que confere estabilidade da massa, no mínimo, de 14 minutos”, explica o pesquisador.

A força de glúten e a estabilidade correspondem ao tempo em que a farinha resiste nas máquinas para o processo de fabricação do pão, por exemplo. “Se os grãos de trigo não têm essa característica, quando forem bater a massa para fazer alguma receita, ela vai ficar elástica, parecendo um chiclete e isso não é bom para o resultado final do produto, pois o miolo do pão apresenta muita umidade”, afirma.

De acordo com o pesquisador, a cor branquinha do miolo do pão atrai o consumidor final e, consequentemente, os moinhos, que compram mais rapidamente em razão da preferência por farinhas de coloração branca. O aparelho que classifica a cor chamada Minolta registra variações de zero (cor preta) a 100 (cor branca). A IAC 385 Mojave tem classificação 94, o que lhe garante alto potencial para coloração branca. “Entre 92 e 94 na escala, o trigo é branco, menos que isso a farinha já é um pouco avermelhada. Desconheço uma variedade no mercado que esteja acima desse valor atingido pela IAC 385 Mojave”, ressalta Felício. A aparência da farinha de trigo tem relação direta com a comercialização.

Desenvolvida para colheita mecanizada a variedade possui porte baixo, de 85 cm a 90 cm, e moderada resistência ao acamamento, responsável por fazer as plantas caírem, impedindo a colheita por máquinas. A IAC 385 Mojave é também resistente à debulha natural. “É uma característica do trigo debulhar antes da colheita. Quando a espiga seca e a temperatura está alta, os grãos secam e caem, principalmente com a força da colheitadeira. Os grãos não conseguem ficar na planta, o que causa perda de produção para o agricultor”, explica Felício.

O cultivo é recomendado para a região de Capão Bonito, no Sudoeste Paulista. A expectativa é que em 2013 se estenda também para região de Assis, no Médio Paranapanema. As sementes da nova variedade estão sendo produzidas e devem ser disponibilizadas aos produtores também no próximo ano. A pesquisa teve o auxílio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), por meio do Polo Sudoeste Paulista e Polo Médio Paranapanema/APTA Regional. [www.iac.sp.gov.br ].

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