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10/05/2012 - 10:06

Gigantes da construção civil crescem com negócios em outros setores

Estudo da Dextron mostra que Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa hoje faturam mais em setores como petroquímico, telecomunicações e concessões do que com sua atividade tradicional.

Um levantamento realizado pela Dextron Management Consulting, consultoria focada em projetos de Estratégia e Organização, identificou que a construção civil já não é mais parte de maior relevância no faturamento de grandes empresas cujas atividades se originaram nesse setor. Após analisar as movimentações acionárias e os resultados financeiros dos três principais conglomerados desse mercado – Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa – entre 2002 a 2010, a Dextron concluiu que segmentos como telecomunicações, concessões e petroquímico já respondem pela maior parcela do faturamento dessas organizações.

Com uma estratégia de forte diversificação nos últimos dez anos, os gigantes da construção civil pesada do Brasil conseguiram reduzir o impacto dos fatores micro e macroeconômicos. “O levantamento reforçou a tese de que, quanto mais diversificada é a atuação das empresas de construção civil, menos impactadas elas são por fatores conjunturais”, afirma Rafael Di Matteo Joaquim, consultor da Dextron, ao acrescentar que o período de estabilidade na economia, proporcionado pelo controle dos juros e da inflação, permitiu analisar os ganhos reais nos resultados dessas companhias.

Entre 2002 e 2010, as três gigantes da construção pesada tiveram incremento significativo no faturamento, de 427% na Andrade Gutierrez; de 307% na Odebrecht, e de 229% na Camargo Corrêa. “Esse crescimento expressivo se deve principalmente ao aumento da participação acionária em empresas de setores diversos, ao ingresso em novos setores, à realização de joint ventures e aquisições, além de investimentos em concessões”, acrescenta Joaquim.

No caso da Odebrecht, o seu braço de petroquímica – a Braskem -, já representa mais de 60% do faturamento, enquanto a construção civil diminuiu seu share de 33%, em 2002, para 31%, em 2010.

Em 2002, o setor de telecomunicações da Andrade Gutierrez já respondia por mais de 50% do faturamento, enquanto o setor de construção civil representou em 2010 apenas 32%, acentuando uma tendência verificada nos últimos anos.

Já a Camargo Corrêa, com atividades bastante diversificadas em setores como calçados, cimento, desenvolvimento imobiliário, concessões rodoviárias e de energia, teve na construção civil, em 2010, apenas 32% do seu faturamento global, participação esta que chegou a ser até inferior a este percentual em 2002.

No que se refere ao Ebitda, o estudo da Dextron mostra que esse indicador foi influenciado diretamente na proporção do desempenho dos segmentos fora do setor da construção civil. Exemplo disso é que o Ebitda da Andrade Gutierrez aumentou a partir de 2007 – de R$ 1,4 bilhão para R$ 3,4 bilhões, em 2010 –, no período em que a Telemar, da qual é acionista, comprou a Luxemburgo Telecomunicações.

O mesmo ocorreu com a Odebrecht a partir de 2007, quando a Braskem, da qual é controladora, realizou uma série de aquisições no Brasil e no Exterior, além de uma joint venture com a Petrobras. Com isso, o Ebitda subiu de R$ 3,6 bilhões, em 2007, para R$ 6,2 bilhões, em 2010. Já a Camargo Correa registrou crescimento linear.

Por outro lado, o nível de endividamento das empresas controladas pelos três grupos se manteve alto, segundo a Dextron. No caso da Telemar, a aquisição da Brasil Telecom fez a dívida saltar de 57%, em 2007, para 73%, em 2008.

No caso da Braskem, a crise internacional de 2008 foi a principal responsável pelo aumento do endividamento de 70% para 84%. A CCR, controlada pela Camargo Corrêa, teve um pico em 2008 que reflete os grandes investimentos feitos pela empresa na linha amarela do Metrô de São Paulo e em concessões de estradas.

Retorno para os acionistas -Quando considerado o Total Shareholder Return (retorno para os acionistas), de uma maneira geral as ações foram muito mais influenciadas pela especulação do que pelo desempenho econômico das empresas.

“Embora a diversificação dos negócios tenha dado bons resultados para as ações, seja em receita ou Ebitda, os acionistas não ganharam na mesma proporção”, pondera Joaquim, ao observar que até mesmo as ações da CPFL, que também integra o braço de concessões da Camargo Corrêa, e que não foi abalada pela crise internacional de 2008, sofreram uma desvalorização em 2008, em função dos efeitos do mercado.

O estudo da Dextron concluiu que as ações da Telemar geraram baixo retorno ao acionista ao longo do período analisado, deixando de ser classificadas como blue chip em 2010. Já as da Braskem tiveram uma resposta muito positiva do mercado nos primeiros anos após a criação da empresa, levando a splits em 2003 e 2005. Daí até 2008 a empresa não proporcionou grandes ganhos ao acionista, caindo bastante com a crise internacional e depois se recuperando em 2009.

Em contrapartida, o ramo de concessões se mostrou menos suscetível às influências do mercado, favorecendo a Camargo Corrêa e seus acionistas, que apostaram nesse segmento. Enquanto as ações da CPFL se mantiveram praticamente estáveis, sem grandes picos ou quedas, as da CCR se valorizaram fortemente em 2003, em decorrência da venda da parte da Odebrecht para a Camargo Corrêa. O ápice dessa valorização fez inclusive com que a empresa realizasse um split em 2006.

Perfil-A Dextron Management Consulting é uma consultoria de negócios focada em projetos de Estratégia e Organização, atuando principalmente nas práticas de planejamento estratégico (estratégia de negócios, estratégia corporativa, estratégia de crescimento), governança corporativa, estruturação de fusões e aquisições, estruturação de modelo de negócios, arquitetura organizacional, transformação do modelo de negócio. [www.dextronconsulting.com].

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