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11/05/2012 - 16:09

“O livro digital deve criar uma nova relação com o saber”

A opinião é do historiador francês Roger Chartier, que participou no dai 10 de maio (quarta-feira), do Congresso Internacional CBL do Livro Digital, em São Paulo. Evento segue até amanhã (11/05), na Fecomércio, com realização da Câmara Brasileira do Livro.

Em palestra apresentada no dia 10 de maio (quinta-feira), durante o 3º Congresso Internacional CBL do Livro Digital, o historiador francês Roger Chartier expôs a tensão existente entre a cultura contemporânea, baseada napalavra impressa, e as possibilidades apresentadas pelas tecnologias digitais.

Na opinião do intelectual, deve-se evitar uma postura nostálgica neste novo momento, mas faz-se necessário compreender, com olhar crítico, as mudanças que essa realidade impõe na relação que tem a humanidade com o saber. “O livro digital deve criar uma nova relação com o saber. Devemos examinar a tensão fundamental entre o paradigma em que vivemos ainda e as transformações apresentadas pelas novas tecnologias”, resumiu Chartier.

O historiador também abordou o advento do livro digital nas escolas e universidades, com a popularização dos tablets. Para ele, esta tendência, da qual não se pode escapar, deve influenciar na construção e disseminação do conhecimento. Neste sentido, é necessário que haja uma postura crítica por parte da escola. "A tarefa da escola é mostrar que um texto, quando apresentado de formas diferentes, não é o mesmo texto. E isso mesmo que as palavras e as vírgulas sejam as mesmas", exemplificou. O mesmo acontece com a leitura, uma vez que a forma desta é imposta pela materialidade do objeto. "A forma afeta o sentido", argumentou Chartier, usando como exemplo os rolos manuscritos, que exigiam uma leitura contínua e uma mobilização de todo o corpo, o que impedia, por exemplo, que se escrevesse enquanto se lia.

As mudanças impostas pelo advento do digital, entretanto, têm um precedente: no século XV, os tipos móveis transformaram profundamente o fazer literário. E o efeito pôde ser visto com o advento das enciclopédias, por exemplo. Com o digital, a diferença é, basicamente, que as “telas acolhem todo e qualquer texto”. Isso implica numa mudança fundamental na absorção dos conteúdos. “Este mundo é um mundo de fragmentos descontextualizados, uma vez que tudo esta na tela: romances, artigos, e-mails etc.”, exemplificou Chartier.

Uma das implicações desta mudança é o que ele chama de “leitura descontínua”. Ainda assim, o palestrante defendeu a apropriação das possibilidades abertas pelas novas tecnologias. Com a digitalização, o livro passar a ser uma jazida enorme onde buscamos informações pessoais. Ele usou como exemplo o Google, com seu projeto de digitalização do acervo das mais importantes bibliotecas do mundo: neste sentido, o livro passar a ser um banco de dados. “A digitalização passa a ser vista como uma inesgotável mina de informação”, concluiu o historiador.

.[ 3º Congresso Internacional CBL do Livro Digital, dias 10 e 11 de maio de 2012, dia 11 de maio (sexta-feira), das 8h às 19h,no Centro Fecomercio de Eventos .Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo – SP. Inscrições: www.congressodolivrodigital.com.br/site/inscricoes| Mais informações: www.congressodolivrodigital.com.br].

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