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27/09/2007 - 19:59

A importância da cultura ecológica na formação do executivo moderno “Governança Ambiental”

Furacões nos EUA, tsunamis na Indonésia, inundações na Europa, nevascas nunca vistas no hemisfério norte, calor sufocante na América do Sul em plena primavera. O clima da Terra está enlouquecido e o aquecimento global á o grande vilão. A revista “Época” de 2 de abril de 2007 publicou capa com uma fotomontagem mostrando o que poderá acontecer com o Rio de Janeiro até o final do século se nada for feito contra o aquecimento do nosso planeta.

Na clássica foto aérea do Cristo Redentor, “braços abertos sobre a Guanabara”, como disse Tom Jobim em seu clássico Samba do Avião, o símbolo da Cidade Maravilhosa abraça uma metrópole submersa nas águas do Oceano Atlântico. Copacabana, Ipanema, o hipódromo da Gávea, a Lagoa Rodrigo de Freitas e outros cartões-postais cariocas, segundo os cientistas, simplesmente desaparecerão nos primeiros anos do século 22 a se manter o ritmo de derretimento das geleiras da Groelândia e da Antártida. A mesma reportagem adverte que, até 2100, o aquecimento global poderá reduzir a Floresta Amazônica à metade, 60% do que ainda resta da Mata Atlântica poderá desaparecer, o semi-árido nordestino se transformará num grande deserto, a acidez dos oceanos exterminará muitas espécies anim ais e aumentará o risco de furacões nas grandes cidades brasileiras.

Um exemplo comezinho: segundo especialistas, o número de pessoas picadas por escorpião nas grandes cidades quase dobrou nos últimos quatro anos. Qual a razão? A destruição das matas fez com que esses bichos se adaptassem à cidade e, com o aquecimento global, passassem a se reproduzir durante todo o ano e não apenas na primavera, como sempre ocorreu.

Fatos como esses demonstram que o cuidado com o meio ambiente deixou de ser apenas retórica e passou a ser uma questão concreta, preocupante e determinante do futuro das próximas gerações. Trata-se de definirmos agora o mundo que queremos deixar para nossos descendentes, de termos uma noção clara dos malefícios que estamos provocando a nós mesmos e os riscos que impingiremos àqueles que irão nos suceder.

Ironicamente, a maioria das pessoas, no seu dia a dia, faz de conta que esse assunto não é com elas, apesar de seus efeitos nocivos que nos irritam os olhos, ferem nossas narinas e comprometem nossa saúde. Saímos da fase pioneira e plena de fanatismo dos ambientalistas de plantão para outra que vê o tema com binóculo invertido, ao longe, como se só acontecesse com os outros. Só somos acometidos de pequenas e incomodas alergias.

Em recentes estudos e pesquisas desenvolvidos pelo Gartner Group, reconhecida mundialmente como a maior e mais importante empresa de mensuração e avaliação de ambientes tecnológicos, constatou-se que todo o parque mundial de equipamentos em pleno funcionamento é responsável por 0,75% das emissões globais de dióxido de carbono, num crescimento assustador.

O Gartner dividiu as empresas em três grupos, para classificá-las quanto à sua posição frente ao binômio, postura ecológica x tecnologia: 1ª - as agressivamente ecológicas, que são minoria e que se caracterizam por implementar políticas de sustentabilidade com a finalidade de reduzir o impacto de suas operações no meio ambiente;

2ª - as relativamente ecológicas, em grande número e que só reagem quando as questões ambientais tornam-se relevantes sob as perspectivas econômica, de risco, das agências regulatórias e do marketing;

3ª - as ecologicamente passivas, faixa em que se localiza a maior parte das empresas, que não dão a mínima importância para o assunto, como se isso não fosse de sua responsabilidade.

Da mesma forma a maior parte das empresas ainda não faz exigência dessa cultura ambiental na hora de selecionar seus executivos. Não que o tema seja descuidado ou desprezado nas universidades – uma rápida consulta ao site da USP, por exemplo, mostra que existem 79 disciplinas relacionadas ao meio ambiente nos cursos de graduação, e 89 outras em pós-graduação –, mas ainda não é devidamente valorizado tanto quanto o são outras capacitações, como o domínio da informática, de uma terceira língua estrangeira ou ainda de um MBA de alto conceito e até mesmo a prática da Responsabilidade Social. São práticas de ação e efeitos imediatos.

As políticas ambientais são muito mais corretivas do que preventivas. O que se nota são ações pontuais de órgãos governamentais atendendo a situações de calamidade, portanto na ótica corretiva ou de empresas visando a “preservação” de áreas e mercados sob o vezo comercial. Existe uma preocupação mundial com o meio ambiente, contudo inexiste uma ação global, integral, total, coordenada e contínua daquilo que podemos denominar de uma “boa governança ambiental”. Vide Protocolo de Kioto.

Executivos de empresas químicas transnacionais – as que hoje em dia mais se preocupam com a questão ambiental – acreditam que esse quadro forçosamente terá de se modificar, impulsionado pelo próprio mercado. Um deles foi categórico ao afirmar que a responsabilidade ambiental para qualquer empresa é fundamental para a sua sustentabilidade. Para ele, os temas ambientais diariamente discutidos pelos meios de comunicação ajudam a criar uma consciência na população em geral, que passa a exigir do poder público e das empresas soluções integrais e continuadas, de longo prazo, para os problemas que se apresentam. Essas pressões continuamente ganham importância à medida que o planeta apresenta claros sinais de mudanças no clima causados pela poluição, com suas desastrosas conseqüências.

Outro executivo consultado alerta que a preocupação com o “crescimento sustentável” está começando a ser um fator de diferenciação de mercado, atraindo para si uma porcentagem de clientes ainda não fidelizados pela concorrência.

Assim, é de se esperar que empresas e organizações passem a conferir mais peso específico à “cultura ambiental” de seus executivos e não será surpresa se dentro de quatro ou cinco anos os critérios básicos da “boa governança ambiental” venham a ser determinantes na contratação de profissionais.

. Por: Luiz Felipe de S. Calazans, Consultor Sênior e Sócio-Diretor da Transearch Brasil, é um dos raros profissionais que construiu sua carreira, na atividade de Executive Search. Com 40 anos de experiência no setor, especializou-se na busca e seleção de executivos para ocuparem funções diretivas nas áreas de Recursos Humanos, Jurídica, Finanças e Controladoria, dentre outras.

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