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29/09/2007 - 13:27

Vale do Rio Doce com mais potencial de mercado que a Petrobras

A Companhia Vale do Rio Doce ultrapassou nesta sexta-feira a Petrobras em valor de mercado, caminhando para ocupar o lugar de papel mais importante da Bovespa.

Segundo analistas, o fato evidencia o risco político da estatal e a volatilidade do petróleo, ao mesmo tempo em que indica as perspectivas otimistas para o setor de mineração.

As ações da Vale já subiram quase 100 por cento este ano, frente aos pouco mais de 21 por cento de Petrobras e 37,3 por cento do Ibovespa. A mineradora já havia ultrapassado a estatal em lucratividade no primeiro trimestre e em volume financeiro na Bovespa em meados de 2007.

Essa valorização levou o valor de mercado da Vale a atingir 284,3 bilhões de reais por volta das 16h desta sexta-feira, acima dos 283,6 bilhões de reais da Petrobras. Em 1999, segundo levantamento da consultoria Economática, o valor de mercado da mineradora estava em 8 bilhões de reais e o da estatal em 22,8 bilhões de reais.

Entre os fatores contribuindo para o forte desempenho dos papéis da Vale nas últimas semanas está a revisão das expectativas para o reajuste do preço dos contratos de minério de ferro para o ano que vem.

Analistas esperam agora aumento entre 20 e 30 por cento, com alguns prevendo até 50 por cento. No meio do ano, falava-se em alta de 10 por cento.

"A Vale está tendo um comportamento melhor por causa dessa previsão super-otimista de reajuste. E ninguém consegue prever exatamente como vai estar o petróleo no final do ano. Acho que isso é um dos motivos que explica a correlação da Vale com as expectativas (de reajuste) ser bem maior que no caso do petróleo (com Petrobras)", explicou André Querne, sócio da Gestão Rio. No caso da Vale, o aumento tem duração de um ano.

"Petrobras, por fundamento, tem tido notícias muito boas, não só o preço do barril do petróleo lá fora, mas várias descobertas. Acho que tem um pouco de peso de risco político. A Vale é uma empresa privada e a Petrobras, não", ponderou Querne.

O barril do petróleo superou 83 dólares em Nova York na quinta-feira, maior nível da história. A commodity estava em torno de 60 dólares no início do ano.

"Muita gente achou que ela ia ter que carregar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas costas. O estrangeiro não gostou e começou a vender um pouco. Teve ainda a indefinição do diretor da área de gás, o estrangeiro também não gostou", disse Luiz Roberto Monteiro, assessor financeiro da corretora Souza Barros.

Na semana passada, o diretor de gás e energia da Petrobras Ildo Sauer foi afastado para acomodar a presidente da BR Distribuidora Maria das Graças Foster, que, por sua vez, cedeu o cargo para o petista e ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra, derrotado nas eleições para o Senado em 2006.

Nos meios políticos, especula-se, no entanto, que as mudanças na estatal não terminaram. O próximo passo seria ceder as diretorias das áreas internacional e de abastecimento para partidos aliados, como o PMDB.

A Petrobras é o carro-chefe da bolsa paulista desde janeiro de 2006, quando ultrapassou a Tele Norte Leste. Hoje, a estatal tem peso de cerca de 16 por cento no Ibovespa, somando preferenciais e ordinárias, enquanto a mineradora tem participação em torno de 13 por cento.

A média diária de negociação de Petrobras em janeiro era de 426 milhões de reais frente ao 292,4 milhões de reais de Vale, de acordo com dados da Economática. Em julho, a situação se inverteu e, em setembro, a média de negociações até o dia 27 era de 518,6 milhões de reais para as ações da Petrobras, abaixo dos 574,7 milhões de reais da Vale.

"Depois da crise do mês passado, o investidor se concentrou muito em ações de primeira linha, porque se tivesse algum dado que surpreendesse de forma negativa, você conseguiria sair com velocidade das posições", comentou Querne, da Rio Gestão.

Para a analista de uma corretora internacional de grande porte, a Vale tem ainda um grande potencial de crescimento e está livre das amarras políticas que seguram a Petrobras.

"A Vale ainda será muito maior do que é hoje. No ano que vem, o aumento do minério vai compensar o ajuste fora da realidade deste ano", disse a analista que pediu para não ser identificada.

Ela destacou que, em 2007, o ajuste de 9,5 por cento para o minério de ferro ficou muito aquém da realidade do mercado. "Agora vai ter que compensar. Não me espantaria algo acima de 50 por cento", afirmou.| Por: Juliana Siqueira e Denise Luna/Reuters.

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