Os desafios do ensino de administração e economia para um mundo sustentável

Criar um mundo onde valha a pena viver: eis uma boa descrição do desafio da Sustentabilidade. Para construir uma sociedade que melhore o bem-estar dos seus membros, com os negócios contribuindo para o seu sucesso, é necessário criar líderes que abracem os desafios que são enfrentados coletivamente. Só que, para desenvolver lideranças globalmente responsáveis, é preciso redefinir o quadro e as funções de gestão da educação de áreas-chave como administração e economia.

É nesse contexto que surgiu a ONG 50+20. Trata-se de um projeto colaborativo de um amplo grupo de instituições de ensino de gestão de todo o mundo que questionam criticamente o pensamento atual e prática de administração e gestão. O ponto de partida é o fato de que ainda hoje as premissas disseminadas pelas faculdades foram estabelecidas na década de 50 do século passado, quando o mundo vivia outra situação e itens como externalidades e resiliência dos ecossistemas sequer existiam.

Seu nome deriva do fato de que a pauta do ensino de administração e gestão foi definida durante a década de 1950 pela Carnegie and Ford Foundation nos EUA. Por outro lado, estamos às vésperas da Rio +20, que marca o vigésimo aniversário da Cúpula da Terra Rio 1992. Ou seja, ao mesmo tempo em que temos uma agenda de 50 anos que precisa ser revista, temos 20 anos desde que os governos foram instados a repensar o desenvolvimento econômico e encontrar maneiras de deter a destruição de recursos naturais insubstituíveis. É nesse momento da história que se insere o projeto da 50+20 para redefinir a agenda do ensino de administração e gestão.

A visão da 50+20 diz respeito à transformação da educação para desenvolver líderes responsáveis para um mundo sustentável. Essa visão descreve três papéis fundamentais na gestão da educação, a saber:.Educar e desenvolver líderes globalmente responsáveis. .Favorecer o surgimento das condições necessárias para que as organizações empresariais sirvam o bem comum; .Promover o engajamento com a transformação dos negócios e da economia.

Um quarto elemento unificador é a colaborativo, ou seja, o espaço onde alunos, educadores e pesquisadores se reúnem com stakeholders para tratar de questões relevantes. O modelo colaborativo é uma evolução da plataforma de comunicação que pode ser estabelecido em qualquer lugar, virtual ou real, dentro de uma escola de gestão, nas empresas ou comunidades. Seus principais pontos fortes residem em favorecer uma aprendizagem centrada em questões relevantes, realizando pesquisas para um mundo sustentável e proporcionando um canal aberto entre a academia e a prática.

A 50+20 é uma iniciativa de colaboração entre três organizações: o Conselho Mundial de Negócios para Escola de Negócios Sustentáveis (WBSCSB), a Iniciativa de Liderança Globalmente Responsável (GRLI) e os Princípios da Educação em Gestão Responsável (PRME, apoiados pela ONU), que tem trabalhado em conjunto há dois anos. Inclui também 16 escolas de negócios de todo o mundo como coautores institucionais, bem como mais de 100 contribuintes individuais de todo o mundo.

.Por: Thomas Dyllick, diretor do Instituto de Economia e Meio Ambiente da Universidade de St. Gallen (Suíça) e co-fundador do World Business School Council of Sustainable Business (WBSCSB)