Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

31/05/2012 - 08:50

Controvérsias em Imunizações

Rio recebe especialistas de vários estados para debater sobre vacinação em situações especiais.

Com o objetivo de discutir e buscar consenso para a indicação de vacinas em situações especiais, conferencistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais estarão reunidos no próximo dia 2 de junho, para a realização do evento Controvérsias em Imunizações na cidade do Rio de Janeiro. Entre os temas estão: recomendação alternativa da vacina contra o HPV (recomendação para pessoas fora da faixa etária prescrita em bula, sua eficácia ou não); a vacinação de gestantes e lactentes contra coqueluche; como proceder com os pacientes alérgicos à proteína do ovo ou qual é a melhor idade para aplicação da segunda dose da vacina contra varicela serão debatidos no evento. Também está na pauta a indicação da vacina inativada contra a pólio (VIP) para adolescentes brasileiros. Os médicos aceitaram participar do debate a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações – SBIm.

“Esse é um evento anual que representa uma grande oportunidade de discutir questões extraordinárias, que implicam em tomadas de decisão visando à proteção do paciente, mas que estão além do que é determinado como padrão. A partir das conclusões dos especialistas, poderemos sugerir orientações para médicos de todo o país”, afirma Renato Kfouri, presidente da SBIm Nacional.

HPV para maiores de 26 anos -A indicação da vacina contra HPV para mulheres com mais de 26 anos está sendo considerada mediante os estudos que verificaram ser alto o índice daquelas que apresentam sorologia negativa para os tipos de HPV 16 e 18, causadores de câncer. "Estudos mostram que 68% das mulheres com idade entre 26 a 35 anos estão suscetíveis", destaca Guido Carlos Levi, vice-presidente da SBIm Nacional. Entre as que têm de 46 a 50 anos, o percentual de suscetíveis é de 65,6%. "Esses dados reforçam a importância da vacinação mesmo que a mulher esteja acima da faixa etária recomendada na bula. Embora a vacina não vá tratar infecções pré- existentes, ela ainda será útil para a prevenção da infecção por outros sorotipos", acrescenta Levi, que vai apresentar esses dados durante o evento. Outros estudos mostram que o risco da infecção por HPV aumenta com a idade, devido ao maior número de parceiros sexuais ao longo do tempo. Países como Austrália, México, Turquia, Índia, Equador, Filipinas e Macau já autorizam formalmente a vacina do HPV para maiores de 26 anos. "É importante lembrar que não há uma contraindicação específica para o uso da vacina nesses grupos. O que vamos discutir é o benefício da indicação", afirma Levi.

Coqueluche: a vacinação não deve esperar o bebê nascer -Com o aumento dos casos de coqueluche entre bebês, tendo os pais como os principais transmissores da bactéria Bordetella pertussis, causadora da doença, a indicação da vacina para grávidas e lactentes é um dos principais tópicos a ser debatido no evento. O tema, que será tratado pela médica Isabella Ballalai, presidente da SBIm - RJ, vem merecendo atenção mundial, principalmente pelo fato de os adultos estarem transmitindo a doença para as crianças pequenas. Esta situação motivou a criação da “Estratégia Cocoon", que é a imunização de todas as pessoas que estão em contato direto com a criança (familiares, profissionais de saúde, educadores etc.).

De acordo com Ballalai, a vacinação pré-natal representa melhor custo-efetividade, já que previne mortes em 51% dos casos (na vacinação pós-parto, esse índice cai para 21%). "Vacinar a mulher durante a gestação significa aumentar a proteção nos primeiros meses de vida da criança”, afirma. Durante o evento Isabella Ballalai irá enfatizar que a Estratégia Cocoon continua sendo importante e que essa vacinação de pai, irmãos, babás e avós, por exemplo, também deve ocorrer, preferencialmente, antes do nascimento do bebê.

Prevenção da febre amarela em idosos -A validade da indicação para idosos da vacina que previne a febre amarela será discutida pelo médico José Geraldo Leite, da SBIm – MG. O tema está em pauta devido ao maior risco de reações adversas em pessoas com mais de 60 anos. José Geraldo alerta para a importância de se considerar cada caso isoladamente. "É preciso analisar a realidade epidemiológica na qual o paciente está inserido. Sempre que o risco de contrair a doença por meio da picada do mosquito for maior do que o risco de reações adversas possíveis de ocorrer em idosos, a escolha deve ser pela imunização", defende. O parâmetro é considerar a realidade epidemiológica na qual reside o paciente ou para onde ele pretende se destinar, em caso de viagens.

Antecipação da vacina contra varicela -A antecipação da primeira dose da vacina contra varicela (catapora) é outro ponto polêmico e será discutido no Controvérsias em Imunizações pelo médico Juarez Cunha, da SBIm- RS. A indicação atual é que a vacinação tenha início aos 12-15 meses de vida, para evitar a interferência de anticorpos maternos na resposta vacinal da criança. Contudo, já é conhecida a eficácia da aplicação de "dose de emergência" com o objetivo de prevenir a doença em bebês que tiveram contato com pessoas infectadas pelo vírus da varicela. "Diante dessa constatação, vamos discutir as indicações e a proteção conferida aplicando a primeira dose antes de 1 ano e após os 9 meses de idade e, nessa situação, como proceder posteriormente: serão necessárias mais uma ou duas doses da vacina? Quando aplicá-las?", questiona Cunha.

Outra discussão envolvendo a mesma vacina é se os especialistas irão recomendar a antecipação da segunda dose. No uso rotineiro da vacina, a indicação é que a primeira dose seja aplicada entre 12-15 meses e a segunda entre os 4-6 anos de idade. Em caso de exposição/contato com a doença é recomendada a antecipação da segunda dose. “Se já está definida a importância da dose de reforço e se há recomendações de antecipar caso seja necessário, por que não recomendá-la mais precocemente?”, questiona o médico. O que motiva o debate é a possibilidade da ocorrência da doença em crianças já vacinadas com uma única dose e a comprovação de que a dose de reforço pode conferir proteção de até 100%.

Adolescentes e a Vacina Inativada contra Poliomielite (IPV - sigla em inglês) -Atualmente existe o risco de queda da imunidade contra a poliomielite no adolescente brasileiro, embora a imensa maioria tenha sido vacinada na infância. Esta afirmação é da médica Luiza Helena Arlant, vice- presidente da Sociedade Latinoamericana de Infectologia Pediátrica, que defende o reforço na imunização de jovens e adultos contra a doença. “É mais seguro manter esse adolescente protegido e é esse o debate que iremos levar ao Controvérsias este ano”, disse. O vírus da pólio ainda circula mesmo em países que já erradicaram a doença, como é o caso do Brasil. Isso ocorre também porque o vírus presente na vacina oral, usada nas campanhas e na vacinação de rotina, é eliminado nas fezes das crianças vacinadas. "Essa vacina oral de vírus atenuado foi estratégica para conseguirmos reduzir o número de casos de poliomielite a zero no Brasil. Contudo, hoje, a realidade é diferente do que em anos passados quando tínhamos um número muito grande de casos de poliomielite no Brasil e no mundo, especialmente em crianças. Com a redução atual expressiva dos casos, o número de adolescentes e adultos mais velhos susceptíveis tende a aumentar porque a imunidade tende a diminuir. Daí a importância da dose de reforço com a vacina inativada", defende Luiza.

A vacina VIP não é indicada somente para adolescentes. Ela pode ser também aplicada em pessoas de todas as idades. “Também indicamos a VIP para o viajante que se dirige a países nos quais ainda existe a doença, como é o caso de adolescentes que fazem intercâmbio fora do país, especialmente países onde a pólio ainda existe em níveis endêmicos”, explica Luiza. De acordo com a médica, a vacina inativada VIP tem uma resposta imunogênica excelente. “A doença em adultos é tão grave como em crianças, com uma letalidade bastante alta. Antes nós não tínhamos a vacina VIP produzida e fornecida em larga escala para indicar nas faixas etárias maiores e em grande número de pessoas, agora é o momento de garantir a proteção de nossos adolescentes e adultos contra poliomielite”, ressalta.

Como proceder com os casos de alergia à proteína do ovo? As vacinas estão entre os medicamentos mais seguros e eficazes para a prevenção de doenças infectocontagiosas. Algumas, no entanto, são produzidas a partir do cultivo de vírus em ovos, o que pode representar limitação de uso por pessoas com alergia a esse alimento. A possível alergia a vacinas nestas pessoas leva alguns médicos a deixar de prescrevê-las. "Apenas pessoas com reações extremas à ingestão de ovos (anafilaxia, isto é, choque, falta de ar, edema de lábios, urticária generalizada), devem se precaver", orienta Gabriel Oselka, pediatra e presidente da Comissão de Imunizações da Secretaria de Saúde de São Paulo. Segundo o médico, que vai tratar do tema durante o Controvérsias, tais casos são muito raros e excepcionais. De acordo com ele, das vacinas disponíveis hoje no Brasil, apenas as da gripe e febre amarela são produzidas em ovos. "Nesses casos, a orientação médica aos alérgicos é fundamental", orienta.

"O objetivo da SBIm é, a cada edição do Controvérsias, é democratizar o acesso às informações de qualidade, atendendo, assim, ao estatuto da entidade que prevê o incentivo à educação continuada na área de imunizações", destaca o presidente da SBIm Nacional, Renato Kfouri. As inscrições são gratuitas e as vagas, limitadas.

Controvérsias em Imunizações, dia 02 de junho de 2012 (sábado), das 8h às 18h, no Centro Empresarial Mário Henrique Simonsen, Avenida das Américas, 3.434. Bloco 8. Rio de Janeiro (RJ). Data Limite para inscrições: 31 de maio de 2012.Inscrições pelo site: http://www.sbim.org.br

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira