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31/05/2012 - 10:24

É possível conciliar ética com gestão?

É fato que todas as decisões tomadas por uma empresa afetam a sociedade direta ou indiretamente. Diante desta realidade e das novas tecnologias de comunicação, que cada vez mais possibilitam às pessoas denunciarem as consequências negativas das ações empresariais, os executivos começam a entender a importância da ética na gestão das organizações e até mesmo buscam treinamentos sobre o assunto.

A psicóloga Júlia Ramalho Pinto, Mestre em Administração de Empresas e coach, há dez anos vem pesquisando e ministrando treinamentos sobre esse tema nas organizações. Para ela, a questão da sustentabilidade de uma empresa no mercado está diretamente ligada aos gestores que deliberam de forma ética e responsável as suas decisões.

Segundo ela, ética é um sistema de balizamento e questionamento que deve ser usado na tomada de decisões. No mundo corporativo está ligado a um planejamento de longo prazo, pensando responsavelmente nas consequências que podem afetar os atores que os cercam. Esses atores ou stakeholders são funcionários, parceiros, clientes, meio-ambiente, sociedade e etc.

“Percebe-se uma demanda cada vez maior pela ética, uma vez que os padrões que nos orientavam não são mais suficeintes para dar conta da complexidade das decisões vividas pelos gestores. Principalmente por este mundo, onde a comunicação é rápida e atinge milhares de pessoas ao mesmo tempo, as organizações não podem apenas parecer éticas, elas têm que ser éticas. Pois, um deslize apenas pode ganhar proporções catastróficas”, afirma Júlia.

Casos que marcam -Milhares de exemplos podem ser apontados como uma falta de pensamento ético na elaboração das estratégias e da gestão empresarial. Um dos casos clássicos, lembrado por Júlia Ramalho Pinto, aconteceu na década de 30 quando funcionários da empresa General Motors apresentaram ao presidente executivo da empresa, Alfred Sloan, um vidro de segurança para ser usado no para-brisa dos carros. Segundo contam, ele teria negado a utilização e ainda dito: “se eu aceitar todas as bobagens que me são propostas, onde vai parar o dividendo dos acionistas?”.

“Quantas pessoas morreram ou ficaram desfiguradas por causa dessa decisão? Pensar que as empresas têm por objetivo apresentar resultados e lucros, não há dúvida. Mas, o como se produz este resultado e o que se faz com estes resultados são questões fundamentais que a ética coloca. Muitas vezes, uma decisão pensando no lucro imediato pode trazer consequências sérias para o meio ambiente, funcionários e etc e, mesmo para a imagem da organização. Quem pensa e age de forma estratégica e responsável sabe que, às vezes, o menor lucro hoje pode garantir a sustentabilidade e o sucesso no futuro”, aconselha Júlia.

Treinamento ético para gestores -Empresários e gestores são constantemente chamados a tomar decisões nas quais, consciente ou inconscientemente, os valores que orientam suas vidas são envolvidos. Para a norte-americana Laura Nash, autoridade mundial em ética empresarial e professora da Harvard Business School, a ganância, relatórios distorcidos, inadimplência, fraude, deslealdade, má qualidade, favoritismo, conflito de interesses e falsidade ideológica são alguns itens que influenciam as decisões do dia a dia do administrador.

“Por isso, devemos estimular essas pessoas a olharem 360 graus sobre o impacto de suas ações e decisões. Nos treinamentos que ministro sobre o tema sempre procuro ampliar a forma como esses gestores enxergam suas decisões e refletem sobre as consequências”, diz Júlia Ramalho Pinto.

O Diretor Executivo Financeiro da Sicoob-Credicentro - Cooperativa de Crédito Rural de Livre Admissão de Curvelo (MG), Onésimo Diniz Moreira, participou de um desses treinamentos sobre ética corporativa e indica para todos os gestores. “Acredito que esse curso deveria ser ministrado em todas as empresas e instituições. O conteúdo clareia muito bem os conceitos e norteia nossos atos para sermos mais éticos na nossa profissão. Além disso, os princípios éticos foram desenvolvidos em toda nossa equipe de trabalho, o que trouxe melhores resultados e transparência para toda a empresa”, finaliza Onésimo.

.Por: Júlia Ramalho Pinto, Mestre em Administração de Empresas e psicóloga, com atuação em psicanálise. Sócia-diretora da Estação do Saber, onde atua como curadora e coordenadora de projetos educacionais e culturais. Assina a curadoria e coordenação do Encontro de Twitteiros de Culturais de Belo Horizonte (ETC-BH). Atua como psicóloga clínica (com foco em psicanálise) e organizacional (com foco em desenvolvimento de líderes, cultura organizacional e engajamento cívico). Além disso, coordena e ministra cursos, palestras e conferências de liderança e desenvolvimento de pessoas (ética e responsabilidade social, gestão de equipes, liderança e coaching). [ http://estacaodosaber.com].

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