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Lixo não combina com enchente

As chuvas que castigam a região Sudeste nessa época do ano trazem de volta a eterna preocupação com as enchentes. Alguns aspectos contribuem para agravamento da situação, como a ocupação irregular e desordenada de áreas propensas às cheias e o solo impermeabilizado por camadas de asfalto. A solução desse problema é uma dor de cabeça para os governantes, sobretudo nos grandes centros. Para piorar, a população também não colabora com a limpeza das ruas e produz uma quantidade incalculável de lixo que naturalmente termina em bocas de lobo, bueiros e piscinões. Um país que almeja crescer não se pode prestar a esse tipo de comportamento, seja na periferia ou nos bairros de alto padrão.

Estimativas indicam que as ruas de São Paulo recebem diariamente 300 toneladas de lixo. A maioria dessa sujeira termina nos rios que circundam a cidade, especialmente a Bacia do Tietê. No ano passado, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) fez uma experiência interessante nas proximidades da ponte do Piqueri, na Marginal Tietê. A estatal montou uma barreira para observar a quantidade de lixo despejado no local. Em apenas 36 horas, conseguiu reunir sujeira suficiente para encher 150 caminhões, com material produzido pela população e despejado nos mais de 200 córregos que deságuam no rio.

Papéis de bala, embalagens de chocolate e bitucas de cigarro têm um impacto tão grande no Meio Ambiente quanto o lixo doméstico armazenado sem critério. Infelizmente, as pessoas ainda não se conscientizaram do impacto que esse descaso tem em suas próprias vidas. O sujeito que hoje atira lixo pela janela do carro ou do ônibus é o mesmo que amanhã aparece na TV cobrando soluções para as enchentes. Esse tipo de atitude, contraditória em si, não contribui em nada para elevar a discussão em torno de melhorias para o local onde se vive.

Muitas vezes, a justificativa para esse tipo de comportamento é condicionada à falta de educação da população. Em partes, faz sentido. Mas não é só isso. Em bairros mais privilegiados, o transeunte também é obrigado constantemente a desviar da sujeira produzida por animais de estimação, que literalmente se amontoa pelas calçadas. Ou seja, o problema não se concentra apenas nas mãos dos cidadãos desinformados. Infelizmente, parece que o hábito de despejar o lixo nas ruas já se transformou em um problema cultural. Pois não conheço ninguém que se atreva a atirar papel no chão da própria cozinha, ou que tenha o costume de apagar bitucas de cigarro no carpete da sala.

Já está na hora de as pessoas se conscientizarem de que só poderemos ter nossos direitos respeitados quando cumprirmos alguns deveres. Pode-se reclamar da falta de lixeiras nas avenidas, mas usar o argumento como desculpa para sujar a cidade é uma maneira simplória de lidar com a questão. Afinal, é tão difícil enfiar um papel de bala no bolso até encontrar um local adequado para se livrar dele? Acho que não. Definitivamente, rua não combina com lixo. E vice-versa.

. Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e membro da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: [email protected]

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