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CANAIS

12/06/2012 - 12:08

Crimes passionais, e a distorcida visão do amor

Não há quem não tenha se indignado com o assassinato e esquartejamento do empresário Marcos Kitano Matsunaga, ocorrido num bairro nobre de São Paulo; aliás, perto da minha residência, a uns três ou quatro quarteirões... Confesso que, como cidadão e Advogado, demorei a digerir o enredo que traduz a forma pelo qual os fatos se sucederam nesse crime brutal.

Logo me veio à mente aquele velho ditado popular, que diz que “o diabo ajuda a matar, mas não a esconder o corpo”. Mas, acima de tudo, sobreposta a qualquer delito, paira uma reflexão sobre o que está realmente ocorrendo na nossa sociedade, em que as questões amorosas acabam transmigrando para a violência. Como não poderia ser diferente, nesta noite mal consegui dormir, até sentar-me ao lado do meu chá de camomila, neste sábado nublado e, de gole em gole, ir entendendo os fatores que envolvem o amor e a violência.

Será que poderíamos pensar que o agente delituoso, ou o criminoso, ao analisar a pena a ser cumprida pelo crime de homicídio, num cálculo macabro acabaria por entender valer a pena cometê-lo em razão do real e das medidas legais? Ou o amor, o ciúme, a traição, paga-se hoje com violência e não mais com um copo de uísque, num canto de um bar ao som de Nana Caymmi?

O que era mais um motivo que antigamente se resolvia com álcool, ombro de amigos, música de dor de cotovelo, e que muitas vezes inspirava os velhos compositores, hoje se resolve a bala. Tá louco? Assim dá até medo de a gente amar. Pois já são tantos crimes desse tipo, que trocar de parceiro está virando um risco de vida. Portanto, se seu companheiro ou companheira, em atos de ciúme ou traição, se comportou razoavelmente, e o desfecho foi na mesma moeda, não se aventure por aí, fique em casa, tome chá de camomila, reflita sobre o que significa o amor hoje em dia, e se assuste como eu, que nem dormir consegui, pensando no amor, nas vezes em que fiquei num bar ao som de Nana Caymmi, sarando minha dor de cotovelo, e ainda aborrecendo os amigos com minhas histórias de desamor.

Mas como já faz muito tempo que casado estou, nem sei mais o que é isso, passo longe de bar, longe de clube de tiro, durmo cedo e não provoco; afinal, o amor hoje em dia anda de mãos dadas com a violência, uma saga da nossa sociedade atual. Assim sendo, se num dia não der nada certo para você, saia de mansinho e vá para uma casa noturna, mas não conheça ninguém, viu!... Fique no uísque, bem quietinho ao som de Nana Caymmi e encontre um amigo que te levará bêbado para casa, mas vivo pelo menos, porque hoje em dia é perigoso amar, dirigir alcoolizado e intoxicado de paixão....

.Por: Fernando Rizzolo, Advogado, jornalista, Mestre em Direitos Fundamentais, membro efetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, articulista colaborador da Agência Estado. www.blogdorizzolo.com.br, [email protected]

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