Sou daqui e sou de lá – Autobiografia do exílio

Uma história ao mesmo tempo bela e triste, com momentos de ironia, ansiedade e amargura típicos de quem um dia deixou sua terra natal para trás em busca de uma nova vida.

Magdalena Ramos vivenciou o exílio na pele. Um auto-exílio, é verdade, mas nem por isso menos traumático ou menos doloroso, a despeito de algumas passagens inusitadas e cheias de humor. Nascida na Argentina, ela se mudou para o Brasil com a família na década de 1970, deixando para trás um regime repressor e toda a sua história. Uma das mais conceituadas psicólogas de terapia familiar do Brasil, a autora conta detalhes dessa história no livro Sou daqui e sou de lá – Autobiografia do exílio (128 pp., R$ 26,90), publicação da Editora Ágora.

Dos efeitos do exílio na vida familiar, pessoal e profissional, passando pelas dificuldades em se adaptar a um lugar estranho e ao mesmo tempo aprender uma nova língua, novos códigos, novos costumes, Magdalena mostra a dimensão exata do que o exílio representa na privacidade e na alma de indivíduos obrigados a deixar uma vida inteira para trás e começar tudo de novo. Ela fala das descobertas e das alegrias dessa experiência, dos momentos de acolhimento e da beleza da construção de novas referências.

Com uma carreira acadêmica sólida, a autora sempre foi discreta acerca de sua experiência, inclusive por causa de sua profissão. Hoje, benquista e completamente integrada ao país que escolheu e que a acolheu por trinta anos, Magdalena sente-se finalmente à vontade para contar a história desse exílio. Ela nos oferece uma visão carinhosa das diferenças entre suas duas pátrias e faz observações só possíveis para quem é um estrangeiro que se sente tanto “daqui” como “de lá”, mesclando a saudade de seu país de origem e muita ternura por sua segunda terra.

“Sou movida a relacionamentos, sinto-me bem tendo afetos ao meu redor; e o exílio é o contrário disso, é isolamento, é perda”, diz Magdalena. Não escapa à autora o fato de que, por suscitar esse tipo de sentimento, o tema do exílio também pode ser útil para abordar outras situações de desamparo. “Uma pessoa pode se sentir exilada da sociedade onde vive por ser marginalizada, pode se perceber exilada de sua família por ser excluída e não aceita”, diz.

Mas, no seu aspecto mais pessoal, a obra é também uma homenagem e uma celebração. Magdalena é filha de imigrantes espanhóis – estrangeiros, portanto, no país em que ela nasceu. Sem conhecer os avós e sem ter informações sobre outros membros da família, ela se ressentia da ausência de uma história familiar. Para seus netos, brasileiros, ela faz questão de resgatar e registrar a própria história.

“Este livro é um momento de integração da minha pessoa; daquilo que trouxe da minha terra e do que plantei aqui; do passado, que ainda guarda minhas raízes, e do futuro, na figura de meus netos”, conclui.

A autora - Magdalena Ramos nasceu em Buenos Airess, em 1939. Formou-se psicóloga em 1965, na Universidade Nacional de Buenos Aires. Em 1976, sentindo-se ameaçada pela repressão política em seu país, radicou-se no Brasil, juntamente com o marido e duas filhas.

No Brasil, construiu uma sólida carreira na área clínica. Seus trinta anos de ensino na PUC-SP e de atendimento em consultório, como terapeuta de casais e de família, resultaram em uma larga experiência nas relações humanas.

Magdalena possui outros livros publicados: E agora, o que fazer? A difícil arte de criar os filhos (Ágora), Introdução à terapia familiar (Claridade), Casal e família como paciente (Escuta) e Terapia de casal e família: o lugar do terapeuta (Brasiliense).

Editora: Ágora, com 128 páginas, por R$ 26,90 | ISBN: 978-85-7183-032-5 | Atendimento ao consumidor: (11) 3865-9890 | Site: www.editoraagora.com.br