Presidente da Aprobio defende preço do biodiesel

Em evento em São Paulo, ele cita FGV para dizer que impacto ao consumidor é mínimo.

O presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella citou estudo da Fundação Getúlio Vargas em palestra no V Simpósio Internacional de Combustíveis, da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, em São Paulo, segundo o qual o impacto do preço do produto na inflação varia de 0,00021 a 0,00034 pontos percentuais por ano para o consumidor final.

O empresário busca desmistificar a ideia de que o preço do biodiesel é alto para o país. “Nós temos um produto que varia trimestralmente de acordo com a cotação da soja no mercado internacional, enquanto o diesel fóssil, produzido aqui ou importado, há muito não sofre variações por uma decisão estratégica de política de preços”, afirmou ele.

Battistella fez questão de observar que não estava criticando a política aludida. “Muito pelo contrário – arguiu –, a nós cabe respeitar estas decisões, que são soberanas”. Ele destacou que o biodiesel não tem subsídio do governo, como aconteceu, por exemplo, com a indústria do etanol no seu início, na década de 80.

Portanto, “quem paga por um combustível limpo, verde e renovável, que melhora da qualidade do ar que respiramos, é a sociedade brasileira”. Com apenas sete anos de operação, a indústria do biodiesel está começando a se consolidar, “enquanto a do petróleo tem 140 anos”, asseverou o presidente da Aprobio.

Erasmo Battistella lembrou que a produção de biodiesel contribui para reduzir o déficit na balança comercial com a importação de diesel. O mesmo estudo da FGV aponta que de 2005, quando o governo instituiu o Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) a 2010, esta economia de recursos superou os US$ 2,8 bilhões.

Além disso, ele defendeu a inserção do biocombustível na matriz energética brasileira pelos reflexos positivos na saúde humana, nas políticas de saúde pública e na inclusão social de pequenos agricultores, que já são mais de 100 mil famílias beneficiadas com a venda de matéria prima para a indústria.

A medida, que só no ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, transferiu R$ 1,4 bilhão para a agricultura familiar, rendeu elogios da presidente da República, Dilma Roussef. O valor supera todo o orçamento da reforma agrária no ano passado.

“O biodiesel veio para ficar” -O enfoque da palestra de Erasmo alinhou-se com a do superintendente adjunto de Abastecimento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rubens Freitas, para quem “o biodiesel veio para ficar”. Freitas enfatizou que a Agência “sempre trabalhará para que a matriz energética do Brasil seja a mais limpa do mundo”. Segundo ele, “o biodiesel veio para ficar”. Freitas apresentou dados que apontam o biodiesel com 2,4% da matriz energética brasileira.

O representante da União da Indústria da Cana de Açúcar (ÚNICA), Alfred Swarc, mencionou pesquisa do instituto americano Pike Research, que projeta um crescimento de 145% para o mercado de biocombustíveis no mundo até 2021. De acordo com o levantamento, passaremos dos atuais 110 bilhões de litros para 270 bilhões, com predominância de 69% de etanol, que hoje registra uma produção de 88 bilhões de litros e, em dez anos, deverá chegar a 187 bilhões.