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27/06/2012 - 11:26

IAC completa 125 anos e descobre quantidade expressiva de isoflavona no feijão

Na cerimônia de aniversário, a ser realizada em 27 de junho (quarta-feira), às 10h, na Sede do Instituto, em Campinas, será entregue o restauro do Prédio D. Pedro II

A descoberta para avançar no futuro. O restauro para preservar a história. É desta forma que o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, comemora seu 125.º aniversário. Em celebração à data histórica, o IAC apresenta resultado inédito no mundo: a presença da isoflavona no feijão – ácido que pode prevenir doenças coronárias e crônicas, além de ser usada na reposição hormonal pelas mulheres. A comemoração do aniversário de 125 anos do Instituto Agronômico será na quarta-feira [ 27 de junho de 2012]. Às 10h será realizada a entrega do restauro do Prédio D. Pedro II – edifício símbolo do período imperial em Campinas e um dos cartões postais da cidade. Às 11h terá início a cerimônia de aniversário, com a entrega de prêmios a pesquisadores, servidores e ao público externo.

Variedade de feijão IAC Formoso tem 10% da isoflavona encontrada na soja; a descoberta é inédita no mundo -Todos os dias, seja no almoço, seja no jantar, o feijão não falta na mesa dos brasileiros. Que ele é a principal fonte de proteína da população do País, muitos já sabiam. O que não era de fato bem conhecido ser a leguminosa também uma importante fonte de isoflavona, ácido fenólico que pode prevenir doenças coronárias e crônicas, bem como usado na reposição hormonal pelas mulheres. Em artigos internacionais, os pesquisadores afirmam que há quantidade inexpressiva de isoflavona no feijão, porém, em estudos desenvolvidos pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, foi comprovado que na variedade de feijão IAC Formoso, há 10% da isoflavona encontrada na soja. O material do IAC tem ainda 20% a mais de proteína quando comparado com as outras variedades de feijão. A descoberta é o primeiro passo e pode resultar em maior valor agregado ao feijão, além de servir de base para outros estudos de enriquecimento dos alimentos.

O principal alimento fonte de isoflavona é a soja. A leguminosa, porém, não é tão consumida pelos brasileiros como o feijão. Nos estudos do IAC, ficou constatado que a quantidade de isoflavona encontrada no feijão pode variar de 1% a 10% da quantidade disponível na soja. “A quantidade encontrada na cultivar de feijoeiro Pérola, que é padrão no mercado, foi de 0,8 mg/grama de isoflavona, enquanto no IAC Formoso, foi de 8,92 mg/grama. Este teor é alto, pois o brasileiro come feijão e não soja”, afirma Alisson Fernando Chiorato, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.

De acordo com Chiorato, a explicação da presença da isoflavona no feijão pode estar na resistência ao caruncho e também ao fungo de solo, chamado Fusarium oxysporum. “Ainda precisamos estudar mais esses resultados, mas observamos quantidade elevada de isoflavona no feijão preto e em fontes relatadas como resistentes ao caruncho e ao fungo do solo. Possivelmente, quando trabalhamos nossas variedades para resistência a doenças, podemos aumentar a quantidade de isoflavona indiretamente”, afirma.

Os estudos para a descoberta da isoflavona no feijão levaram cerca de um ano e tiveram parceria da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa começou após o lançamento da variedade IAC Formoso, em 2011, a partir de uma suspeita para saber se realmente os feijões não possuíam isoflavona. O lançamento da variedade IAC Formoso, porém, levou sete anos de pesquisa. “O feijão é consumido e plantado em todo o mundo há muito tempo. Atribuímos a demora na descoberta desse ácido fenólico, devido ao desinteresse da pesquisa. Com a maior procura por alimentos ricos em proteínas e outros elementos benéficos à saúde, passamos a estudar também este elemento”, explica Chiorato. Segundo o pesquisador, este é o primeiro passo dos estudos na área. “Esta descoberta pode desencadear outras no que diz respeito a alimentos com maior teor de isoflavonas. Com certeza outras áreas do conhecimento também se interessarão pelo assunto”, afirma o pesquisador.

Além da soja e do feijão, a isoflavona pode ser encontrada também no repolho, espinafre, lúpulo e outros grãos. O ácido pode trazer benefícios para a saúde como a prevenção de doenças crônicas, além de exibir atividade antioxidante, antimutagênica e anticarcinogênica. Segundo Chiorato, não há dado preciso quanto à quantidade de isoflavona que deve ser consumida diariamente. A estimativa é que seja consumido de 23 a 100 mg/kg de flavonoides na dieta tradicional. “Embora fatores de estilo de vida e socioeconômicos desempenhem papel fundamental no desenvolvimento de certas doenças, existe forte evidência de que as práticas alimentares exerçam influência significativa sobre a ocorrência e progressão de doenças nas populações. Vejam como exemplo as taxas de câncer de mama e próstata em países asiáticos são significativamente mais baixas do que nos ocidentais. Desta forma, o consumo de uma dieta que contenha isoflavona vem sendo associada a um grande número de efeitos benéficos à saúde”, explica Chiorato.

Feijão IAC Formoso -A variedade de feijão IAC Formoso contém maior quantidade de isoflavona e foi lançada pelo Instituto Agronômico em 2011. O material tem ainda alto valor proteico – 22,86%, enquanto outros materiais têm 20%. O IAC Formoso é também resistente a três das doenças mais comuns que atacam o feijoeiro – antracnose, mancha-angular e fusarium solani. Com essas características, o produtor consegue reduzir em até 30% a aplicação de defensivos agrícolas, diminuindo, na mesma proporção, os custos de produção. Tem ainda potencial produtivo de 4.025 kg/ha, dependendo das práticas de manejo, como adubação de solo, irrigação e controle efetivo de pragas e doenças.

Atrativo para os produtores por conta do menor custo de produção e produtividade, o IAC Formoso também tem destaques que agradam o consumidor final. Além do alto teor de proteína e isoflavona, seus grãos cozinham em cerca de 20 minutos na panela de pressão. “Geralmente os feijões cozinham entre 25 e 30 minutos. A variedade IAC cozinha em menor tempo por conta da alta qualidade tecnológica nela empregada”, diz Chiorato.

Segundo o pesquisador do IAC, com a descoberta da isoflavona, é possível que o feijão passe a ter maior valor agregado. O IAC Formoso custa ao consumidor o mesmo valor do que os outros feijões, cerca de R$ 5 reais o quilo.

O feijão ocupa 85% das áreas semeadas por leguminosas no mundo, perdendo em importância mundial apenas para a soja e o amendoim. A leguminosa é ainda considerada um alimento social, pois pode ser cultivada desde o pequeno até o grande produtor rural e ainda por ser a principal fonte de proteína do brasileiro. No total, são consumidos 16 kg de feijão por habitante/ano no Brasil.

Entrega do restauro -A entrega do restauro do prédio D. Pedro II do IAC, em 27 de junho, às 10 h, na Sede do IAC, em Campinas, marcará o início da cerimônia de aniversário do Instituto. Projetado por Henrique Florence, em estilo art nouveau, o edifício foi construído em 1888 e passou por reformas e ampliações antes de ser tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT). Mesmo com as modificações – que estão diretamente ligadas à evolução do IAC – o prédio mantém a fachada original há 100 anos.

O anúncio de restauração do prédio foi feito pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, em 11 de novembro de 2011. A obra foi iniciada em dezembro do mesmo ano e realizada pela empresa La Forma – contratada por Pregão Eletrônico realizado em 30 de novembro de 2011. O investimento foi da ordem de R$ 756.500,00 e o recurso, disponibilizado exclusivamente pelo Tesouro do Estado de São Paulo.

O Prédio D. Pedro II é considerado um dos cartões postais de Campinas e símbolo do período imperial na cidade. O edifício foi o primeiro local a abrigar a Sede do IAC. A escolha de sua localização foi estratégica: um terreno plano, próximo de um gasômetro, o que possibilitava a obtenção de gás de forma mais fácil. Campinas, na época, não possuía água e esgoto encanados. “O IAC nasceu no prédio D. Pedro II. Essa edificação é a pedra fundamental do Instituto. Em um País sem memória, como o Brasil, nós podemos nos orgulhar de preservarmos nosso passado. Porém, nunca deixamos de olhar para frente e gerar soluções para a agricultura paulista e brasileira. O IAC sempre teve característica vanguardista”, afirma o diretor-geral do IAC, Hamilton Humberto Ramos. O diretor-geral relembra que o Estado de São Paulo passou por grandes transformações devido à cafeicultura, da qual o IAC foi pioneiro em pesquisa, mas quando houve a quebra da bolsa de valores em 1929, o Instituto já pesquisava o algodão, o que serviu para dar suporte aos agricultores afetados pela crise.

125 anos -O IAC completa 125 anos em 27 de junho de 2012. Durante todos esses anos, o Instituto desenvolveu mais de 900 variedades de 66 espécies de plantas, de elevada qualidade nutricional, alta produtividade, resistência fitossanitária e menor exigência hídrica.

O Instituto dedica-se ao melhoramento genético convencional de plantas agrícolas e aos pacotes tecnológicos que envolvem essas espécies, desde o plantio à colheita, incluindo estudos de solo, clima, pragas e doenças e segurança e eficiência na aplicação de agrotóxicos. São soluções tecnológicas que atendem desde o pequeno até o grande produtor rural.

.[ 125.º Aniversário do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, dia 27 de junho de 2012 (quarta-feira), às 10h – Entrega do restauro do prédio D. Pedro II | 11h – Cerimônia de aniversário , na Sede do IAC, Av. Barão de Itapura, 1.481, Campinas – SP].

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