BNDES apoia com R$ 28,9 milhões empresa inovadora de fármacos

Recepta Biopharma atua em biotecnologia aplicada à produção de medicamentos contra o câncer .

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou operação de apoio financeiro para a Recepta Biopharma S.A. no valor de R$ 28,9 milhões. A empresa atua em biotecnologia aplicada à produção de fármacos para o tratamento do câncer, um setor de alta tecnologia e com potencial de gerar benefícios para o conjunto da sociedade. A BNDESPAR, braço de participações acionárias do BNDES, vai subscrever ações da companhia, detendo parte de seu capital social.

Os recursos comporão o capital da empresa e serão utilizados na implementação de seu plano de negócios, com foco em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento do câncer produzidos por rota biotecnológica.

A Recepta foi fundada em 2006 a partir de uma parceira de investidores e pesquisadores brasileiros com o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, uma conceituada instituição internacional de pesquisa sem fins lucrativos.

Os medicamentos em desenvolvimento pela Recepta são anticorpos monoclonais (“MAbs”), proteínas que têm a capacidade de reconhecer e se ligar a alvos específicos das células tumorais, inviabilizando sua sobrevivência. Devido a essa característica, os “MAbs” diferenciam-se dos tratamentos convencionais com drogas obtidas por síntese química, que agem sobre todas as células do organismo que estejam se multiplicando rapidamente. A atuação direcionada mitiga efeitos colaterais comuns em pacientes oncológicos.

O sucesso no desenvolvimento tecnológico pela empresa lhe permitirá a obtenção de receitas a partir do licenciamento de seus anticorpos para companhias farmacêuticas, que, por sua vez, finalizarão o desenvolvimento dos medicamentos.

O RebMab 100, um dos anticorpos desenvolvidos pela empresa, já obteve resultados promissores em ensaio clínico de Fase II em pacientes com tumor de ovário. Por essa razão, obteve a designação de “orphan drug” pelo FDA, órgão do governo dos EUA que regula o setor de medicamentos. Tal designação é aplicada a medicamentos que evidenciaram potencial de combater doenças para as quais não há alternativas de tratamento.

Além de garantir condições mais favoráveis de proteção de patentes nos EUA, a designação possibilitará maior agilidade no processo de aprovação da droga e viabilizará o acesso a recursos para continuidade do seu desenvolvimento.

A Recepta conta atualmente com 36 colaboradores e seu plano de negócios projeta um quadro funcional de 53 profissionais no médio prazo. A empresa estabeleceu parcerias com universidades e instituições de pesquisa, como o Instituto Butantan, o INCA, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, além de instituições estrangeiras como a Sloan School of Management do M.I.T e a Universidade de Gothenburg, na Suécia.

Méritos – O trabalho da Recepta pode resultar na produção de medicamentos em um patamar tecnológico inédito para o Brasil. Uma das etapas necessárias à produção desses anticorpos para uso em humanos é a realização de ensaios clínicos para terapias contra o câncer, o que foi feito pela primeira vez no País.

Outro destaque da operação é a perspectiva de redução da vulnerabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do desenvolvimento e produção local de medicamentos — que hoje são importados com custo elevado, o que poderá, inclusive, ter impacto positivo na balança comercial do País. O êxito da empresa também deve ampliar o acesso da população brasileira a tratamentos mais eficazes contra alguns tipos de câncer.