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26/07/2012 - 12:27

O protecionismo e o efeito da produtividade na competitividade

Volto a comentar sobre o que considero o maior problema do Brasil e das empresas locais de forma geral: a baixa produtividade e sua contínua queda. Um dos efeitos mais claros da baixa produtividade de um país é a perda constante de competitividade, seja ela no mercado interno ou no externo.

Focarei no segundo caso, aproveitando os dados sobre a competitividade entre países, recentemente publicados pelo IMD (International Institute for Management Development). Neste estudo, realizado anualmente, que avalia as 59 economias mais competitivas do mundo, é mostrado que o Brasil vem declinando desde 2010. Entre 2011 e 2012, o País recuou da 44ª para a 46ª posição, bem distante de Hong Kong que ocupa o 1º lugar, ficando atrás de países como Qatar, China, Índia, México e Peru.

O índice que atribui ao primeiro colocado “100 pontos” (o Brasil alcançou 56,52 pontos) utiliza quatro principais critérios de avaliação: performance econômica, eficiência do governo, eficiência dos negócios e infraestrutura.

Além do problema crônico de infraestrutura, os pontos que mais prejudicaram o País nessa avaliação foram a baixa atividade econômica, o protecionismo crescente e o baixo crescimento das exportações com valor agregado.

Lamentavelmente, alguns segmentos da economia, incapazes de concorrer contra países e empresas bem mais produtivos, preferem se enclausurar com seus problemas e, assim, evitar a exposição internacional de seus clientes e consumidores, privando-os de ter acesso a produtos e serviços mais baratos e melhores. Desta forma, tentam sobreviver com artifícios que não trazem benefícios para ninguém, dentre eles, as barreiras tarifárias, amplamente utilizadas pelo governo brasileiro na ingênua tentativa de preservar empregos no Brasil.

Essa é uma atitude paternalista que, ao invés de ajudar, causa danos mais profundos à economia e às empresas. Barreiras tarifárias não duram para sempre e a médio-longo prazos não são eficientes. Se não entendermos que a concorrência leal é saudável para nossos negócios (obriga-nos a estar constantemente revisitando nossos processos, custos, produtos e capacidade de inovação), fatalmente teremos sérios problemas.

O que hoje pode parecer uma atitude patriótica do governo se transformará em uma enorme frustração para todos (empresa, trabalhadores e governo), dado que as diferenças entre nossas empresas e as concorrentes mais eficientes só tendem a aumentar, inviabilizando esse modelo de qualquer forma.

Temos vários exemplos desse lamentável equívoco no País. A indústria têxtil, de couro, papel, química e eletroeletrônicos, que o digam. Nenhuma ação do governo foi capaz de impedir a entrada de produtos do exterior, por mais altas que fossem colocadas as tarifas. A quebra de empresas, a redução de atividade e o desemprego vieram do mesmo jeito, apenas o sofrimento foi mais longo.

Vemos hoje a fórmula se repetir com a indústria automobilística, que conseguiu convencer o governo a elevar as tarifas de importação, obrigando a população a consumir veículos nacionais, claramente de pior qualidade e maior custo.

Volto a insistir na importância de se estabelecer uma pauta de crescimento virtuoso no Brasil, incentivando a produtividade e a concorrência saudável (para as “não saudáveis” temos instrumentos como processos anti-dumping e o CADE).

Desonerar a economia, melhorar a infraestrutura, elevar continuamente o nível da educação e estimular a competitividade entre as empresas, são focos básicos que o governo deve ter para incentivar o desenvolvimento da produtividade e, com isso, facilitar a ascensão do Brasil no cenário competitivo internacional. Isso por si só trará mais investimentos espontâneos, contrariamente aos que tentamos forçar por meio de decretos, que por fim não são eficientes.

De outro lado, as empresas que buscam desesperadamente por proteção governamental e não procuram analisar o que de melhor se faz no mundo, nos seus respectivos segmentos, de forma a aperfeiçoar seus produtos e serviços, estão simplesmente adiando um final inevitável.

.Por: Vladimir Ranevsky, fundador da T-PYX Assessoria Empresarial, empresa especialista em consultoria, assessoria e implementação de soluções de Gestão, no Brasil e no exterior.

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