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Aposentado precisa de organização e mobilização

Os aposentados são sempre relegados ao segundo plano na hora de discutir seus direitos. Uma prova desse descaso é o debate em torno das mudanças na Previdência Social, que tem se concentrado em torno da opinião de economistas sem que haja participação dos principais interessados nessas alterações. Sem falar no tão desprezado Estatuto do Idoso, que surgiu como uma inovação na legislação e terminou como alvo de várias ações na Justiça – um bom exemplo é a interminável briga das empresas de ônibus para fornecer descontos e passagens gratuitas em viagens interestaduais.

Mas já é hora de essas empresas e dos políticos em geral começarem a abrir os olhos para a questão. Isso porque o número de idosos não pára de crescer, como aponta pesquisa recente realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 1990 e 2000, houve um aumento de 45%, registrando uma média anual de crescimento próxima aos 4% - na média a população brasileira nesse período subiu 1,6% ao ano. Nos próximos 20 anos, estima-se uma população composta por 30 milhões de pessoas acima dos 65 anos, quase o dobro do número atual.

Com a evolução constante da medicina e os avanços tecnológicos, a expectativa de vida será bem maior do que os 71,9 anos atuais. Sendo assim, políticos e empresários terão de se preparar para cuidar desse contingente. Até por isso, causa preocupação ouvir o presidente da Lula dizer que não vai mexer na Previdência Social. O problema não poderá ser adiado por muito tempo. Se Lula não quer fazer a reforma, paciência. Mais cedo ou mais tarde, a bomba vai explodir no colo de alguém. E o impacto poderá ser ainda mais destrutivo do que se imagina.

Uma coisa, porém, é certa. O governo não pode baixar medidas que prejudiquem os mais velhos, sobretudo porque hoje eles passaram a assumir um papel de destaque na manutenção de suas famílias. Os dados do IBGE indicam que houve um aumento de 47,5% no número de idosos que são responsáveis pelo sustento de filhos e netos. A pesquisa também traz um dado importante de nossa sociedade. Entre 1990 e 2000, cresceu em 74,5% o número de mulheres sem cônjuge, que agora aparecem como as principais responsáveis pela economia na família.

Diante desses números, é bom que as autoridades, o empresariado, os trabalhadores e as entidades de aposentados comecem a abrir os olhos para os problemas que afetam esses milhões de brasileiros. Os aposentados estão começando a se organizar silenciosamente e em breve decidirão o destino de eleições e terão voz ativa para decidir o que querem de suas vidas. Tenho certeza que essa mudança é um caminho sem volta, que vem sendo percorrido lentamente. Quando essas pessoas se mobilizarem, muita coisa vai mudar em nossa sociedade.

. Milton Dallari é consultor empresarial, engenheiro, advogado e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp. O e-mail para contato é o [email protected] .

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