Boletim Conexão Londres-Brasil: assentos vazios, apesar da over organization

Os primeiros dias de competições nas Olimpíadas de Londres foram de intenso entusiasmo para os britânicos, com centenas de atletas se apresentando em mais de vinte sedes distintas. Em todas elas, porém, observaram-se filas enormes de pessoas em busca de ingressos, ao mesmo tempo que, no lado de dentro, uma quantidade igualmente grande de assentos estavam vazios. Isso em todas as competições, das mais importantes às baterias de classificação.

Resultado: Sebastian Coe, CEO do Comitê Organizador das Olimpíadas de Londres, aparece todos os dias na TV inglesa desculpando-se pelos assentos vazios, acusando patrocinadores e prometendo o fim do problema.

Esse ponto é um ponto contraditório à outra questão delicada que se observa nesses Jogos Olímpicos: "over organization", ou algo como "super-organização". Há uma tentativa por organizar tudo, a qualquer custo, delinear normas, definir regras, ter tudo em tabelas e planilhas e, no final, tem que se enfrentar exatamente aquilo que se ignorou no processo: a necessidade de flexibilização em alguns momentos e uma eventual reação a esta "super-organização", como tem ocorrido com os comerciantes locais.

As autoridades criaram uma sensação de "pânico" contínuo em relação a uma eventual presença maciça de pessoas nos trens do metrô britânico e no centro da cidade. E a consequência: ao que parece, cerca de 1,8 milhões de pessoas vieram a Londres enquanto outras 3 milhões saíram de férias, provavelmente para fugir do acúmulo de gente.

Camden, Canary Wharf, Chelsea, Earls Court, e outras regiões, normalmente saturadas de passantes, estão praticamente vazias à noite nestes últimos dias. Até os teatros famosos do East End, lotados 12 meses ao ano, têm ingressos disponíveis!

. Por: Ricardo Setyon, Trevisan Escola de Negócios e Trevisan Gestão do Esporte