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10/08/2012 - 09:05

Cidades do Futuro: Inovação e especialização inteligente

Um mapa para o desenvolvimento da excelência na gestão das cidades.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD, na sigla em inglês) estima que até 2050, 70% da população mundial viverá em áreas urbanas. Em paralelo, a UNESCO projeta que nos próximos três anos chegaremos a 26 megacidades (centros urbanos com mais de 10 milhões de habitantes*), que acolherão 10% da população mundial. As perspectivas, as estratégias e a governança das cidades estão ganhando destaque na agenda dos Governos, já que cada vez mais centros urbanos ao redor do mundo são vistos como motores de crescimento.

Aproveitar o potencial e gerir seu crescimento de maneira eficiente e sustentável ou ser surpreendida pelas consequências de uma crescente onda de urbanização é o que irá diferenciar o futuro de cada cidade. A trajetória de cada uma vai depender da capacidade de enfrentar as questões sociais, ambientais e econômicas de forma proativa, tirando o máximo proveito das oportunidades. Isto é o que chamamos de ‘novo capitalismo’ – gestão e desenvolvimento holístico visando criar uma economia local sustentável.

O conceito de desenvolvimento holístico deve estar atrelado a um plano de posicionamento estratégico que contemple o desenvolvimento de capital intelectual e de “inteligência urbana”, por meio do profundo conhecimento dos principais setores de atuação e da criação de clusters. A tendência das cidades é direcionar o foco para setores ou atividades que, embora estejam em alta, não aproveitam a vocação da região e/ou não têm relação com o posicionamento desejado nem com as áreas em que há potencial de crescimento.

Um dos caminhos para ser bem-sucedidas na economia do conhecimento é usar o conceito de especialização inteligente na definição do modelo a ser perseguido e dos recursos a serem priorizados. A ideia é identificar os pontos fortes de cada cidade para apromorá-los ainda mais, especializando-se naquilo que oferece de melhor. A especialização inteligente é um dos conceitos fundamentais da “União da Inovação", iniciativa do Conselho Europeu, lançada em outubro de 2010, como parte da estratégia “Europa 2020”, cujo objetivo é melhorar a capacidade do continente de promover o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

O modelo utilizado pela Europa pode ser descrito como uma transformação da agenda econômica, baseada na inovação e alinhada aos ativos regionais. Ele envolve a identificação de vantagens competitivas e a mobilização dos atores regionais, bem como de seus recursos, em torno de uma visão de excelência para o futuro.

Esse método permite que os investimentos sejam direcionados para áreas específicas, com real potencial de desenvolvimento e que combinados com as forças existentes, constituem uma estratégia diferenciada com proposta de valor única para as cidades. A especialização inteligente permite compreender cada região, não com uma abordagem impositiva de lideranças públicas, mas por meio do envolvimento das principais partes interessadas na inovação. Vislumbra-se que empresas e universidades trabalhem em conjunto identificando as áreas mais promissoras de especialização e os obstáculos à inovação. A ideia é ‘conhecer a si mesmo para saber exatamente aonde ir’.

Enquanto a especialização inteligente ainda é um conceito em aplicação na Europa, percebemos que também pode ser implementado em cidades ao redor do mundo, principalmente naquelas que desejam ser bem-sucedidas e se posicionar na vanguarda da inovação. Em períodos turbulentos, com mudanças econômicas e sociais, é essencial que os gestores das cidades saibam onde estão e elaborem um roteiro estratégico para o futuro, a fim de desenvolver uma força sustentável e alavancar a presença na arena global.

A especialização inteligente pode auxiliar as cidades por meio de uma visão estratégica bem definida, clara e ambiciosa, assim como priorização de processos e alocação apropriada dos recursos. O sucesso requer o alinhamentoda visão, da estratégia e da política entre os governos local, regional e central para permitir a coesão e a sinergia em todos os níveis.

Primeiramente, as cidades precisam tomar decisões embasadas. Os gestores das cidades precisam resistir à tentação de elaborar políticas e ações com base no que outras cidades fazem, sem considerar os pontos fortes e as condições locais.

Em seguida, devem focar na busca de posição competitiva. O conhecimento de seus pontos fortes e de como quer posicionar-se nacional e internacionalmente deve nortear o desenvolvimento de infraestrutura de apoio, a mobilização de recursos, tanto financeiros como intelectuais, e a criação de uma política que proporcione um ambiente favorável ao crescimento. As iniciativas devem estar alinhados às necessidades de crescimento competitivo do município, aos negócios em expansão, aos talentos, aos mercados emergentes e indústrias complementares, tudo para canalizar o desenvolvimento para áreas específicas, com potencial competitivo.

Outro ponto a ser considerado é a colaboração entre setores a fim de estabelecer uma base sólida para a indústria, permitindo descobrir oportunidades e tecnologias, dar vazão a novas possibilidades, além de ampliar a visão para novas áreas industriais e de produção. Assim, as cidades não se tornam dependentes das indústrias tradicionais e evitam a armadilha do excesso de diversificação.

A especialização inteligente melhora a identidade das cidades ou regiões. Helsinki, na Finlândia, é um exemplo. O foco em design e inovação, tirando proveito de sua pequena extensão geográfica, flexibilidade às mudanças, ecossistema de inovação , entre outras características, resultou no reconhecimento como Capital Mundial do Design – 2012. O título identifica as cidades que têm projetos eficazes e criativos para o progresso urbano. A postura corajosa de apostar na criatividade do design urbano ao repensar seus espaços garantiu a ela também o título de cidade mais habitável do mundo em 2011, superando grandes centros como Zurique e Copenhague. O exemplo de Helsinki mostra que é possível colocar em prática o modelo de especialização inteligente, gerando resultados além dos benefícios econômicos, como o aumento do bem-estar social a partir da transformação urbana e renovação da estrutura da cidade.

Como vimos, a adoção da abordagem de especialização inteligente permite que as cidades desenvolvam o conhecimento concreto e uma agenda de inovação a partir seus pontos fortes e suas características únicas. Ainda assim, o desafio mais urgente de muitas cidades é transformar essas visões em realidade, em meio a agitação e mudança constante.

Cidades e governos locais precisam ousar para aproveitar o poder de ações colaborativas e inovadoras, que é holístico, abrangente e permite várias perspectivas, ao mesmo tempo em que são continuamente desafiados quanto a compreensão e planejamento das cidades do futuro.

Atualmente são 21 megacidades.

.Por: Jan Sturesson, Hazem Galal

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