Debate sobre o papel da China no comércio exterior brasileiro marca lançamento do ENAEX 2012, em São Paulo

Rio de Janeiro – A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) reuniu no dia 16 de agosto (quinta-feira), em São Paulo, o diretor do China Desk da KPMG Brasil, Daniel Lau, e o professor de Economia e Doing Business in China do Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER), Roberto Dumas, no debate “China: Oportunidades e Desafios”. O evento marcou o lançamento do Encontro Nacional de Comércio Exterior (ENAEX 2012) para empresários paulistas.

A balança comercial de julho registrou o segundo maior saldo mensal do ano, US$ 2,9 bilhões, e mostrou que a China continua sendo o principal destino das exportações brasileiras, que no ano foram US$ 25,1 bilhões, assim como a principal origem das importações, que no acumulado de janeiro a julho somaram US$ 18,9 bilhões.

O relacionamento Brasil-China será o tema de um dos painéis do ENAEX 2012, que a AEB promove em setembro, no Rio, com o objetivo de reunir propostas para um comércio exterior mais sustentável. Segundo o presidente em exercício da AEB, José Augusto de Castro, a China continua sendo o principal parceiro comercial do Brasil, no entanto, a perspectiva é de que, devido ao aumento das cotações da soja no mercado internacional e à queda de preços dos minérios, este ano poderá haver redução no superávit com aquele país.

“Enquanto as exportações brasileiras são reféns da instabilidade dos preços de commodities, é cada vez menor a presença dos manufaturados nas exportações para o mercado chinês. Em 2003, essa participação era de 26%, chegou a 4,6% em 2011 e este ano deve atingir 6%”, afirma José Augusto de Castro.

Segundo o professor de Economia e Doing Business in China do INSPER, Roberto Dumas, como o país tinha uma economia voltada para exportações e investimentos, a crise de 2008 e seus desdobramentos nos EUA e na Zona do Euro corroboraram a fragilidade e o desbalanceamento do crescimento econômico chinês. “Em um cenário mundial de menor demanda, a China passou a procurar novos mercados, como o Brasil, para escoar seus excedentes e garantir o acesso a recursos naturais, enquanto se esforça para tornar sua economia mais consumption oriented. De qualquer maneira, a relação comercial entre o Brasil e a China exige análise aprofundada, que considere o impacto global da China no mundo e os riscos e oportunidades que sua crescente importância oferece para a economia brasileira”, destaca Roberto Dumas.

Para Daniel Lau, diretor do China Desk da KPMG do Brasil, nunca foram tão fortes os acordos comerciais fechados entre a China e o Brasil. “A relação entre os dois é de benefício mútuo e sua importância aumenta à medida que os vínculos comerciais se aprofundam. Basta destacar que a economia chinesa é hoje a segunda maior do mundo, e a China tornou-se nos últimos anos a principal parceira comercial dos brasileiros. Do lado do Brasil, seu protagonismo na América Latina e seu atrativo mercado interno são fatores que não vêm sendo ignorados pelos chineses”, afirma Lau.

ENAEX 2012 -A AEB promove no Rio de Janeiro, nos dias 27 e 28 de setembro, a 31ª edição do Encontro Nacional de Comércio Exterior (ENAEX 2012), que reunirá representantes do setor e autoridades do governo para discutir as principais questões relativas ao comércio exterior brasileiro. As inscrições para o encontro são gratuitas.

Com o objetivo de ser um fórum de discussão para a busca de soluções para os problemas enfrentados por todos os agentes que atuam na cadeia de negócios do comércio internacional, o ENAEX 2012, que acontecerá no Armazém 2 do Píer Mauá, destacará as “Propostas para um comércio exterior sustentável” como tema principal do encontro.

A programação prevê, nos dois dias do evento, a realização de debates conjunturais sobre as perspectivas do comércio internacional, os desafios logísticos, as oportunidades para o Brasil e a competitividade, entre outros.