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12/10/2007 - 11:27

As armadilhas do crédito

Há anos os especialistas vêm falando que risco da oferta de crédito em demasia. Mas um estudo do Banco Central indica que o grande vilão é um elemento nada novo no cenário econômico - o cheque especial. Apesar de ter os juros mais altos do mercado, em média 7,6% ao mês, seu uso tem crescido 20,6% ao ano e só perde para o crédito consignado, que cresceu 39,7%.

Até pouco tempo, o cheque especial era um recurso emergencial, mas a comodidade na contratação tornou quase um complemento de renda. Porém, diferente dos empréstimos pessoais, em que os juros são negociados previamente e variam de acordo com as parcelas, no cheque especial os juros são cobrados posteriormente e podem chegar a 139,5% ao ano. Muitas vezes o cliente nem confere o custo total de ter usado o serviço. Quando é preciso recorrer ao cheque especial, isso é menos importante do que o “cheque não voltar”.

As facilidades das compras parceladas em 10, 15 ou 24 meses vão incentivando o consumo sem a preocupação de que amanhã o destino pode dar um “puxão de tapete”, na forma de uma demissão, doença ou qualquer imprevisto.

A culpa deste comportamento é a falta de educação financeira somada a uma demanda por consumo reprimida por muitos anos. Hoje, o consumo é proporcional a prestação que “cabe no bolso”. O problema é cultural e não vem de hoje, mas a solução existe. São as cooperativas de crédito que funcionam como uma consultoria inteligente e confiável para evitar o caos financeiro.

Exemplos de países como Canadá ou Estados Unidos, onde o índice de associados chega a 40% da população economicamente ativa, provam que difundir a adesão a cooperativas de crédito ajuda a conscientizar a população sobre os altos juros praticados por bancos e financeiras. O associado recebe orientação isenta de interesses comerciais e é incentivado a poupar, visto que seu dinheiro aplicado mês a mês forma um capital que retorna corrigido caso ele desista de ser associado.

Fazer parte de uma cooperativa de crédito é um negócio realmente vantajoso, mas infelizmente ainda pouco explorado pelos brasileiros. Menos de 5% da população é associado a uma cooperativa. Em São Paulo, o crédito cooperativo beneficia 250 mil pessoas.

Agora, com a chegada do final de ano e as ofertas imperdíveis, a população se vê ainda mais tentada a consumir. Chamadas como “compre agora e comece a pagar no ano que vem” são armadilhas que devem ser evitadas. Caso contrário, as perspectivas são de brindar o Ano Novo no vermelho.

. Por: Manoel Messias da Silva é presidente do Sicoob Central Cecresp (Central das Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo) e da Confebras (Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito) e Coordenador do Conselho Especializado de Crédito da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras)

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