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18/09/2012 - 07:03

O Ministério da Magia

No mês de agosto escrevi uma crônica falando sobre a situação calamitosa da Saúde e citei que a então ministra da Cultura, Ana de Hollanda, reclamou para sua colega, a Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a falta de recursos para a sua pasta e apontou o sucateamento da cultura no país. Como resposta, ouviu que a cultura não vive uma situação especial e que os gestores têm que escolher prioridades. Ana de Hollanda ficou em má situação. Não por ter reclamado e falado a verdade, mas porque sua carta caiu na mídia e expôs oficialmente a situação deplorável em que se encontra a cultura no país.

Na mesma época, a senadora Marta Suplicy, descontente por não ter sido a escolhida para disputar a prefeitura de São Paulo, negociava seu apoio ao candidato petista Fernando Haddad. Na última semana veio o esperado: a presidenta Dilma demitiu a ministra Ana Buarque por ter dito a verdade sobre o caos na sua pasta e colocou em seu lugar a descontente senadora. Com isto, resolveu dois problemas: calou a boca de quem reclamava por uma Cultura mais adequada e deu um mimo para a senadora Marta. Quem perdeu foi a Cultura do país, mas esta não é prioritária no atual governo, portanto, não tem a mínima importância.

A partir de agora, a ex-senadora e agora Ministra vai enaltecer o trabalho de Fernando Haddad e dizer que é a melhor opção para a prefeitura de São Paulo. Política é assim mesmo. É uma troca constante de favores, sempre a favor de manter a máquina. Uma máquina corrupta, descarada e, quase sempre, impune. Aliás, por falar em máquina governamental, o Brasil, na época do presidente Juscelino Kubitschek, tinha 13 ministros. Agora, temos 38. Só para comparar, a Alemanha tem 14, os Estados Unidos tem 15 e assim por diante. Atualmente somos, talvez, o país que tem mais ministros do mundo.

Não ficaria surpreso se, com tantos ministérios, num futuro próximo, o Brasil não criasse também o Ministério da Magia, como o existente nas histórias da série Harry Poter. Seria uma autoridade governamental com a missão de manter a sociedade trouxa (nós) ignorando a existência da sociedade bruxa (governo). Nas histórias, esse Ministério é um lugar burocrático e ineficaz, composto por diversos departamentos, como o dos mistérios, dos feitiços, da memória dos trouxas, etc.. Sua função é evitar que “os trouxas” tenham consciência dos trabalhos dos demais ministérios e, desta forma, os bruxos fazem o que bem entendem, sob o olhar cego dos trouxas.

Imagino este Ministério no nosso país onde, seguramente, teríamos também o departamento dos jogos de circo, que organizaria de tempos em tempos uma partida de futebol entre uma seleção dos trouxas e outra de um local bem fraco, digamos da China. A seleção dos trouxas ganharia de goleada, todos ficariam satisfeitos e nem pensariam mais nos bruxos. É mais ou menos assim que funciona na história. Já, na vida real, é bem assim. Vamos nos esquecer da corrupção, educação e tudo que nos incomoda. Vamos comemorar a expressiva vitória de 8 a 0 sobre a China. E viva o novo Ministério!

.Por: Célio Pezza, escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra - Recomeço. [ www.celiopezza.com |Blog: celiopezza.com/wordpress].

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