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20/09/2012 - 07:57

Sobre esgoto e eleições

Com o crescimento da economia brasileira nos últimos anos, mais de 40 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza. O número equivale à população da Argentina, nosso vizinho do Mercosul. No ano passado, o Brasil chegou a ultrapassar o Reino Unido e se consolidou como a sexta maior economia global. Apesar desses avanços inquestionáveis, a desigualdade ainda é um desafio a ser vencido. Levantamento da ONU-Habitat, mostra que o país é apenas a 19ª nação da América Latina em atendimento de saneamento básico. O país é o 14º da América Latina com mais pessoas vivendo em favelas, quase 30% da população mora em comunidades com infraestrutura precária.

No início de seu desafio à frente da pasta do Ministério de Meio Ambiente, a ministra Izabela Teixeira foi enfática em afirmar que uma das prioridades de sua gestão seria saneamento básico, pois no Brasil, com mais de 90% da população vivendo em cidades, era inconcebível estarmos tão “mal na foto”.

Em época de eleição, o tema saneamento básico sempre aparece nas promessas dos candidatos. Entretanto, pouco se faz após a campanha. Existe até um estigma para o saneamento básico, que virou piada nessas épocas. O saneamento é importante, mas não dá voto porque é tudo enterrado e o povo não vê, ao contrário de obras mais vultosas. É preciso mudar essa ótica e entender que não há meios de se levar um problema crônico como a falta de saneamento por mais tempo no Brasil.

A definição do modelo de desenvolvimento urbano das cidades é um tema que sempre deverá ser foco dos candidatos e eleitos. As grandes cidades, de forma geral, estão crescendo de maneira desordenada, com deterioração ambiental e outros problemas sociais. O saneamento deve ser visto como estratégico para as políticas de cooperação intermunicipal, pois práticas como estas ajudam a desenvolver regiões inteiras, o que significa mais investimento, mais emprego, mais qualidade de vida, mais saúde e mais desenvolvimento estruturado.

Sem entrar no detalhe da carência de cada região, temos, de maneira geral no Brasil, muito ainda a se fazer para oferecer um serviço de água e esgoto adequados. Estamos muito longe de termos a concepção de uma política pública que perceba no saneamento básico o caminho para o desenvolvimento sustentável. Ao levar água de boa qualidade, ao encaminhar adequadamente o esgoto tratado, não estamos somente promovendo ações de primeira necessidade para o ser humano. É sabido que saneamento é sinônimo de qualidade de vida, de menos tempo perdido em filas de hospitais e postos médicos, é sinônimo de maior produtividade, pois o trabalhador ou a trabalhadora não deixará de trabalhar para ir ao hospital, ou mesmo cuidar do filho doente em casa.

Saneamento não é só a comparação de que, para cada real investido economizam-se quatro reais com despesas em saúde pública. É muito mais que isso, é promover cidadania, inclusão, desenvolvimento e principalmente elevar o padrão de vida de muitos brasileiros que até já conseguiram comprar sua TV, sua geladeira, seu fogão, mas ainda não dispõem de um bem tão precioso como água tratada e esgoto bem cuidado.

Entidades brasileiras, como Abiclor, Instituto Trata Brasil e Instituto do PVC, sempre reforçaram em seus posicionamentos a importância do saneamento básico para melhoria da qualidade de vida das pessoas. A ministra de Meio Ambiente reforçou o coro dizendo que em sua gestão o saneamento seria uma prioridade.

O Brasil atravessa um momento único em sua história, pois figura entre as grandes economias mundiais, será anfitrião dos principais eventos esportivos - Olimpíadas e Copa do Mundo. O país tem recebido cada vez mais estrangeiros em busca de oportunidades em nosso mercado de trabalho, aparece como grande vitrine para o mundo, mas ainda registra índices de desenvolvimento humano, de saúde pública e saneamento básico péssimos, vergonhosos e até inexplicáveis para quem não acompanha a nossa rotina.

É visível que esta campanha eleitoral para as prefeituras em 2012 tem trazido temas novos. Pautas como inovação, acesso democrático à tecnologia, uso de bicicleta como alternativa ao carro e um pouco de sustentabilidade.

Mas será que a inclusão do saneamento básico na pauta dos políticos vai ser mais uma vez deixada de lado? Será que não haverá espaço para acomodar uma prioridade tão urgente para boa parte dos brasileiros? Sabemos que faltam hospitais, escolas, segurança e transporte público de qualidade. É vergonhoso saber que ainda morrem milhares de brasileiros por doenças transmitidas por veiculação hídrica, típicas de regiões onde não há água potável e esgoto tratado. Uma cidade com boas práticas em saneamento básico é uma cidade que respeita os votos dos eleitores, de hoje e do futuro.

.Por:Marcio Freitas,Jornalista especialista em comunicação empresarial, é diretor da M.Free Comunicação|([email protected]).

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