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29/09/2012 - 06:53

A importância da certificação no setor sucroalcooleiro

Há 10 anos o Brasil produzia 11,5 bilhões de litros de etanol e 19 milhões de toneladas de açúcar de, aproximadamente, 293 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Hoje a produção de cana quase dobrou, porém a demanda pelo consumo superou esse crescimento e vivenciamos o risco de déficit para os próximos 20 ou 25 anos.

Essa perspectiva de falta de matéria-prima e insumos, aliada às metas de redução da emissão de gases poluentes, preocupa e faz com que o setor sucroalcooleiro se debruce em contas. De acordo com o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos – CGEE, se considerados os índices de produtividade atuais, estima-se que, para substituir cerca de 10% do consumo de gasolina no mundo, até 2025, o Brasil, que teria uma frota de 50 milhões de veículos leves, terá de produzir cerca de 205 bilhões de litros de etanol por ano.

Além disso, a produção de açúcar teria de atingir 61,5 milhões de toneladas para atender aos mercados interno e externo, e a cana-de-açúcar ocuparia área de cerca de 40 milhões de hectares.

Na década de 70, com o advento do Pro-Álcool, para suprir a dependência do petróleo, a máquina pública alimentou o setor com incentivos que viabilizaram seu crescimento e consolidação. Na última década foi a vez da “máquina privada”, que substituiu em grande parte o governo, garantindo o crescimento contínuo, tornando o setor sucroalcooleiro um polo fundamental para nossa economia. No entanto, a crise financeira 2007/09, que afetou os mais diversos setores, gerou também instabilidade e incertezas neste mercado. Com a falta de liquidez e de crédito mundial, as linhas de financiamento para as exportações de açúcar e álcool brasileiras desapareceram. Ao mesmo tempo, os empréstimos para capital de giro sofreram elevação substancial da taxa de juros, endividando ainda mais o setor sucroenergético.

Estima-se que seu déficit financeiro gire em torno dos 80 bilhões de reais para os próximos 10 ou 12 anos. Pesquisas, novas tecnologias, renovação dos canaviais e inúmeros projetos novos ou de expansão estão parados por falta de recursos e de licenças ambientais. A única certeza é que sem o investimento maciço público ou privado e sem políticas de sustentabilidade, não será possível atender a demanda mundial, tampouco a brasileira, em que o déficit estimado para 2020 é de 400 milhões de toneladas.

Neste contexto, o Brasil não será o único a sofrer com a falta de investimento. Tal situação já preocupa as principais economias mundiais. Com a quebra de safra do milho utilizado para produção de etanol e principal matéria-prima da alimentação do frango, os EUA abriram os olhos e começaram a facilitar a entrada de etanol brasileiro, o que deve elevar os preços no mercado interno.

Na contramão da realidade, grandes grupos e usinas que se mantiveram no azul buscam implementar programas de desenvolvimento sustentável que atendam toda a cadeia e, principalmente, estejam em acordo coma legislação vigente dos países importadores. Criado em 2005, o Bonsucro (Better Sugar CaneInitiative) é o principal programa e estabelece princípios e critérios socioambientais nas regiões de cultivo de cana-de-açúcar no mundo. São indicadores e padrões para a produção de cana-de-açúcar, baseados em desempenho,aplicáveis em todo o mundo, levando em consideração as condições e circunstâncias locais e um processo acreditável e transparente, focado nos fatores chave de sustentabilidade dos canaviais.

Em 2011, a União Europeia (UE) anunciou que a certificação Bonsucro foi reconhecida pelo bloco como exigência obrigatória para importações de produtos originados do etanol, açúcar e da energia proveniente da cana-de-açúcar. A iniciativa visa à redução de impactos ambientais e sociais nestas produções.

A certificação Bonsucro demonstra não só a conformidade com as regras de sustentabilidade da União Europeia, mas também é uma garantia de critérios de desempenho ambiental e social que ultrapassam os requisitos da UE.

O padrão Bonsucro é a primeira certificação do segmento que garante cumprimento às leis, respeito aos direitos humanos e trabalhistas, aumento da sustentabilidade, gerenciamento ativo da biodiversidade e serviços do ecossistema, além de melhoramento contínuo do processo produtivo da cana.

A Bonsucro, não atende apenas a indústria e seus fornecedores de cana, ela pode ser aplicada também em toda a cadeia de custódia, como usinas, cooperativas, grupos de produtores independentes, terminais e unidades armazenadoras, entre outros.

Durante a auditoria são avaliados os principais indicadores de produção, inclusive o consumo de energia e água, assim como a emissão de gases de efeito estufa. A conformidade regulatória, direitos trabalhistas respeitados, a presença de suprimento local e contínuo de alimentos e outros fatores humanos que afetam o impacto da produção sobre a população local também são aferidos.

O certificado tem validade de três anos, com auditorias anuais. O tempo de auditoria varia de acordo com a área de plantio própria e de fornecedores, número de funcionários, bem como de dados de produção e produtividade. Os valores de certificação dependem explicitamente de uma análise criteriosa destas informações.

Por sua importância, muitas empresas sucroalcooleiras já buscaram a certificação de suas lavouras e processos, porém tantas outras ainda não possuem essa que pode ser considerada ainda um relevante diferencial competitivo. De toda forma, o setor como um todo já se conscientiza de que a adoção de treinamentos e de programas de qualidade contribui para o seu desenvolvimento sustentável, proporcionando benefícios reais no médio e longo prazos.

.Por: Lucas Martins, gerente de contas da área de alimentos e bebidas da TÜV Rheinland do Brasil. |TÜV Rheinland

Com o intuito de oferecer uma das melhores opções do mercado o Grupo TÜV Rheinland, uma das maiores certificadoras do mundo, oferece há 140 anos serviços de qualidade para diversos setores em mais de 60 países. A organização tem sua trajetória marcada pela seriedade, profissionalismo e independência. Há cerca de 30 anos, iniciou seu processo de internacionalização, a partir da Europa. Desde então, a rede não parou de crescer. A marca TÜV Rheinland está presente em milhares de produtos ao redor do mundo, garantindo que são seguros para usuários e consumidores.

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