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01/11/2012 - 08:43

Uma indústria no porta-luvas

O grande volume de vendas de veículos no Brasil em 2012, que contribuiu para consolidar nosso país como o quarto maior mercado mundial, referenda a eficácia de medidas de estímulo quando adotadas na hora certa e de modo correto, como ocorreu com a redução do IPI para os automóveis, agora prorrogada até o final do ano. Para a indústria gráfica brasileira, a notícia também é boa, pois, para cada um dos milhões de automóveis, utilitários, ônibus e caminhões produzidos no ano, foram impressos, além das marcas em painéis, hodômetros e na carroceria, um manual de instrução e um caderno de revisões, devidamente acondicionados nos porta-luvas.

Do mesmo modo, as vendas implicaram a impressão de documentos auxiliares da Nota Fiscal Eletrônica e dos papéis de licenciamento. A despeito desse desempenho do setor automotivo, contudo, o parque impressor brasileiro não conseguiu expandir sua produção ou aumentar suas vendas como fizeram as montadoras de automóveis.

Isso não aconteceu porque a área gráfica, infelizmente, enfrenta acentuada perda de competitividade, como ocorre com numerosos setores da indústria de transformação brasileira. Aos problemas de sempre do “Custo Brasil”, como impostos excessivos, burocracia, dinheiro para investimento ainda caro, transportes e logística onerosos, somam-se o tsunami cambial dos Estados Unidos e Ásia e a concorrência desleal de algumas nações, como a China, que pagam mal seus trabalhadores, nem sempre usam tintas e substratos da melhor qualidade e economizam na tecnologia ambiental.

Gráficas estrangeiras contempladas por todas essas benesses estão imprimindo livros brasileiros, inclusive os comprados pelo governo, com o dinheiro de nossos impostos, para distribuição gratuita nas escolas públicas. Impressores muito distantes de nossa realidade estão participando da indústria brasileira do conhecimento, da informação e da cultura; estão imprimindo embalagens de nossos alimentos!

O produto gráfico, como se observa no âmbito do mercado automobilístico, está muito presente no cotidiano das pessoas, interagindo com elas em todas as fases de sua vida, na escola, no trabalho, nas compras e no lazer, sempre informando, como nos livros, jornais, revistas, manuais de carros e equipamentos eletrônicos e bulas de remédios. O impresso, portanto, é um fator essencial não só no mercado de jornais, livros e revistas, como em todas as cadeias de suprimentos.

Para produzir tudo isso, a indústria gráfica nacional emprega de maneira direta cerca de 220 mil trabalhadores, aproximadamente 75 mil a mais do que os 145 mil contratados pelas montadoras. Nem por isso, e apesar de seu significado nos porta-luvas, nas salas de aula, nos escritórios, na formação e informação de todos os brasileiros, o parque impressor recebeu estímulos fiscais ou desoneradores da folha de pagamentos e outros custos. Em manual algum se explicam alguns critérios decisórios de nossas autoridades...

.Por: Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional) e do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo (Sindigraf-SP).

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