Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

08/11/2012 - 07:38

Preservar a história é preciso

No último dia 21 de outubro, faleceu, aos 108 anos, o mais velho sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, o polonês Antoni Dobrowolski. Vítima e testemunha de um dos maiores crimes contra a humanidade cometidos pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial, Dobrowolski leva consigo uma parte da memória desse terrível capítulo da história contemporânea.

Seis milhões de pessoas, entre judeus, ciganos, homossexuais e testemunhas de Jeová foram brutalmente assassinadas nos campos de extermínio da Europa. Passados 67 anos da libertação das vítimas encarceradas em Auschwitz e em outros campos, há quem negue ou minimize a existência do Holocausto.

A negativa ou esquecimento dos crimes bárbaros ocorridos em tempos de nazismo provoca riscos para uma potencial ascensão de organizações extremistas e xenófobas, que são a origem de regimes totalitários e racistas. A preservação da memória histórica, juntamente com o alerta constante de toda a sociedade contra tais extremismos e o empenho máximo de todos para a construção de uma cultura de paz são imprescindíveis para evitar-se a repetição de atrocidades vividas no passado.

O registro de relatos de luta pela sobrevivência no período de perseguição nazista é, nesse sentido, uma valiosa forma de preservar a memória do Holocausto, fazendo com que a história dos sobreviventes chegue ao maior número possível de pessoas e que seja transmitida de geração em geração. É, também, uma forma de advertência à sociedade, para que a cidadania seja alertada sobre os riscos de surgimento de um novo Hitler, que use a segregação racial, religiosa, nacional ou qualquer outro tipo de negação do Outro.

Para auxiliar nesse importante processo de registro, a B’nai B’rith (Filhos da Aliança, em hebraico), principal entidade judaica dedicada aos Direitos Humanos, em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo (LEER/USP) vêm desenvolvendo um longo trabalho de gravação de depoimentos de sobreviventes do Holocausto que escolheram o Brasil como sua nova pátria.

À gravação desses depoimentos também uniu-se um vasto material sobre o Holocausto, que, a partir de dezembro, estará disponível a educadores e seus alunos, bem como a juristas, formadores de opinião e pela sociedade civil em geral, no Instituto Shoah de Direitos Humanos (ISDH), que terá sede em São Paulo.

Fruto da mesma parceria entre B’nai B’rith e Arqshoah-LEER/USP, o ISDH atuará na conscientização da população sobre os perigos da proliferação de ideais racistas, xenófobos, discriminatórios e intolerantes. Com rico acervo e estratégias multidisciplinares, servirá como fonte de conhecimento e de auxílio no processo de educação e construção de uma cultura de paz.

Por meio dessa construção da cultura de paz, que envolve profundo empenho de pais e educadores num processo que deve começar desde cedo, as crianças aprendem que pessoas diferentes, com crenças e costumes diversos, podem conviver harmoniosamente em um mesmo lugar.

A memória, o alerta e a educação andam juntos na longa caminhada pelo verdadeiro respeito aos Direitos Humanos. A tolerância e a coexistência pacífica são virtudes que se construídas sobre fortes alicerces, certamente abrirão caminho para um mundo melhor.

.Por: Abraham Goldstein, presidente da B’nai B’rith no Brasil.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira