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27/11/2012 - 09:34

Carteira Digital verde e amarela


O termo “Belíndia” (combinação entre a pobreza da Índia e a riqueza da Bélgica) foi difundido pelo economista Edmar Bacha para explicar o Brasil da década de 70, marcado por uma profunda desigualdade social. Hoje essa situação mudou para melhor: a economia brasileira se estabilizou e nunca houve tanta mobilidade social. Mas, quando se trata de mobile payment e o desenvolvimento de uma carteira digital, essa expressão ainda não faz certo sentido?

Explico: hoje no mercado brasileiro temos iniciativas que caminham para a criação de uma carteira digital baseada na tecnologia Near Field Communication (NFC) inspirado em cases de países desenvolvidos. Enquanto isso, em Brasília, se discute a regulamentação do mobile banking através do SMS. Apimentando esta história está ainda o fato da nossa rede de banda larga móvel ser uma das mais caras do mundo.

Neste cenário complexo, a criação de um modelo híbrido parece mais palpável: de um lado teremos os smartphones com modernas aplicações utilizando NFC (claro, se o número de aparelhos crescer massivamente, hoje são apenas 6 modelos disponíveis com a tecnologia), e fechando a outra ponta, as transações via voz e SMS dos consumidores com celulares mais simples ou sem recursos para assinar um pacote de dados. Estes dois lados da “Belíndia”, sem dúvida, formam um mercado repleto de oportunidades.

De qualquer forma, seja qual for o modelo utilizado, um dos grandes desafios para emplacar uma carteira digital tupiniquim é conseguir equilibrar a equação entre segurança e a usabilidade do consumidor. Hoje, os smartphones representam apenas 26% do mercado total de celulares e mais de 80% da população ainda possui aparelhos pré-pagos. Dessa forma, o NFC ainda é uma realidade distante para o Brasil, que vem caminhando para a adoção de plataformas multicanais mais democráticas como, por exemplo, o SMS e a URA (Unidade de Resposta Audível) que realiza transações através do celular com um software de reconhecimento de voz.

Em paralelo, os padrões de segurança vêm evoluindo, mas por ser um mercado relativamente novo, o setor ainda não possui as mesmas normas que outros meios de pagamento que estão no mercado há mais tempo. Uma forma de ampliar a segurança desse tipo de transação viria pela regulamentação do setor, que está atualmente em discussão em Brasília. Uma medida que poderia tornar o mercado mais seguro é impor que todas as empresas do ramo tenham o selo do Programa de Segurança da Informação (Payment Card Industry, PCI). O PCI é um conjunto de regras de segurança da indústria de cartões que foi desenvolvido pelas bandeiras para aprimorar a proteção de dados sensíveis. O programa é aplicado a todas as empresas que armazenam, processam ou transmitem dados do cartão de crédito.

Mas os desafios não param por aí: ter a segurança não é garantia de sucesso, também é importante ser simples em termos de usabilidade para facilitar a adesão dos consumidores. Afinal, tecnologia boa é aquela que passa despercebida no nosso cotidiano. Se esta equação conseguir ser equilibrada - seja o foco do produto na Índia ou na Bélgica -, já é meio caminho andado para que haja uma boa receptividade do mercado.

.Por: Felipe Regis Lessa, Publicitário e jornalista de formação, atuou como planejador estratégico para marcas como Vivo, Claro e J&J. Atualmente é sócio e diretor de marketing da Pagtel, empresa de mobile payment.

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