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11/12/2012 - 07:17

Geotecnia da Escola Politécnica da UFRJ tem projeto educativo de deslizamento em comunidade

O Setor de Geotecnia, do Departamento de Construção Civil (DCC) da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolve, desde agosto de 2010, um projeto em comunidade atingida por deslizamentos de terra. Em parceria com a ONG Oficina do Parque, no Bairro de Maceió, em Niterói, a UFRJ está aplicando os conhecimentos técnicos de seus professores, com o propósito de conscientizar moradores a acerca de deslizamentos e suas causas naturais ou provocadas pela ação do homem, a partir de experiências vivenciadas em outros desastres. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

De acordo com o Professor Marcos Barreto de Mendonça, Engenheiro coordenador do projeto, a metodologia do trabalho em Niterói é pioneira, e envolve os alunos do Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica nos trabalhos de campo de levantamento da percepção de risco junto aos moradores.

- A comunidade participa da elaboração das atividades educacionais, que envolvem teatro, desenho, maquete, fotografia e vídeo, que têm como tema central os deslizamentos na comunidade. Forma-se, assim, um canal de comunicação com a população envolvida, o que nos permite uma melhor compreensão do problema e intensificar e melhorar os resultados das ações preventivas. Nós participamos com a abordagem dos aspectos técnicos e da experiência vivida em outros desastres -, explica o Professor Barreto. O projeto cumpre os preceitos de ser educacional com atividades desenvolvidas em conjunto com a população afetada, e não algo elaborado somente por uma equipe técnica ou órgãos governamentais.

O professor Marcos Barreto ensina que um melhor aproveitamento na realização do projeto, na comunidade em Niterói, se deve ao fato desta já desenvolver atividades artísticas através da ONG. As atividades educativas, tais como uma história em quadrinhos, um vídeo, uma peça de teatro, uma mostra de fotografias e uma maquete de uma parte da comunidade - todos com o tema de deslizamentos -, respaldam a prática do projeto.

Mostra de fotografias sobre deslizamentos realizadas por moradores da comunidade do Maceió.

Para o professor da UFRJ, deveria haver mais atividades educacionais envolvendo comunidades na prevenção dos desastres, bem como um melhor entendimento do poder público quanto aos aspectos sociais envolvidos. “Essa é uma atividade que tem que fazer parte de um conjunto de ações, envolvendo desde obras de engenharia a ações emergenciais de atendimento à população”, frisa Marcos Barreto Mendonça.

A Seguir, entrevista com o professor Marcos Barreto.:. Professor, como vê a situação dos solos do Rio de Janeiro, frente à variação pluviométrica no verão? -Marcos Barreto - O Rio de Janeiro, a exemplo de cidades com relevo montanhoso, apresenta massas de solo com elevada suscetibilidade natural a deslizamentos. Entretanto, ao invés de se evitar a ocupação dessas áreas ou que se ocupe de forma adequada, o que se vê é uma ocupação desordenada por assentamentos precários ou moradias de classes mais elevadas implantadas de forma inadequada ao tipo de solo. Tem se verificado ações, por parte de órgãos públicos, para a realocação de moradores de algumas áreas de risco. Entretanto, ainda é de se esperar a ocorrência de desastres em épocas de elevada pluviometria.

.Há solução para evitar os deslizamentos? Além das conhecidas como não jogar lixo, construção perto de morros, dentre outras? -Marcos Barreto - Não devemos pensar em evitar os deslizamentos, mas sim minimizar o risco associado a eles. Pra isso, temos que minimizar a probabilidade de ocorrência dos deslizamentos e/ou minimizar a quantidade de construções, logradouros e bens públicos que possam ser atingidos. Isso só é possível através de um plano de gestão de risco, contemplando a identificação das áreas suscetíveis a deslizamentos, realocação de moradores de áreas com maior suscetibilidade, plano de emergência para atendimento a população, obras de engenharia preventivas e ações educacionais, essas pelos motivos que já falei. Não podemos pensar em uma dessas ações sem a execução das outras, elas tem que ser planejadas em conjunto, o que exige um órgão específico de gestão em cada município.

.O que definiria como área de risco? -Marcos Barreto - Risco é uma variável qualitativa, resultado do produto entre a probabilidade de ocorrer um evento e as potenciais conseqüências destrutivas. Como exemplo, se eu tenho uma área com elevada probabilidade de ocorrer deslizamentos, mas sem nenhuma casa, construção ou logradouro na possível trajetória do deslizamento, o risco seria nulo. Se tivessem várias moradias no caminho do deslizamento, o risco seria alto ou muito alto. Portanto, uma área deve ser qualificada como de risco baixo, médio, alto ou muito alto, a partir de análise da probabilidade e da conseqüência.

.Qual a sua opinião sobre o posicionamento das autoridades diante das constantes ameaças nas áreas de risco? -Marcos Barreto - Esse não é um tipo de problema que se resolve como aquele em que se constrói uma ponte, porque a antiga se rompeu numa enxurrada. É um tipo de problema que se trata em longo prazo. Temos que saber onde estão as áreas de risco baixo, médio, alto ou muito alto, onde colocar as pessoas que deveriam ser removidas e quais obras de engenharia seriam necessárias, preparar os órgãos públicos para as ações emergenciais e se aproximar de fato da população potencialmente afetada.

O que se vê por aí, salvo algumas exceções, são prefeituras sem o conhecimento necessário sobre o problema ou despreparadas para enfrentá-lo. Existem algumas iniciativas positivas, como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem) e incentivos à elaboração de projetos de obras preventivas de engenharia. Porem, essas ações, se executadas de forma isolada, podem apresentar um resultado bastante limitado na redução dos desastres. Sinto falta de um plano integrado das ações necessárias para a mitigação do problema que envolva disciplinas do âmbito técnico e social. Diversas pesquisas já realizadas por universidades e outras instituições sobre esse tema, devem ser imediatamente aproveitadas de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela gestão de risco. .Por: Monica Coronel/Cequal Comunicação.

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