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14/12/2012 - 08:07

Aspectos positivos e negativos da I Semana do Homem em Florianópolis


A I semana do homem em Florianópolis (que aconteceu de 19 à 24 de novembro) trouxe muitos aspectos positivos e também na mesma proporção aspectos negativos. A platéia pequena em todos os dias do evento, à exceção do sábado, permitiu maior participação do público presente com os profissionais de saúde que participaram como palestrantes. A interação do publico com os profissionais médicos, psicólogo, nutricionista, educador físico e fisioterapeuta, tirando suas dúvidas sobre saúde e cuidados para ter e mantê-la foi mais que positivo.

Saúde é o bem estar mental físico e social. O dia internacional do homem (19 de novembro) foi instituído para observar todos os aspectos que necessitam da atenção de todos na saúde do homem. O Homem não é só próstata e vida sexual e tão pouco os cuidados com sua saúde se restringem a esses dois itens.

Quando se fala em saúde do homem ou dia internacional e nacional (15 de julho) do homem, se fala em comemoração, mas esse termo deve ser substituído por reflexão. O descuido com os aspectos mental, físico e social do homem, tem conseqüências importantes e que estamos presenciando há anos e não percebemos ou fazemos que não percebemos. Quem comete mais atos violentos? Homem ou mulher? Quem faz mais uso de álcool, cigarro e drogas? Homem ou mulher? Os números de acidente de trânsito são maiores com homem no volante ou com mulher? Quem comete mais atos de violência contra mulher, crianças, jovens e idosos? Poderia dar vários exemplos para se pensar e olhar para os homens com mais atenção, não cuidado. Cuidado quem tem que ter é cada homem consigo mesmo.

Como diz o texto original do dia internacional do homem, os aspectos a serem debatidos nesse dia e doravante nas demais semanas do homem que virão, serão as discussões de gênero (homem, mulher e o homem homossexual), discussões dos aspectos das raças, o homem no seu universo de trabalho, família e social, o homem criança e adolescente. São vários aspectos que vão ter influencia na estatística das doenças e da mortalidade.

Saúde não é combater a doença, ou lutar pela ausência da doença. Saúde é combater os fatores causais que vão repercutir no desequilíbrio mental, físico e social. É pela falta de observância destes fatores é que mesmo como médico, eu fiquei chocado com uma estatística que está publicada no site do ministério da saúde. De 1985 a 2005 a incidência de doenças como hipertensão, doenças cerebrovasculares, cânceres, dentre outras não mudaram a sua colocação, e atualmente ainda se mantém nesta ordem. Por quê?

Porque trabalhamos encima da doença (prevalência, grupo de maior incidência, mortalidade) e não das causas que vão levar a doença. Muitos vão afirmar que temos trabalho de prevenção, então eu respondo com números e pergunto por que nada muda? Por que hospitais lotados, UTIs cheias, e estatísticas com doenças que não largam as três primeiras posições?

Trabalhei em todos os setores da saúde e até cargo na secretária de saúde de um município de Santa Catarina já ocupei. Conheço porque trabalhei e vivenciei de perto a saúde no Brasil inteiro. E não colocarei anestesia nesta coluna para amenizar o efeito que a lâmina das minhas palavras vai causar.

Não pense você que saúde é só dever do Estado! É sua e minha também!

Quando você deixa de participar de um evento como foi a semana do homem, você deixou de aprender e de adquirir conhecimento. Deixou de participar de debates com profissionais de mais de uma área, de questionar. Se você se abstém de participar de eventos como a semana do homem você vai ao rumo daqueles que só reclamam mas quando são chamados para participar ficam em casa e como um vidente dizem “já sei tudo que vai ser falado lá!”você acha que sabe, e também que nunca vai acontecer com você. É por isso que o homem vive sete anos e meio a menos que as mulheres e até dois mil e cinqüenta essa diferença vai aumentar para dez anos!

Criticar é ótimo, atirar pedra na janela do vizinho é ótimo, mas deixa alguém quebrar a sua janela! A saúde está ruim? Horrível! Mas você tem sua parcela de culpa! Analise cada um a si mesmo, quantas vezes você se automedicou ou pediu ajuda para quem não é medico, ou profissional da saúde, sobre um sintoma que você estava sentindo? Quando você vai a uma consulta médica, ou com psicólogo, ou com nutricionista você quer ouvir o que você quer ouvir ou o que o profissional tem a dizer? Você vai à busca de uma cura milagrosa ou vai atrás de um tratamento que pode levar dias ou até anos para resolver?

Vamos colocar uma situação hipotética: todos que vão ao posto de saúde amanhã, não encontrarão fila, serão agendados para no máximo trinta dias, se houver um caso que precise ser visto de imediato tem vaga para um ou dois encaixes. Além disso, o exame que foi solicitado será realizado em até vinte dias e a pessoa já sai com o retorno pré-agendado! As UPAs 24 h e os hospitais não tem mais filas, existe vaga para internações inclusive em UTI. Nessa situação hipotética de perfeição você esta lendo e dizendo isso nunca vai existir! É difícil, mas ao mesmo tempo é muito simples para realizar isso, mas não vai mudar em nada os números de incidência das doenças, pode diminuir pouca coisa a mortalidade, mas a morbidade ( taxa de prevalência de doença em um determinado grupo) não vai mudar, porque não depende de governo nenhum, depende sim da consciência individual consigo próprio e de grupo.

Saúde de qualidade não é acesso fácil aos serviços de saúde nos diferentes níveis (primário, secundário e terciário), particular ou “gratuito” (SUS) é uma questão de consciência individual e coletiva. A AIDS, muito se fala sobre ela, campanhas folhetos em postos de saúde, existem ONGs que trabalham com orientações, distribuição gratuita de camisinha, dia 1 de dezembro é o dia de combate a AIDS e mesmo assim 1.684 notificações em adultos em Santa Catariana no ano de 2011, e em homens foram 1.029 do total de notificações. Ah, e tem outra coisa o Brasil foi o pioneiro na distribuição gratuita de retroviral (medicação para AIDS), e quase nunca falta no serviço público e mesmo assim tem pessoas que abandonam o tratamento. Santa Catariana é o segundo estado proporcionalmente em casos de AIDS e Florianópolis, Joinville e Itajaí são os municípios com o maior número de casos, os três somando representam 51,3% dos casos no estado.

No caso da AIDS que acabei de citar, o nosso estado tem o melhor serviço de busca,diagnóstico e acompanhamento de pacientes portadores assintomáticos e sintomáticos do Brasil, por isso é que somos o segundo do pais. É porque a busca a casos novos e o monitoramento é impressionante. Se o sujeito tem tuberculose já faz exame de HIV, se tem alguma doença venérea (sífilis, gonorreia, HPV, e outras) é pedido HIV sei que é assim porque fui médico em Itajaí (1995 a 1997) e trabalhei num órgão da secretaria municipal que se chamava CODIM/COAS, no setor de tuberculose. Ali era um centro de orientação diagnóstica que funcionava programas de hanseníase, DST e AIDS. Mas mesmo assim tem falhas, tem, mas nesse caso a maior é a do usuário que abandona o tratamento.

Todos nós buscamos cura e a terapia mais agradável aos nossos olhos, ouvidos e ego. E sabendo da vulnerabilidade e da resistência que muitas pessoas, somados, pela falha no sistema de saúde, muitos espertos tem se aproveitado disso. Promessa de cura milagrosa, terapias sobrenaturais para tratamento do câncer,AIDS, artrite e outras itens, chá que baixa pressão, diabetes, colesterol, “dispositivos” terapêuticos usando nomes de impacto como cibernética e tantas outras coisas que querem mostrar uma lógica, ilógica para os questionamentos que a pessoa tem sobre seu problema de saúde e ainda querem trazer descrédito a uma ciência milenar como a medicina, que desde os seus primórdios se baseou em estudo do corpo e seus órgãos, no início correndo riscos em nome da ciência médica profanando túmulos em busca de cadáveres para estudar e chegar ao nível que temos hoje de conhecimento médico. O pior é que as pessoas vão atrás desses “profissionais”, que nem diploma da área de saúde tem e quando tem não são responsabilizados por fracassos que na maioria das vezes são desastrosos. Então quando o médico é procurado despejam sobre este profissional toda a responsabilidade de sua irresponsabilidade.

Muitos são as doenças que merecem atenção neste espaço, e muitas são as orientações e esclarecimento que deveremos passar para o conhecimento público, afinal somos promotores de saúde. Agora você tem que fazer a sua parte, quem me conhece sabe que não sou o tipo de profissional que carrega seu paciente no colo, a minha função como médico é ser o meio para diagnosticar e orientar quanto ao tratamento para um determinado mal, além de acompanhar toda a evolução buscando sempre a melhor terapia para o alivio da dor ou a diminuição da repercussão do estado da doença sobre o seu corpo, jamais de cura.

Orientações sem a aplicação das mesmas é inútil.

E o que tudo isso tem haver com a I Semana do Homem em Florianópolis? São os aspectos negativos, não para toda a equipe da organização, mas para você que não foi, porque saúde não é milagre e sim esforço, perseverança, disciplina diária em buscar seguir as orientações médicas de mudanças de hábitos de vida e quando necessário, usar a medicação. Que venha a II Semana do Homem, para discutirmos mais sobre saúde e não sobre doença!

.Por: Dr. Carlos Eduardo Prado Costa|CRMESC 7222 – Médico Clinico Geral da Clínica Ictus Homem e Membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual.

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