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22/12/2012 - 06:49

Empresas que atuam no mercado interno obtiveram o maior rendimento no Ibovespa nos últimos dez anos

Se alguém lhe aconselhasse a investir somente nas empresas voltada para o mercado doméstico, você investiria? Em uma pesquisa elaborada com todas as empresas listada na bolsa valores nos últimos dez anos, foi constado que há uma década investir em ações de empresas que focam o mercado interno pode gerar um bom retorno. Para exemplificar essa tendência, podemos identificar, nesse período de tempo, dentre todas as empresas listadas na bolsa com um mínimo de dez anos de negociação, aquelas que tiveram volume médio mínimo de duzentos mil reais por dia nos últimos 12 meses. Isso faz com que encontremos 57 empresas que se encaixem nesse perfil. Dessas, as 15 empresas que tiveram maior rentabilidade são voltadas ao mercado interno.

Se o investidor tivesse aplicado R$ 1 mil em cada uma dessas ações há dez anos atrás, totalizando R$ 15 mil investido, hoje teria aproximadamente R$ 531 mil. Para comparação, se tivesse investido R$ 15 mil no Ibovespa, (principal índice da BM&F Bovespa), hoje teria aproximadamente R$ 86 mil e na poupança algo em torno de R$ 32 mil. Esses números representam um claro contraste de investimento e rentabilidade. Historicamente, o retorno dos investimentos em renda variável tem um tendência natural de ser maior do que o da renda fixa, já que há um risco maior retorno maior. Porém, analisar uma tendência econômica que ocorre já há algum tempo ajuda a minimizar esses riscos, mas claro que existem outros indicadores a serem analisados.

A crise na zona do Euro, por exemplo, prejudicou empresas exportadoras, dependentes do bom ânimo do mercado externo e das ocilações do dólar. Por outro lado, o governo brasileiro tomou algumas medidas de incentivo ao consumo interno, o que foi importante para manter o aquecimento do mercado doméstico. A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os automóveis e para a chamada linha branca (geladeira, máquina de lavar roupa, entre outros) que foi recentemente prorrogada pelo governo até o final de 2012, o que representa uma renúncia fiscal de 800 milhões de reais que é transferido indiretamente para as famílias.

Além disso, o crescimento das classes C e D contribuíram bastante para o crescimento do mercado doméstico. Essa classe vem sendo uma das principais consumidoras do mercado, o que ajudou muito a indústria brasileira e o comércio varejista em geral. Em 2003, segundo dados do governo, 65,9 milhões de pessoas pertenciam à classe C (que possuem renda mensal entre R$ 1.750 e R$ 7.500). Em 2011, estima-se que 105,4 milhões estejam nessa condição, uma alta de quase 60%. Para 2014, esse número deve ser de 118 milhões.

Quando voltamos à nossa análise das 15 maiores oscilações no Ibovespa dos últimos 10 anos, vamos perceber que as ações que mais renderam são, ainda hoje, as principais opções para o investidor. Ações como Randon, Marcopolo, Siderúrgica Nacional e CCR são alguns exemplos de papéis que continuam apresentando boas perspectivas de investimentos. Só a Randon Participações, empresa de Caxias do Sul que atua no setor de veículos e peças, gerou nos últimos dez anos um retorno de aproximadamente 2.840%. Outros setores de destaque foram energia elétrica e veículos e peças, além de bancos e comércio varejista.

Por conta dessa análise, a carteira de ações recomendadas da corretora de valores Souza Barros adotou a estratégia de focar no mercado interno desde o início do ano, e apresentou até o fim de novembro um rendimento de aproximadamente 50%, enquanto o Ibovespa apresentou uma leve alta de 1,27%. Isso mostra que mesmo quando as principais ações do índice não obtém uma alta expressiva, como vem acontecendo nos últimos meses, investir nas empresas que atuam no mercado interno representa uma oportunidade de investimento. Como podemos observar, as incertezas econômicas e políticas devem continuar pairando sobre a zona do Euro, e sem uma luz no fim do túnel. Acredito que continue sendo uma boa estratégia investir nas empresas que estão focadas no mercado interno, pois ainda temos uma demanda reprimida, além de copa do mundo e olimpíadas nos próximos anos. O Brasil continua sendo um lugar seguro para os investidores e com grandes oportunidades de investimentos.

.Por: Clodoir Vieira, economista chefe da corretora Souza Barros e professor de finanças na pós-graduação no Senac.

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