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25/10/2007 - 17:23

Arte contemporânea e cidadania ganham um espaço nobre no Centro do Rio


Trabalhos de Gabriela Machado e José Spaniol dialogam na abertura do Largo das Artes.

Um novo centro de arte e cultura que, além de um local privilegiado para exposições de arte contemporânea, tem como uma de suas principais propostas ser um pólo gerador de ações de inclusão social e revitalização urbana da cidade, será inaugurado no próximo dia 27 de outubro o Largo das Artes. Instalado no segundo andar de um casarão do século XIX, 500 metros quadrados e pé-direito de até 7 metros, dispõe de um espaço único no Rio de Janeiro para abrigar múltiplas manifestações culturais, obras e instalações de grande porte.

Localizado no Largo de São Francisco, berço da história do Rio de Janeiro e uma das regiões mais representativas na vida e na formação da personalidade carioca, o Largo das Artes nasce com o desejo de ser um dos protagonistas da revitalização social e urbana que está em curso no Centro antigo da cidade. Integrado ao corredor cultural da Lapa, Rua da Carioca e Praça Tiradentes, e circunvizinho do imponente conjunto arquitetônico formado pela Igreja de São Francisco de Paula, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ), Real Gabinete Português de Leitura, Centro Cultural Hélio Oiticica, além dos teatros João Caetano e Carlos Gomes, o Largo das Artes também dialoga com parceiros como a galeria A Gentil Carioca, que acaba de completar quatro anos, e a recém-inaugurada galeria Durex, ambas dedicadas à arte contemporânea.

“Nos inspiramos em experiências bem-sucedidas de revitalização do espaço público por intermédio da arte, com resultados altamente positivos para a cena cultural e para os investidores, como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e o Instituto Moreira Salles, no Rio, no Itaú Cultural, em São Paulo, e no Centro Cultural Santander, em Porto Alegre. A diferença é que, neste caso, a iniciativa é de duas pessoas físicas”, declara a curadora Martha Pagy, idealizadora do projeto, junto com o psicanalista Miguel Sayad. Martha Pagy foi diretora de programação e patrimônio do CCBB do Rio de Janeiro, da inauguração, em 1989, até 2003. Foi uma das responsáveis pela formulação do perfil de atuação da instituição que, na sua gestão, realizou exposições que marcaram história, como a retrospectiva Andy Warhol, Surrealismo, Looking at Photographs, Peter Greenaway, coletivas e individuais de artistas brasileiros, entre muitas outras.

O Largo das Artes vai fundamentar suas atividades em três programas: centro de produção e exibição da arte e de difusão da cultura; plataforma de lançamento de ações educativas que, por meio da arte, possam despertar o pensamento crítico e o sentido de pertencimento, bem como fortalecer valores de cidadania para a reintegração social de jovens em situação de risco; e centro de referência para a recuperação da história do Largo de São Francisco.

“Pretendemos atuar como um pólo dinâmico de geração de idéias e de renovação da linguagem. Vamos contribuir para o desenvolvimento da arte contemporânea, abrir espaços para manifestações artísticas experimentais, trabalhar com os meninos de rua do Largo de São Francisco e com crianças e adolescentes atendidos por ONGs da região. Também vamos atuar como elo entre as instituições e o comércio vizinho na busca da recuperação da área e do apoio do poder público. Tudo ao mesmo tempo e agora”, explica, entusiasmado, Miguel Sayad. Médico psicanalista com 30 anos de clínica, atualmente participa de um trabalho psicanalítico do Comitê da Associação Internacional de Psicanálise na ONU visando a diminuição da intolerância, preconceito, racismo e violência social entre os povos. Sayad tem longa experiência em atendimento de população de baixa renda e de adolescentes, apoiando-se nas artes plásticas como meio intermediário para a integração pessoal e elaboração de conflitos.

Para a inauguração do Largo das Artes está programada a exposição dos artistas Gabriela Machado e Jose Spaniol, em parceria com a HAP Galeria.

Sobre o Largo de São Francisco - O Largo de São Francisco de Paula é um dos mais antigos logradouros do Rio de Janeiro. Chamava-se originalmente Lagoa da Pavuna na altura da Rua da Vala (atual Rua Uruguaina), atrás da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. O Governador e Capitão-Geral da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, (1733-1763), determinou a expansão da malha urbana ordenando o aterro e a urbanizaçao do local da antiga lagoa. O engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim foi encarregado do projeto e construiu a praça em 1742. Inicicialmente batizada de Praça Real da Sé Nova, pois abrigaria a nova Catedral da Sé do Rio de Janeiro, que substituiria a Igreja de São Sebastião do Morro do Castelo. A construção foi iniciada, mas não concluída. Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, os alicerces da catedral foram aproveitados para a construção de um prédio que abrigou a Escola Central, depois Academia Real Militar e Escola Politécnica. Atualmente a construção abriga o IFCS-UFRJ. A praça recebeu o nome de Largo de São Francisco de Paula porque no local foi construída a Irmandade Terceira de São Francisco de Paula. Na época da proclamação da República chegou a ser chamada de Praça Coronel Tamarindo, nome que não foi aceito pela população. O Largo de São Francisco teve seu primeiro calçamento em 1817, para as festas de comemoração da coroação de D. João VI.

Largo das Artes, exposição de 29 de outubro a 8 de dezembro de 2007, de segunda a sexta | 12h às 18h | sábado – 11h às 14h, Rua Luís de Camões, 2 | Largo de São Francisco | Telefone | Fax 55 21 2224-2985 | [email protected]

Trabalhos de Gabriela Machado e José Spaniol dialogam na abertura do Largo das Artes- O Largo das Artes, em parceria com a H.A.P. Galeria, inaugura duas exposições que reúnem obras da pintora Gabriela Machado e do escultor José Spaniol. A abertura de um novo endereço para arte contemporânea na cidade coincidiu com o projeto de Heloisa Amaral Peixoto de levar a galeria para além do seu endereço fixo. Desta forma, desde 2005, produz exposições que ocupam temporariamente diferentes espaços, criando para seus artistas novos circuitos de visitação

“O Largo das Artes é ideal para realizar mostras de porte. Eu já estava procurando um lugar no Centro para reunir as obras de grande escala. As esculturas em madeira de José Spaniol tem quatro metros de altura e as pinturas da Gabriela Machado são telas de 2.10 h X 1.90 cm”, explica a marchande.

Gabriela Machado vai expor uma série de seis pinturas inéditas em óleo s/ tela com grandes formatos. A artistas trabalha, desde 2005, com os componentes, gesto, cor, luz e relação da forma com o espaço.

“A minha pintura vem do fazer, da contemplação das coisas que estão em volta, muito próximas, até mesmo banais. São as informações que o olhar escolhe. O trabalho exige muita disciplina. Chego ao ateliê e tomo contato com o meu espaço como se fosse novo para mim. Começo a preparar a tinta, são três horas de preparação, o fazer da tinta já é uma forma de se envolver com o trabalho, já vou me envolvendo com as cores... me aquecendo. Nas minhas pinturas a cor não é a estrutura, é o ato de pintar, a cor não é pensada previamente, ela tem que aparecer de forma inesperada, muito espontânea”, declara Gabriela.

Segundo a artista, sua busca é pela a essência da pintura, que vem de uma profunda observação para a luz dos lugares e para a organicidade objetos. Na rua, na feira, lugares onde as coisas estão acumuladas, arrumadas de um jeito ou de outro e procura o que não é premeditado, o que é jogado e que acaba caindo no lugar.

Para o crítico Ronaldo Britto, Gabriela “abre intuitivamente seu caminho entre as flores soberbas de Manet até, quem sabe, os sanduíches de Oldenburg, e de passagem absorvendo energia plástica da obra generosa de Jorge Guinle, essas telas, à sua maneira despretensiosa, reintegram a natureza ao metabolismo da pintura contemporânea. (...) São telas lançadas, jamais compostas, a reafirmarem sua mobilidade essencial — se começam, por assim dizer, naturezas-mortas, terminam manchas soltas de pintura, nem abstratas, nem bem figurativas, ainda sem nome”.

José Spaniol vai mostrar O Descanso da Sala, uma série formada por objetos de madeira que se duplicam em direção ao alto, modelos de prata e fotos de sombras projetadas contra o chão.

“Se a imagem é sempre virtual, nestes trabalhos é o que reflexo adquire materialidade. Se normalmente o reflexo depende de uma superfície espelhada, desta vez são os próprios objetos que realizam essa operação. A imagem não está mais no espelho ou na água, agora pelo prolongamento de cada objeto, o reflexo é construído materialmente dando origem a um objeto duplo. Não existe mais separação entre realidade e reflexo, nesses objetos o desdobramento da forma torna tudo realidade ou tudo imagem. Desse modo os assentos das cadeiras, o tampo da mesa, se estendem para o alto. Em contrapartida nas fotografias as sombras sempre devolvem esses mesmos objetos para o chão. Se na duplicação os objetos têm seu próprio volume dilatado ao extremo, as sombras os devolvem ao plano como silhuetas. Os volumes se planificam, o que havia subido volta para o chão”, explica Jose Spaniol. E acrescenta: “os objetos são instáveis como em uma natureza morta os pratos, talheres, pães estão sempre esquecidos no limite de uma mesa. Junto das cadeiras temos sempre a impressão de que estão prestes a cair. Que foram abandonadas aleatoriamente por alguém distraído que a pouco passou por ali. Sua permanência nesse plano elevado parece estar sempre em risco, sua estabilidade sempre provisória”.

O crítico Agnaldo Farias escreveu: “... é como que os objetos, deixados a sós, quando a noite segue em mar alto com os nossos lençóis convertidos em velas enfunadas, pudessem finalmente descansar. Abandonam-se ao sono, essa palavra, ainda no dizer de João Cabral, “feita de sons que parece se prolongar no escuro”, para ir suavemente se espichando para cima, como que se libertando momentaneamente da ação da gravidade. Contudo, no meio do caminho, sem corte nem interrupção de qualquer espécie, como se houvesse um espelho invisível que os sugasse para dentro, os objetos trocam de posição, invertem-se, e continuam apenas que de cabeça para baixo. Os objetos de José Spaniol, em particular aqueles realizados em madeira e com quatro metros de altura, conservam a domesticidade das aparências ao mesmo tempo em que efetuam uma ligação entre o céu e o chão. “

Gabriela Machado e Jose Spaniol, em exposição de 29 de outubro a 8 de dezembro de 2007, de segunda a sexta | 12h às 18h | sábado – 11h às 14h, Rua Luís de Camões, 2 | Largo de São Francisco | Tel. | Fax 55 21 2224-2985 | [email protected]

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